Caveira narrando Quando ela me entregou o celular ali, no meio daquela sala que cheirava a perfume barato misturado com álcool e fio queimado de tensão, eu vi a expressão dela mudar como se alguém tivesse puxado um travão no peito. A minha mão ficou por um segundo mais pesada que o normal, o ar pareceu rachar, e eu soube — com a certeza feia que a vida me deu depois de tantos tiros, tantas perdas e tantas noites sem dormir — que vinha merda, e merda das grandes. Li a mensagem do Renato com os olhos queimando: a proposta escancarada de acabar com a invasão, a sugestão venenosa de que, se ela voltasse para ele, tudo seria entregue nos pés do hospital, entregue de bandeja ao inimigo. Cada palavra era um dedo na minha garganta. Eu senti o sangue subindo como vulcão. Na mesma hora, o instinto

