Débora narrando — Otávio? — É. Otávio. É o nome do cara. Morava numa favela lá atrás da tua loja, na Pavuna… Lembra daquela comunidade? Aquela que ficava colada no terreno do outro lado da via? Pensei. A loja que eu tinha na Pavuna era movimentada. Vendia carro de alto padrão até pra gringo. Muita gente do asfalto, muita gente da favela também. Eu não fazia distinção. Dinheiro é dinheiro. E se entrava limpo na minha conta, pouco me importava de onde vinha. — Lembro da comunidade, sim. Vendi muito carro pra aquele pessoal. Inclusive, os de lá eram os que pagavam à vista, com dinheiro vivo, sem choro, sem financiamento, sem consulta no Serasa. — Então tu conheceu ele. Ele era de lá. Cliente assíduo, segundo dizem. — Mas Otávio não me é familiar, não… — falei, ainda tentando puxar algo

