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Cicatrizes

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Blurb

Aviso de gatilhos

"O amor só dá trabalho quando tentamos escondê-lo."

Bianca é uma adolescente brilhante, educada e cheia de sonhos. Mas, mesmo entre amigos e risos, sente-se como uma peça fora do lugar - alguém que tenta, em silêncio, se encaixar num mundo que parece não ter sido feito para ela.

Enquanto cresce, seus laços afetivos deixam marcas profundas, algumas doces, outras difíceis de carregar. Entre desilusões, afetos silenciosos e vínculos quebrados, Bianca precisará encontrar forças para amadurecer e entender que certos sentimentos se tornam raízes - crescem por dentro, às vezes sufocam, mas também podem florescer.

Essa é a história de uma menina tentando se curar das cicatrizes do passado, enquanto descobre que o amor, quando aceito, pode ser menos dor e mais liberdade.

Eu sempre fui uma sonhadora. Sempre gostei de criar histórias na minha cabeça antes de dormir, dessas que só as meninas que sonham acordadas conhecem — fantasiando uma vida que talvez jamais pudesse ter. Foi assim que tudo começou.

Este livro é uma criação inteiramente minha. Embora seja ficção, carrega pedaços da minha vida, fragmentos de momentos que vivi e senti. Também carrega a inspiração do livro Proibido, de Tabita Suzuma. A forma delicada como a autora descreveu sentimentos — a dor, a tristeza, o amor — explodiu em minha mente, despertando em mim uma nova maneira de olhar para o amor.

Muitas vezes, acreditamos que existe apenas uma forma de amar, mas esquecemos que o amor é um sentimento sem controle, impossível de ser totalmente descrito. Ninguém sabe exatamente como ele nasce ou como domá-lo. Há quem morra de amor, e há quem carregue a dor de um amor não correspondido por anos. O amor não conhece limites nem barreiras.

O amor nunca será sua pior escolha.

Permita-se sentir o amor, do jeito que ele chegar em sua vida.

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Capitulo 1
⸻ – Bianca, 2012 O telefone desperta, mas eu já estava acordada. Não por estar ansiosa pra ir à escola — longe disso —, e sim porque perdi o sono. Queria tanto faltar hoje... mas sei que minha mãe não deixaria. Levanto da cama improvisada que, às vezes, faço no chão da sala. Rio baixinho ao ouvir tia Rosane roncando alto no sofá. A gente adora ficar aqui vendo filme, e quando compramos um DVD novo, sempre acaba assim: dormimos na sala. Dobro minhas roupas de cama e levo para o guarda-roupa no quarto da vó Gina. Pego meu uniforme e vou direto pro banho. Hoje tem matemática, português e educação física. Deve ser futebol de novo — como sempre — porque aqueles meninos não dão vez pra ninguém. Já estou com um ranço tremendo. Acho que hoje vou protestar. Ou me colocam no jogo, ou então nem entro na quadra. Saio do banho, penteio o cabelo, passo uma maquiagem leve. Tá ótimo. O cheirinho de café vindo da cozinha me abraça, e eu agradeço mentalmente à minha mãe por já ter preparado tudo. — Bom dia, mãe — cumprimento ao chegar na cozinha. — Bom dia, filha. Toma café antes de sair, seu avô comprou pão. Faço meu pão com presunto e queijo, pego uma caneca de café e vou pra sala. Sei que Marciele já deve estar chegando, então me apresso. Tia Rosane já levantou pra ir trabalhar, e o sofá voltou a ser sofá — sem cobertas nem travesseiros. — Marciele chegou — avisa meu avô, espiando pela janela. — Pede pra ela entrar, por favor. Tô terminando o café — peço, e ele concorda com um aceno. Marciele e eu fomos criadas praticamente juntas. Minha avó tomava conta dela quando éramos pequenas. Eu fui "adotada" — se é que posso dizer assim. Comecei a frequentar a casa da minha mãe (na época, minha madrinha) com dois anos de idade, e aos seis ou sete, vim morar de vez. Meus pais biológicos tiveram outras duas filhas, que vejo aos finais de semana, quando vou pra casa da minha avó materna. Minha mãe biológica faleceu quando eu tinha entre onze e doze anos. E o meu pai... bom, se é que dá pra chamar ele assim, nunca teve o mínimo preparo psicológico pra cuidar de três filhas. As duas ficaram com minha tia e avó. E eu, como já era de costume, fiquei com minha "madrinha". — Tomou café? — pergunto quando Marciele aparece na varanda. — Vim tomar aqui — responde, entrando direto pra cozinha. Depois de comer, nos despedimos da minha mãe e saímos andando em direção à escola. Era mais um dia comum no Rio de Janeiro: o sol rachava o coco e o céu estava limpo, azul de doer. Eu já contava os dias pro fim de semana. Não que tivesse algo especial pra fazer, mas tinha conhecido um garoto na casa da minha avó, no fim de semana passado... e queria muito revê-lo. — Você acha que minha mãe deixaria eu namorar? — pergunto, do nada. Marciele me olha como se eu tivesse caído do céu. Ela é um pouco mais velha, já tem namorado — e ele é um fofo, por sinal. Eu tenho 14 anos, e há pouco tempo ainda brincava de boneca e comia terra no quintal. Mas, desde o ano passado, tudo começou a mudar. Meu corpo, meu jeito... E os meninos começaram a olhar diferente. Às vezes, me sinto até mais velha que sou. — Bom, não sei... acho que sim. Mas você sabe que o problema nem é ela — ela responde, pensativa. Reviro os olhos. — Mas ele não tem nada a ver com isso! — Ele é seu pai, Bia. Querendo ou não. Tia Roberta ainda precisa dar satisfação pra sua família biológica. Isso inclui o Pedro. Meu estômago revira só de ouvir esse nome. — Esse cara só existe pra atrapalhar a minha vida — resmungo. Antes da minha mãe falecer, minha vida já estava longe de ser um conto de fadas, mas a presença dela ainda amenizava tudo. Desde que ela se foi, a convivência com meu "pai" virou um inferno. Ele faz tudo que pode pra me prejudicar, como se fosse um jogo. Tentou até tirar minha guarda da minha mãe adotiva, colocando advogado no meio — só não foi adiante porque ele já tinha um B.O. nas costas. Nunca soube o que ele fez, mas agradeço até hoje. Não consigo imaginar como seria viver sob o mesmo teto com aquele homem. Minha mãe sabia. Antes de morrer de câncer, ela deixou tudo organizado. A guarda seria da minha madrinha. Elas eram melhores amigas, e eu já morava com ela desde que me entendo por gente. Mas meu pai não aceita. Sabe que aqui eu tenho tudo o que preciso — talvez mais. E isso parece deixá-lo com mais ódio ainda. Ele me odeia. Tenho certeza disso. — Queria que ele sumisse — murmuro. — Não fala assim, Bianca... ele é seu pai! — Marciele me adverte. — Ele é meu pai só quando convém. Você acredita que ele pega metade da minha pensão? Diz que eu não merecia nada porque moro com minha mãe "rica". E quando a gente precisa da permissão dele pra qualquer coisa, ele sempre n**a. Só pra me prejudicar. Marciele suspira e desiste de defender o indefensável. E eu... só engulo mais uma vez. Resolvemos deixar esse assunto de lado. Falar de Pedro sempre estraga o dia. Chegamos na escola e meu grupinho já está à minha espera. — Vou lá, mais tarde a gente se vê — diz Marciele, indo ao encontro das amigas. — Bianca, você não sabe! — Luana me puxa toda animada. — O que foi? — Yuri perguntou por você — Mariane solta com aquele tom cheio de segundas intenções. — Ai, gente, não começa! — reviro os olhos, tentando disfarçar o sorriso. — O Yuri é só meu amiguinho... As meninas riem, como sempre. — Para de desmerecer o garoto — diz Cassiane, com carinha de dó. — Ele é apaixonado — Luana provoca. — Esses meninos babam por você, e você nem liga — Cassiane protesta. — Eles gostam do que não podem ter — Luana sentencia, com ar de sabichona. — Vocês viajam demais — digo, sorrindo, enquanto seguimos juntas pra fila. É verdade que os meninos começaram a chamar atenção, mas a maioria é fútil demais. Parece que só pensam em videogame e pegação. Me sinto velha demais pra minha idade, às vezes. Ainda não achei ninguém interessante de verdade. O pátio está lotado hoje. Quase todo mundo veio. Vai ver até chegaram alunos novos, porque nunca vi tanta gente numa sexta-feira. — Fala comigo? — Washington aparece do meu lado e me abraça. Washington é o repetente da turma, consequentemente o mais velho. Descolado, abusado, já tem o corpo definido e a voz grossa. As meninas babam por ele — e ele sabe disso. Passa o rodo geral. Menos em mim. Por mais que ele tente, nunca rolou atração. — Tudo bem? — pergunto, olhando pra frente enquanto ele passa o braço em volta do meu pescoço. — Melhor agora que tu chegou — responde com um sorriso. Dou risada. — Você vai fazer a gente levar esporro se continuar aqui. — Relaxa, a diretora me ama — diz, debochado. Ana Camila passa do nosso lado. Da outra turma. Me olha com um ódio que queima. Mas é ele quem me abraça, não o contrário. Só que ninguém vê isso. — Vou acabar apanhando por sua causa, garoto — digo de canto de olho. — Ela não é nem maluca de tentar — ele responde, despreocupado. Ele vive iludindo essas meninas e depois vem se pendurar em mim. Por causa dele, sou odiada por metade feminina da escola. — Washington, seu lugar, por favor! — grita a diretora, Denise. Eu quase morro de vergonha quando todo mundo vira pra olhar. Ele sorri, como se nada fosse, e vai andando devagar pra fila dele. Eu só suspiro. Um dia ainda vamos parar na sala da diretora, tenho certeza. Ela vive atrás dele — e toda vez, ele está pendurado no meu pescoço. A diretora começa a chamar as turmas. E finalmente, chega a nossa hora de subir.

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