Capítulo 26 – Mapa de Sal e Vidro

1604 Words

Grego O amanhecer chegou no cais com gosto de ferro e sal. Eu gosto de ver o porto antes do mundo fingir honestidade: empilhadeira ainda bocejando, guindaste estalando o braço, água batendo nas estacas como um coração impaciente. O leste não manda poesia — manda solvente e contêiner fantasma. E foi pela química que comecei a puxar o fio. — Remessa de thinner “para verniz” entrando sem nota complementar há três semanas — disse Veludo, encostado num bloco de concreto que já viu mais confissão que igreja. — Mesmos lacres, lacres “perfeitos”. — Lacre perfeito é lacre trocado — respondi. — E thinner sem destino vira palco para lavar dinheiro de festa. Ele riu com metade da boca, o vento mexendo o casaco fora de estação. — Quem tá por trás, Greco? — A meia-lua — não precisei dizer o nome.

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