Capítulo Três

3000 Words
Melissa Lisboa Acordo no dia seguinte meio zonza, e com a cabeça estourando de dor, um hálito de matar e o sono querendo tomar conta dos meus membros pesados e cansados. O despertador avisa que está na hora de sair da cama. Tenho vontade de joga-lo contra uma parede e de pisa-lo logo em seguida. Levanto-me parecendo um pesado saco de batatas, desligo o despertador e me forço a ir para o banheiro, tomar um banho frio para despertar de vez e quando termino, tomo um remédio para dor, acompanhado de um copo de suco de laranja. Geyse não está melhor que eu, bem feito pra ela! Como ela pôde fazer isso comigo? _ Não tem café hoje? _ pergunta fazendo careta. _ Não, só consegui tomar um suco. Meu estômago parece ter formigas dentro dele. _ Eu preciso de um bem forte, se não, não vou conseguir me concentrar na aula. _ Ela liga a cafeteira e eu volto para o meu quarto, faço uma maquiagem leve e faço um coque frouxo em meu cabelo. Pego os livros e minha bolsa e encontro a Gey pronta e como sempre. Encontramos as meninas no caminho para a faculdade, que também estão de ressaca e caminhamos direto para o estúdio. Hoje vamos fazer algumas simulações de foto jornalismo e depois teremos uma maratona de filosofia da comunicação. _ Nossa, como eu queria está deitada em minha cama e dormir o dia inteiro, sem pensar em trabalhos e mais trabalhos! _ Eu falei que essa saidinha no início da semana não daria certo! _ É, mais você bem que se saiu muito bem, loirinha! _ Kathy comenta. _ E aí, como foi? Ele é bom de cama? Ele faz gostoso? _ Isadora indaga. Se elas soubessem! Depois de passar boa parte da noite entre um copo e outro, beijos excitantes e molhados, mãos bobas pra todo lado e de dançar com Mike a noite inteira, ele resolveu me levar para casa, ou para o meu dormitório, tanto faz, Geyse sumiu com o amigo dele. Ele até que foi carinhoso e atencioso comigo, posso até dizer que ele foi romântico, mas na hora do vamos ver, o álcool falou mais alto. Eu corri para o banheiro e vomitei tudo o que ingeri a noite toda. Ele segurou os meus cabelos, e ficou ao meu lado o tempo todo, me ajudou a deitar na cama e então eu simplesmente apaguei, dormi mesmo, e só acordei no dia seguinte. _ Sim, sim e sim, para as três perguntas _ minto. _ Como assim, só isso? Você não vai nos contar os detalhes sórdidos ?_ Gey insistiu. _ Não e tchau pra vocês! Temos que entrar na sala, então nada de falar nesse assunto, por favor! _ Me afasto das garotas, escutando os seus resmungos atrás de mim. A minha frente vejo o bad boy da moto atravessando o campus e indo em direção da diretoria. Ele caminha com passos firmes e rápidos, parece chateado com algo coisa. Suas sobrancelhas grossas e escuras estão unidas, como se estivesse pensativo, ou preocupado, não sei. Meus olhos descem para o seu queixo quadrado, observo a barba por fazer, que dá um charme ao rosto moreno. Ele passa por mim, e eu percebo seus olhos desfocados. Com certeza está com o pensamento distante. _ Meu Deus! _ Escuto a voz de Geyse ao meu lado. _ Vai fazer uma autópsia nele só com os olhos? _ ralhou comdeboche, fazendo as meninas rirem e eu desperto da minha observação, lançando-as um olhar firme. _ Não sei do que você está falando! _ rebato. _ Não sabe, né? Sei! Entramos na sala de fotos e esquecemos do resto lá fora. A concentração é grande no exercicio e nas instruções do professor. Logo estamos na aula de filosofia, que toma o resto do nosso dia. _ Estou varada de fome!_ Isadora resmunga, pegando a sua bolsa, a colocando no ombro. _ Eu também, não consegui comer nada essa manhã. _ Kathy lamenta. _ Só você?_ Gey fala sarcástica. Rimos dos comentários e saímos da sala e vamos direto para a lanchonete. Assim que nos acomodamos em nossa mesa de estimação, elas pedem o de sempre, porém eu continuo no suco de laranja, pois o meu estômago continua embrulhado. Depois do almoço, as meninas combinam de ir ao shopping, já que não temos mais aulas por hoje. _ Não vou poder ir _ aviso, recebendo seus olhares especulativos. _ Porque não? _ Charles quer aproveitar o tempo livre, para iniciarmos os trabalhos. _ Aquele nerd, filho da mãe, bem que podia adiar para outro dia! _ Por uma parte acho melhor. Vocês sabem como eu sou com a pontualidade dos trabalhos. _ Bom, você que sabe, eu só sei que eu vou! _ Gey cantarola. Após pagarmos a conta, me despeço das minhas amigas e eu sigo para a biblioteca, para encontrar-me com Charles, e durante o trajeto encontro Mike vindo em minha direção. Penso mudar meu caminho, antes que ele me perceba, mas é tarde demais. _ Melissa? _ Ele chama o meu nome e apressa os seus passos. _ Ah, oi! _ Digo meio sem jeito. _ Como você está? Eu fiquei preocupado com você ontem a noite. _ Pois é, eu estou bem! Foi só um m*l estar. _ Sinto minhas bochechas queimarem. _ Desculpe, Mike, eu tenho um... _ Aponto para a biblioteca e ele logo ele entende o meu recado. _ Ah, claro! Eu taambém tenho que ir. Vou pegar mais cedo hoje no club, então... _ Sorrio e ele sorri. Então ele se aproxima e me puxa para um beijo no rosto, mais precisamente no cantinho da minha boca. Seu perfume masculino é inebriante, e quando ele se afasta, eu sinto falta do seu calor em minha pele._ Tchau, Melissa! _ Tchau, Mike! _ Ficamos nos olhando por alguns segundos, então eu sigo para a biblioteca, sentindo seu olhar em minhas costas. Mike é um cara lindo. Ele é alto, muito alto, deve ter pelo menos uns 1,80m. Seus cabelos são ruivos, com um corte estilo militar. Seus ombros são largos e através de sua camiseta, pude perceber seu peitoral bem definido. E o jeans escuro deixa pouco para a imaginação da mulherada. ───••❉•❥ꦿ❥ꦿ໋͙••❉•─── Entro na biblioteca espaçosa, encontrando o ambiente silencioso, embora tenha alguns estudantes lá dentro. Observo suas estantes escuras, cheias com toda sorte de livros e as mesas redondas, que dão um ar rústico ao local. Charles já me aguarda com uma pilha enorme de livros sobre a mesa. Respiro fundo, abraçando meus materiais, e caminho para a mesa, que fica bem no centro do grande salão. Ele bem que podia ter escolhido uma perto das janelas. Resmungo internamente. Assim não me sentiria tão presa e ainda poderia olhar lá fora de vez em quando. Ponho meu material em uma cadeira ao lado da minha, já que não há espaço algum em cima da mesa. Trabalhamos com afinco durante todo o resto de tarde. Aprofundamos nossas pesquisas, separamos algumas imagens nos computadores da biblioteca, assistimos a alguns vídeos e escolhemos o tema. Já passam das dezenove horas, quando terminamos tudo e arrumamos os matérias se volta nas estantes, e saímos da biblioteca perto das vinte horas. Charles se oferece para me levar até o meu dormitório, mas recuso sua gentileza, e resolvo ir caminhando. _ Tem certeza, Mel? O caminho até o dormitório é meio esquisito _ diz preocupado. Sorrio. _ Tudo bem, Charles! Tenhoum spray de pimenta na bolsa, nem um engraçadinho vai tentar se aproximar de mim. _ Tudo bem, se você está dizendo! _ Ele entra no seu carro e eu sigo por dentro do campus, para cortar caminho. O silêncio do lugar e a penumbra é de dar medo e eu começo a me arrepender de ter dito um não para o Charles. Em questão de minutos, eu atravesso metade do campus, o local agora tem as luzes de alguns postes acesas, e de longe vejo um rapaz caminhar apressado em minha direção. Ele parece nervoso, agitado e o tempo todo olha para trás. Mexo rápido em minha bolsa, em busca do meu spray, e nervosa, olho para os lados, a procura de alguém ou de um lugar para me esconder. Tudo acontece rápido demais, em segundos o homem me alcança e me puxa para um canto menos iluminado, me aperta contra uma parede, e toma a minha boca em um assalto. Sua respiração acelerada e arfante aquece a pele do meu rosto, sua língua atrevida pede passagem e eu, eu deixo, e é tão... tão bom! Suas mãos grandes pegam firme em minha cintura e automaticamente vão para os seus cabelos, ele me puxa mais pra si, sua língua envolve a minha em uma dança sensual, e então ele... ele para o beijo de repente, e olha em meus olhos. É ele, é o bad boy da faculdade! Constato com o coração acelerado. _ Obrigado gata! _ diz ofegante e sai correndo na direção contraria que estava vindo. E eu? Bom, eu fico aqui parada, abobada, sem reação alguma. O que foi isso? Me perguntei febril. Toco a minha boca, ainda sentindo os meus lábios formigar com o beijo. Seu cheiro ficou empreguinado em minha pele, em minha roupa e o toque firme de suas mãos. Suspiro e começo a andar no automático. Entro no meu prédio minutos depois e sigo para o meu dormitório, abro a porta e encontro apenas a luz do abajur da sala está aceso. Deixo meus materiais em cima do sofá e vou para a cozinha, pego uma garrafinha dágua, bebo o conteúdo em pequenos goles e vou para o meu quarto. Tiro a minha roupa, tomo uma banho rápido, coloco um pijama de flanela e deito-me em minha cama. A noite os meus sonhos são invadidos por um certo bad boy, por seus beijos e suas mãos... _ Sonhando acordada?_ Geyseergunta entrando na sala, me fazendo sobressaltar com sua pergunta repentina. _ Porque está acordada a essa hora? _ Ela inquire, pois ainda são seis da manhã. _ Perdi o sono. _ Sei, não vi você chegar ontem a noite. _ Quando cheguei, você já estava dormindo. _ O que é isso?_ pergunta, olhando a pequena mesa da cozinha, com um farto café da manhã. _ Desde que horas está acordada? _ Desde as cinco. _ Porque, o que aconteceu? _ Não aconteceu nada, Gey! Eu perdi o meu sono, só isso, já disse. _ Foi o Charles? O que aquele nerd dos infernos fez com você? _ O quê, não! Não houve nada tá bom. Vou tomar um banho, daqui a pouco temos aula e eu não quero me atrasar como ontem. Licença! _ Deixo Geyse aturdida na cozinha e vou o para o meu quarto, e começo a me preparar mais um dia de aula. ───••❉•❥ꦿ❥ꦿ໋͙••❉•─── Na hora do almoço resolvemos inovar e fazer um piquenique na grama. Kathy trouxe alguns sanduíches naturais, Gey e eu nos encarregamos dos sucos e Isadora das frutas. Escolhemos um local debaixo de uma árvore frondosa, onde a visão nos permitia ver tudo e todos. Então lá estava ele; o invasor dos meus sonhos, usando óculos de sol, os cabelos bagunçados e sua habitual jaqueta n***a. Ele riu de algo que um amigo contou e... meu Deus, que sorriso é esse?! Mordo o lábio inferior, lembrando sua boca na minha e do seu sabor na minha língua. Nunca pensei que um simples beijo fosse mexer tanto comigo! Quer dizer, eu já beijei outros caras, Mike foi um dos mais recentes, mas nada igual aquele beijo. _ O que está olhando?_ Geyse me tira dos meus mais deliciosos devaneios. _ Lindo não é? _ Olho para ela especulativa. _ O quê?! _ Ela faz sinal com a cabeça, apontando para o bad boy a nossa frente. _ Ryan Vila Lobos, ele é lindo, uma perdição na verdade! _ diz, eu assinto. _ Mas não serve pra você. _ fala com a voz firme. _ Porque não?! _ questiono. _ Ryan é um filhinho de papai, Mel. Ele leva a vida em se drogar, farrar, t*****r e fazer badernas. Não quer nada com a vida. E te devoraria inteira, como um leão faminto em minutos. Vai por mim, amiga, fica longe dele! _ Suspiro cansada. _ Então, vamos?_ Mudo de assunto e ajudo as meninas a guardar as coisas na cesta. A noite estou no meu quarto, concentrada em meu livro, quando o meu celular começa a toca em cima da cama. Pego o aparelho e o atendo com um enorme sorriso. _ Mãe? _ Filha?_ Ela quase grita do outro lado. _ Ou meu Deus, querida, estou morrendo de saudades suas!! _ Também estou, mamãe! E como está o papai? _ Ele está na outra linha, querida. _ Oi, filha! _ A voz grossa do meu pai reverbera do outro lado. _ Oi, pai! _ Como estão as coisas por aí, querida? _ Mamãe procura saber. _ Muito puxada mãe! Nossa, nunca pensei que seria tão corrido estudar em uma faculdade! _ Mas você consegue, filha! _ Meu pai sibila. _ E como estão as coisas por aí? _ pergunto. _ Temos uma novidade. _ Mamãe começa a falar. _ Ah, é? _ Sim, e espero que você goste, porque a sua mãe está amando a ideia. _ Do que estamos falando? _ Eles fazem silêncio por alguns segundos. _ E então? _ Insisto. _ Adotamos uma menina! _ Mamãe fala com empolgação. _ O quê!? _ Sua mãe estava se sentindo sozinha desde que você foi para os Inglaterra. Eu trabalho o dia inteiro como você sabe, então... _ Precisava de companhia, filha e você sabe que eu sempre quis mais um filho. _ Seu tom de voz parece preocupado. _ Sim, eu sei, Mas eu não esperava... como ela é? Ela é bonita? _ Escuto seus risos ao telefone. _ Ela é linda, filha, moreninha como o seu pai. _ Mamãe fala empolgada. _ Mas os cabelos são lisos como os seus e de sua mãe. _ Papai completa. _ Falamos de você pra ela, filha, e ela está louca pra te conhecer! _ Sorrio. _ Quantos anos ela tem? _ Cinco. _ E o assunto se estica por longas horas. Malu, isso mesmo, falamos o tempo todo sobre Malu aquilo, até que chega a hora da despedida. A ligação fora encerrada, eu volto a largar o celular em cima da cama. Corro para o banheiro, para fazer minha higiene, e ir dormir o sono dos justos log em seguida. ───••❉•❥ꦿ❥ꦿ໋͙••❉•─── O dia amanhece frio e chuvoso. É terrível ter que sair da cama com um clima assim, mas não gosto de faltar as aulas, e de ter que acumular as matérias. Me forço a sair da cama e tomo um banho quente. O inverno aqui em Cambidge é de congelar os ossos. Então escolho vestir uma calça jeans desbotada, uma camiseta preta, uma blusa que caxemira, de mangas longas e gola alta por cima e ponho botas de canos que vão até o meio das minhas pernas, por fim, visto uma jaqueta azul clara. Faço uma maquiagem básica, e estou pronta! _ Bom dia, bela adormecida! _ Encontro Geyse na sala arrumada e pronta pra sair. _ Bom dia! Deu formigas na sua cama hoje? _ Mais ou menos. Esta pronta? _ Ela muda o assunto. _ Vamos, ainda tenho que passar na biblioteca, para uma reunião do grupo de reforço acadêmico. Acho que não vamos almoçar juntas hoje. _ Você acha pouco os trabalhos exorbitantes desse curso, e ainda acha de se ocupar com mais esse? _ Se você fosse uma pessoa mais amorosa, ajudaria também. Tem muita gente com muita dificuldade precisando da sua inteligência. _ Nem pensar! Já passo tempo demais entre quatro paredes, rodeada de estudantes _ ralha, quando saímos do prédio. As horas passam se arrastando e as aulas parecem mais cansativas hoje. Já é quase meio dia quando o professor Dilan encerra sua aula de história da imprensa. As meninas vão para lanchonete e eu sigo para o outro lado do campus, comendo o meu sanduíche natural. Chego dez minutos adiantada, mas já há pelo menos dez alunos na sala, e três monitores. _ Melissa, você veio! _ Abraço Lisa e a cumprimento. A reunião começa quinze minutos depois e quando estamos formando os grupos de estudos, o diretor Gray entra no salão. Todos paramos o que estamos fazendo com a visita inesperada. _ Boa tarde senhorita Stwart! Trouxe um desafio pra você. _ Mais um? _ Lisa diz, tentando ver atrás do diretor. _ Não, esse é "o desafio Vila Lobos". O rapaz precisa alavancar suas notas até o final deste ano. Preciso que os seus pequenos gênios aqui, deem um jeito nisso. Não posso perder esse aluno senhorita. Seu pai é um dos nossos maiores colaboradores, se o perco, perco alguns benefícios também. _ Entendi. Em que matéria ele precisa de ajuda? _ Todas. _ Uau!! _ Ele também ficará durante as férias de verão. Então, posso contar com você? _ Quando ele virá? _ Agora. _ Ele se vira para porta de entrada. _Ryan? _ Diretor Gray o chama, e quando ele entra com seu jeito rebelde, eu engulo em seco, sentindo um estremecimento dentro de mim. Ryan olha para todos sentados nas mesas, com um olhar de desprezo. Seus olhos escuros param em mim por alguns instantes, e eu fico pensando: será que ele se lembra de mim? Do beijo que me roubou? Mas acho que não... definitivamente ele não se lembra de mim. O fato de comprovar isso por algum motivo me deixa desapontada. Eu não devia ficar, mas fiquei.
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