Christopher
Saí mais cedo da empresa e depois de ver vários apartamentos diferentes, eu pude voltar para casa.
Encontrei Christian na cozinha, devorando um sanduíche.
— Onde esteve? — ele perguntou.
— Saí mais cedo pra resolver umas coisas.
— Que coisas? — tomei fôlego antes de dizer.
— Fui olhar uns apartamentos. — ele largou o sanduíche e me encarou.
— Vai se mudar?
— O clima aqui tá péssimo, não me sinto bem.
— Christopher, isso é temporário. Logo elas vão parar de encher a sua paciência. Não precisar se mudar.
— Já tomei essa decisão e não pretendo voltar atrás. Além disso, uma hora todos nós temos que procurar nosso próprio lar. Não somos mais jovens universitários.
— Se isso é o melhor pra você, tem o meu apoio. Mas fique ciente que se dependesse de mim, você não faria isso.
— Eu sei. — sorri. — Tem mais uma coisa...
— O que?
— Eu comentei com a Dulce como esses contratos demoram pra sair e ela propôs que eu morasse com ela até encontrar um apartamento. O que você acha?
— Depende. Você tá desesperado pra ir embora daqui?
— Não sei se desesperado é a palavra certa.
— Essa pode ser uma ótima ideia, ou uma ideia muito r**m. — ele pareceu pensar. — Dividir um teto com alguém faz as coisas serem bem diferentes. Dizem que você só conhece uma pessoa de verdade quando mora com ela.
— É, isso me assusta. — ri pelo nariz.
— Mas pense pelo lado positivo. Quando você não a conhecia, a odiava. Depois que saiu com ela e teve conversas mais íntimas, se apaixonou. Percebe o padrão?
— Que padrão? — franzi a testa.
— Quanto mais perto da Dulce, mais perfeita ela parece pra você.
— Então você acha que vai ser incrível morar com ela?
— É um palpite, mas você só vai saber se tentar. — deu dois tapinhas em meu ombro.
Talvez Christian tivesse razão e passar um tempo mais perto da Dulce pudesse ser uma experiência maravilhosa.
No dia seguinte, assim que coloquei meus pés na empresa, eu fui direto para a sala de Dulce. Estava disposto a dar uma resposta definitiva à ela.
— Será que todo dia você vai ter que vir aqui falar com ela? — reclamou Anahi ao me ver entrar.
— Você vai me anunciar ou eu vou ter que entrar de qualquer jeito? — retruquei no mesmo tom.
— Eu preciso anunciar o namorado da patroa? — ironizou.
— Obrigado por me fazer ter certeza da minha decisão, Anahi. — caminhei até a entrada da sala de Dulce.
— Como assim? — ouvi ela perguntar, mas eu não respondi e entrei, fechando a porta atrás de mim.
— Oi. — Dulce sorriu ao me ver.
— Oi. Então, eu tomei uma decisão sobre passar um tempo morando com você.
— Mesmo? — Se recompôs na cadeira. — E o que me diz?
— Eu vou.
— Ótimo! — comemorou. — Prometo que não vai ser uma experiência horrível. — sorriu.
— Tenho certeza que não. — sorri de volta. — Er... será que eu posso me mudar amanhã?
— Se quiser ir hoje... — deu de ombros. — Depois do expediente, que tal? Sei que quer sair de lá o mais rápido possível.
— Mulher, você é um anjo!
Dei a volta na mesa e a peguei no colo. Ela deu um gritinho que logo foi abafado por um beijo meu.
Enquanto a beijava, fui a soltando até que seus pés voltassem a tocar o chão. Dulce foi me empurrando sutilmente até que eu sentasse em sua cadeira e sentou em meu colo, sem parar de me beijar.
Aquilo estava ficando mais quente e a minha excitação já começava a me consumir.
Apertei suas pernas e a trouxe para mais perto do meu corpo, sentindo cada parte dela sobre mim, me deixando ainda com mais desejos.
Eu já estava começando a abrir os botões de sua blusa, quando o telefone começou a tocar, nos atrapalhando.
— Droga... — ela se virou para a frente, ainda sentada em meu colo e atendeu. — Sim?... O que ele quer?... Está bem, mande-o entrar depois que o Christopher sair daqui. — ela desligou e voltou sua atenção à mim. — Você tem que ir, Cortez quer falar algo importante comigo.
— Tinha que ser esse i****a pra atrapalhar. — revirei os olhos.
— A gente vai ter todo o tempo do mundo pra isso. — ela sorriu e me deu um último beijo.
Assim que abri a porta para sair, dei de cara com Henri, que me olhou daquela maneira sarcástica que sempre fazia, mas logo seu olhar de superioridade foi desfeito quando ele encarou a minha boca.
— Qual é, quer me beijar? — alfinetei.
— Aposto que ele não quer te beijar, mas notou que você andou beijando alguém. — Annie me entregou o espelho que guardava em sua bolsa. Minha boca estava manchada de batom.
— Ah. — usei minha mão para limpar. — Ela beija tão bem que eu nem me dou conta que está usando um batom vermelho. — sorri o encarando.
— Não é possível. — ficou boquiaberto. — Você não estava saindo com a Maitê?
— Ele estava, mas outra pessoa chamou mais a atenção dele, não é, Christopher? — Annie me fuzilou com o olhar.
— É. — respondi com sinceridade.
— Ainda admite? — ela pareceu chocada.
— Annie, me deixa em paz!
— Eu não acredito nisso. — Henri desviou o olhar parecendo frustrado. — Ela não pode ter te dado mole... você não...
— É melhor você entrar, ela detesta ficar esperando. — dei um tapinha em seu ombro e saí de lá.
Assim que cheguei em casa, Christian me ajudou a arrumar minhas malas e as levou comigo até a porta do apartamento. Antes de ir embora, eu lhe dei um forte abraço.
— Obrigado por me apoiar. — falei.
— Você é o meu melhor amigo, sempre vou estar do seu lado. — ele disse.
— Christopher? — ouvi Annie me chamar. Ela estava de pijama e tinha acabado de sair de seu quarto. — Pra que essas malas?
— Não é óbvio? — respondi.
— Vai embora? Mas... você não pode. — agora a Annie que eu conhecia parecia estar de volta, toda sensível.
— Eu tenho que ir, Annie. Ficar aqui está sendo sufocante pra mim.
— É por causa da Maitê?
— Por sua causa também. Desde que decidiu tomar as dores dela, está me tratando como se nunca tivesse sido minha amiga antes. Eu não aguento ver você agindo dessa forma comigo.
— Christopher... — os olhos dela se encheram de lágrimas. — Por favor...
E então ela correu até mim e me abraçou, enterrando seu rosto em meu peito. A abracei de volta e deixei que ela chorasse até se acalmar.
— Não vai... — ela disse ainda me abraçando. — Me perdoa se eu fiz você se sentir m*l, não foi a minha intenção. Eu só não conseguia perdoar você.
— E agora? — segurei o rosto dela.
— Você é o meu irmãozinho... eu deveria ter conversado com você e não partido pra briga.
— Eu te amo, Annie. — sorri e voltei a abraçá-la.
— Também te amo. Isso quer dizer que você não vai mais, não é?
— Eu sinto muito, já tomei essa decisão, mas nada vai mudar entre nós. Pelo menos não mais.
— E pra onde você vai?
— Ih... eu vou comer algo. — Christian se retirou ao perceber que a resposta da pergunta dela era tensa.
— Eu... ainda não achei um apartamento.
— Que? E onde vai morar? Debaixo da ponte?
— riu.
— Não... vou morar com a Dulce... por enquanto.
— Nossa. — arqueou as sobrancelhas. — Então, o lance com ela tá bem sério, não é?
— Acho que sim.
— Tá... se você está feliz, eu também estou.
— Obrigado.
— Tem certeza que vai mesmo fazer isso?
— Tenho.
— Ok. — ela assentiu. — Mas não me deixa de lado. — fez bico.
— Nunca. — dei um beijo em sua testa e me despedi.
Essa seria uma nova etapa e eu faria de tudo para que a minha convivência com Dulce fosse a melhor.
Esperava que aquela decisão não tivesse sido precipitada, levando em consideração que nós dois ainda nem namorávamos.