- eu posso explicar.- essa são as primeiras palavras que saem da sua boca, antes que ele levante da cama completamente nu e venha na minha direção, levantando os braços para segurar a minha mão.
- N-NÃO TOCA EM MIM!!!- grito com todas as forças, sem me importar em está gaguejando ou chorando sem parar. Sustento o olhar, encarando os seus olhos azuis que não me fazem sentir nada à não ser repulsa.
- p-por favor...- ele coloca a mão na minha, mas eu puxo o braço com toda a força que tenho e dou dois passos para trás, sentindo o meu ombro doer sem parar.
- POR F-FAVOR UMA OVA!! E-EU TE ODEIO!- as lágrimas gordas deslizam até o meu queixo, então caem livremente e encontram o chão.
- Alex... B-baby...
- NÃO ME CHAMA ASSIM SEU BABABA!! E-EU TENHO NOJO DE VOCÊ!! T-TENHO NOJO DE MIM MESMO POR TER DORMIDO COM VOCÊ POR TODO ESSE TEMPO!!- minha garganta começa a doer e a minha voz fica rouca.
- d-deixa eu explicar...- ele com um semblante triste, mas isso não é o suficiente para fazer meu ódio por ele diminuir nem 1%. O seu cabelo loiro está todo bagunçado e há pequenos chupões espalhados por sua barriga e pescoço, o que me faz ficar ainda com mais nojo.
- c-como eu fui tão burro de acreditar em você... Eu disse que te amava... Entreguei meu c-corpo à você... Confiei plenamente em VOCÊ!!- não consigo mais gritar, parece que comi cacos de vidro e todos os pedaços estão presos em minha garganta.
Como eu pode ser tão burro? Como pude acreditar em toda aquela baboseira de vidinha perfeita, que ia viver para sempre numa vida feliz, num mundo feliz, com um namorado lindo e ponto final. ISSO NÃO EXISTE!! NÃO EXISTE NADA PERFEITO, VIDA PERFEITA OU AMOR! TUDO É UMA ILUSÃO!!
Dou mais uns passos para trás, não conseguindo maus olhar na cara desse nojento... A única coisa que quero agora é sair daqui e ficar sozinho, tentar enxergar como é a vida fora dessa bolha de mentiras que estive todo esse tempo, sem melhor amigo, sem namorado, sem amor, SEM NADA!!!
- e-espera Alex, p-por favor... Não vai.- ele gagueja, antes de dá um passo na minha direção, mas parado logo em seguida ao notar que ainda está completamente pelado. Ele corre até o canto do quarto e pega a cueca boxer Amarela.
Aproveito a sua distração e começo à correr na direção da porta, então noto que tem alguma coisa pegajosa colada na sola do meu tênis. Paro por alguns segundos e olho para baixo, forçando a visão para enxergar direito (está embaçada por causa das lágrimas e da minha miopia).
Parece que é... AI MEU DEUS!! É uma c*******a usada, toda melada de p***a. QUE NOJO!!! Solto um grunhido alto, ou terá sido um gemido? Gritinho?
BOM, EU NÃO SEI E ISSO NÃO IMPORTA AGORA!! Passo o tênis contra o piso liso e branco do quarto e quando tenho certeza que me livrei daquela porcaria, começo à correr na velocidade da luz para fora dali.
Por cima do ombro, consigo ver que ele ainda está tentando vestir a cueca boxer, o que me dá mais tempo.
Depois de sair do quarto, quase derrubo a porta do apartamento antes começar à correr pelo corredor, ignorando qualquer coisa ao meu redor.
Quando chego aos elevadores, noto que o único que está prestando está sendo usado. NÃO POSSO ESPERAR QUE DESOCUPEM!! TEMHO QUE SAIR DAQUI IMEDIATAMENTE!!
Olho para os lados desesperadamente, procurando por uma saída de incêndio ou simplesmente uma janela! Mas com sorte, dou de cara com uma escada.
Vou até lá praticamente como um foguete, antes de começar à descer três degraus de uma só vez, mesmo que um simples erro faça eu cair e quebrar o pescoço.
Chego ao primeiro andar um minuto depois e disparo em direção à saída, sentindo uma dor se alojar do lado esquerdo da minha barriga, Mas não tenho tempo para dor, não consigo pensar em mais nada à não ser ficar o mais longe possível de Diego.
- o que aconteceu...- o porteiro começa, mas eu não paro para escutar o resto da frase, apenas continuo correndo, correndo e correndo. Passo em linha reta pelo gramado, sem ter paciência para passar pela calçada em forma de “C”.
Chego a rua pouco tempo depois e começo à correr na direção da direita, sem me importa onde essa d***a de rua vai dá, já que só vim aqui poucas vezes e não conheço essa parte da cidade.
Esbarro um uma garota ruiva que caminhava tranquilamente pela calçada, fazendo boa parte dos papéis que ela carregava voarem.
- D-DESCULPA!!- grito sem parar de correr ou escutar o que ela respondeu.
Aquelas malditas cenas se repetem várias vezes na minha cabeça. Tommy fazendo um b*****e em Diego, os beijos, a garota gritando de prazer, os gemidos...
O meu estômago se contorce, o meu almoço ameaça voltar, e antes que eu posso assimilar ou me preparar para isso, já estou curvado para frente e abraçando com força o meu próprio corpo. Coloco tudo para fora no segundo seguinte, sentindo a ardência na minha garganta se intensificar ainda mais.
- ALEX!!- uma maldita voz familiar grita, ainda um pouco distante. Olho por cima do ombro e vejo Diego correndo na minha direção, vestindo apenas uma calça jeans surrada e um par de sapatos.
Desespero toma conta de mim, misturado com a vontade de ficar o mais longe daquele nojento possível. Exijo que minhas pernas cansadas comecem à se mover novamente, os músculos das coxas estão super doloridos.
Esbarro em umas 10 pessoas nos cinco minutos seguintes, e quando não estou mais aguentando correr, tento achar outra solução.
- s-socorro! Aquele homem e-está me perseguindo.- gaguejo para o homem musculoso que caminha tranquilamente pela rua, ele deve ter uns 2 metros e é cheio de tatuagens e piercings.
- fica tranquilo, não vou deixar chegar perto de você...- o moço tenta me tranquilizar, mas continuo correndo sem parar, mesmo que em uma velocidade menor.
Por cima do ombro, consigo ver o desconhecido pegar Diogo bruscamente pelo braço, antes de começar a tirar satisfação com ele. Aquele maldito puxa o braço com força e começa a correr, o homem não faz nada para impedir, decidindo que não vale a pena se envolver em uma briga para defender alguém que nem conhece, mas pelo menos consegui alguns metros de vantagem.
Chego ao fim do quarteirão, mas isso não me impede de continuar correndo, já que tem uma faixa de pedestre cruzando a rua. Não paro nem para olhar para os lados, até porquê os pedestres tem sempre preferência nas faixas, não é??
Mas quando estou bem no meio da rua, um barulho estridente da buzina de um carro me faz travar no lugar. Olho para a esquerda, dando de cara com um caminhão vermelho e enorme, que se aproxima em alta velocidade.
As luzes emitidas pelos faróis do caminhão me cegam por alguns estantes e não tenho tempo de pensar em nada antes que um forte impacto faça eu voar pelos ares.
A parte de trás da minha cabeça bate em algo muito duro, e a última coisa que vejo é o céu nublado, antes de perder totalmente a consciência.