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O Dono do Jacarezinho e a Enfermeira

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Blurb

No coração do Jacarezinho, onde o som dos tiros ecoa mais alto que os sonhos, **Daren** comanda com mãos de ferro. Frio, temido e dono de cada viela, ele reina absoluto sobre um território marcado pela guerra e pelo silêncio dos que temem sua presença. Ninguém ousa desafiá-lo — até que **Eva** aparece.

Estudante de enfermagem e movida pela esperança de mudar o mundo à sua volta, Eva começa a trabalhar em um projeto social no morro. Ingênua? Talvez. Corajosa? Demais para o gosto de Daren. Ele a observa de longe, intrigado com sua leveza, irritado com sua ousadia. Ela, por sua vez, sabe quem ele é — e tudo o que representa — mas não consegue desviar o olhar quando os caminhos deles se cruzam.

O que deveria ser apenas medo vira atração. O que era para ser distância, vira proximidade. E o que jamais deveria acontecer, explode com intensidade.

Mas no mundo de Daren, amor é fraqueza. E no mundo de Eva, ele é tudo o que ela prometeu evitar.

Enquanto o morro arde em conflitos e alianças perigosas são feitas nas sombras, Eva se vê cada vez mais presa ao homem que pode destruir sua vida — ou salvá-la de si mesma.

Entre seringas e armas, nasce uma paixão proibida.

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Capítulo 1 – Onde o Sol Quase Não Entra
Eva O cheiro era diferente. Um misto de suor, fumaça e sobrevivência. Eu desci da van com a mochila apertada contra o peito e os olhos tentando absorver tudo de uma vez. As casas empilhadas umas sobre as outras pareciam estar prestes a desabar, como se até as construções cansassem de lutar. Gritos de crianças se misturavam com o som de música alta vinda de uma laje. O calor era sufocante, mas não era só o clima — era o peso de estar ali. No alto do morro do Jacarezinho, o sol quase não entra, e quando entra… não ilumina tudo. — Você é a enfermeira nova? — perguntou um menino de uns dez anos, com um boné virado para trás e os olhos desconfiados demais pra idade. Assenti, forçando um sorriso. — Sou. Me chamo Eva. Vim pelo projeto social da faculdade. — Cuidado onde pisa, moça. Aqui não é lugar de gente como você — disse, antes de sair correndo. O aviso dele ecoou na minha mente. "Gente como você". E o que eu era? Rica, não. Mas privilegiada, sim. Nunca precisei me abaixar no chão pra desviar de bala. Nunca vi um irmão preso. Nunca tive que decidir entre comer ou estudar. Eu sabia disso. Era por isso que eu estava ali. Mas uma coisa era querer ajudar. Outra era aguentar a realidade de frente. *** A ONG ficava no meio da comunidade, entre uma vendinha e um barraco de madeira onde três mulheres jogavam baralho e observavam tudo com olhos de radar. — Chegou a florzinha da saúde — disse uma delas, rindo. — Essa daí não dura dois dias aqui. Vai correr de volta pro asfalto na primeira sirene. Fingi que não ouvi. Já tinham me avisado que o preconceito não era só de fora pra dentro. Às vezes, quem está afundado demais não acredita que alguém possa querer ajudar sem cobrar nada em troca. — Eva? — chamou Júlia, a coordenadora da ONG, me recebendo com um abraço caloroso. — Que bom que você veio. Vamos rápido, o dia aqui não espera. Ela me apresentou os cômodos: uma sala improvisada para curativos, um espaço para palestras e um armário de medicamentos que estava mais vazio do que cheio. Ainda assim, o lugar tinha vida. Tinha cor, tinha esperança. Mas também tinha sombras. Na primeira hora, atendi um garoto com ferida de faca na barriga. Disse que “caiu numa cerca”. Mentirosa a desculpa. Sincera a dor nos olhos. Tratei como pude, tentando não tremer. Não era o primeiro ferimento feio que eu via, mas era o primeiro sem ficha de hospital, sem protocolo, sem proteção. — Aqui é assim, Eva — Júlia disse, séria. — A lei não sobe o morro. E quando sobe, é só pra matar. O povo se trata onde pode… ou morre. Engoli seco. A adrenalina batia no peito. Mas havia mais. Algo no ar. Um olhar. Quando saí da sala, ele estava parado do outro lado da rua. Alto, moreno, olhar gelado. Encostado numa moto preta, cigarro na boca e uma corrente grossa no pescoço. Os outros em volta olhavam pra ele com respeito… ou medo. Talvez os dois. Nos nossos olhos, um segundo de contato. Ele me analisou dos pés à cabeça como quem mede um perigo. Ou uma curiosidade. Eu me obriguei a seguir andando, sem demonstrar que minhas mãos estavam suando. — Esse aí é o Daren — Júlia sussurrou, vindo atrás de mim. — Dono de tudo isso aqui. Quando ele tá no morro, até o vento muda. Meu coração tropeçou. Então aquele era o homem de quem eu ouvira falar em reuniões escondidas da universidade. O chefão. O traficante. O rei de um império construído com sangue e medo. — Ele não incomoda quem não pisa torto. Só não encara muito, tá? Já era tarde. Eu já tinha encarado. E ele também. Mais tarde naquele dia, enquanto me encarava no espelho rachado do banheiro da ONG, uma onda de dúvida me atingiu. Meus olhos encontraram meu reflexo distorcido, e a pergunta ecoou na minha mente: "O que eu estou fazendo aqui?". Não era uma pergunta retórica, mas um grito silencioso da minha alma confusa. A verdade nua e crua era que eu entrei para a ONG com a sincera esperança de fazer a diferença, de tocar vidas e deixar uma marca positiva no mundo. No entanto, havia também uma outra verdade, mais sombria e egoísta: parte de mim secretamente desejava ser diferente, destacar-me da multidão, ser vista como alguém especial. Eu buscava validação e aceitação tanto quanto desejava ajudar os outros. O problema é que eu não fazia ideia de que, ao mergulhar de cabeça nesse novo mundo de desafios e emoções intensas, eu estaria, sem querer, deixando para trás a pessoa que eu era. Cada dia na ONG me transformava, moldava-me de maneiras que eu não poderia ter previsto. Meus valores, minhas crenças, minha própria identidade, tudo parecia estar em fluxo constante. E então, houve aquele momento. Aquele breve, mas intenso, momento de troca de olhares com Daren. Um simples olhar que, no entanto, desencadeou algo profundo e inquietante dentro de mim. Uma sensação perigosa, como um fogo que começava a arder lentamente. Uma chama que eu ainda não conseguia nomear ou entender completamente, mas que eu sabia, no fundo do meu ser, que mais cedo ou mais tarde, se tornaria um incêndio incontrolável. Um fogo que, inevitavelmente, iria queimar e me consumir por completo.

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