Grego A sirene abriu a madrugada como faca que não escolhe carne. Luz de helicóptero varreu as lajes, estourando sombras que eu preferia manter educadas. O rádio de Russo virou metronome de susto: “viatura no cinco”, “blitz no asfalto”, “barreira no túnel”. Ao mesmo tempo, o leste sussurrava seu velho perfume: meia-lua repintada no muro da creche, recado por baixo da porta do açougue, um áudio anônimo dizendo que “o rei perdeu a mão”. Eu desci para o quartinho de guerra: quatro paredes de concreto cru, ventilador cansado, lâmpada nua, mesa de metal com mapa da favela riscado a caneta, pinos magnéticos marcando rotas, fitas coloridas para “oração” e “muralha”. Ali, mando sem plateia. Ali, ninguém confunde voz com eco. — Posições — falei, sem alargar a voz. — Barroca, porta de gente; Cáss

