Caveira narrando — Que corpão da hora, danada…. — provoquei, completando a música, com minha voz baixa, rouca, carregada de verdade. Vi ela ficar desconcertada. O corpo dela endureceu. A mão tremia levemente enquanto ainda segurava o copo. — Qual foi, Débora? Ficou desconcertada por quê? — continuei provocando, com um meio sorriso nos lábios, colando ainda mais. A tensão entre nós dois era absurda. Aquilo já não era mais só vontade. Era um incêndio. Uma combustão. Se alguém riscasse um isqueiro perto da gente naquele momento, a favela inteira explodia. Era isso que a gente era: dois corpos quentes demais pra estarem juntos… mas que não sabiam como ficar separados. — Tu acha que eu não vi tua reação quando eu cheirei teu pescoço? — falei perto demais, e, sem aviso, encostei meu nariz

