Episódio 2

1549 Words
Margareth Já se passaram alguns dias e a minha filha simplesmente não está melhorando. Tentei de tudo para entrar em contato com o Caio para ele me explicar exatamente o que aconteceu, mas não consegui. Desde que ele foi para a Europa, nem Iris nem eu conseguimos. A única coisa que Iris conseguiu me dizer é que Caio começou um relacionamento com a sua meia-irmã e deixou tudo para ficar com ela. Parece que aquela breve visita o deixou louco por ela e o fez deixar para trás tudo o que tinha com Micaela. Para mim, tudo continua muito estranho. Caio amava a minha filha loucamente, assim como Theo me amava. Agora, quando a minha filha m*al consegue abrir os olhos, preciso dele mais do que nunca. Ele saberia o que fazer para tirá-la desse estado deplorável em que se encontra. Termino de pagar as minhas compras na loja e saio rapidamente. O céu está nublado e gotas leves caem no meu rosto enquanto me dirijo ao carro. Adoro dias chuvosos e tudo que os acompanha, mas desta vez estou tão imersa na dor que m*al a percebo. Preciso voltar para casa logo para que a minha filha não acorde sem mim e surte. Segundo o médico, o analgésico que ele deu a ela a ajudará a descansar, mas algo no meu coração me diz que ela está sofrendo mesmo inconsciente. O trânsito não está cooperando, então decido ligar para minha vizinha Valeria para confirmar se minha filha está bem. Ela pode ser adulta, mas não vou deixá-la sozinha assim. — Como ela está? Pergunto desesperada. — Ela parece melhor, amiga. Ela me diz alegremente. — Ela se levantou e queria tomar um banho. Até me pediu para fazer algo para ela comer. Disse que não sofreria mais, que tudo ficaria bem. — Sério? Pergunto, incrédula. Eu deveria estar feliz, mas sinto como se houvesse uma pedra no meu coração que não me permite ser completamente feliz. Espero estar errada e que a minha filhinha esteja realmente bem, que tenha decidido melhorar. — Sim. Ela até sorriu. — Acho que ela vai se recuperar logo. — É melhor ir procurá-la, ok? Chego aí logo. — Ok, você tem razão. É melhor ficar alerta. Desligo a ligação e bato os dedos no volante. Adoraria ultrapassar o carro da minha frente, mas estou cercada de carros e não posso pular o canteiro que divide as ruas porque isso significaria morte ou multa. O meu olhar se concentra no para-brisa, que se move de um lado para o outro, afastando as pequenas gotas de chuva, que se intensificam à medida que desço lentamente a rua. Felizmente, chega um momento em que o trânsito se dispersa e consigo ir mais rápido. Chego em casa uns dez minutos depois e não me preocupo em tirar nada do carro. Preciso ver a minha filha. O meu coração desesperado grita por isso. A porta do banheiro fica no mesmo corredor da entrada, e lá está Valeria batendo desesperadamente. — Micaela, abra! Ela grita. — O que houve? Pergunto ansiosamente. — O que houve com a minha filha? — Ela não está atendendo. Soluça Valeria. — Bem, ela acabou de me responder dizendo que estava bem, mas chamei de novo para avisar que o almoço estava pronto, e ela não está atendendo. Sem dizer nada, tiro um dos meus cartões de crédito da bolsa. Não me importo se ele for danificado, nem se puder abrir a porta. Preciso de várias tentativas e chutes, mas finalmente consigo. Quando entro, vejo a banheira transbordando. Micaela está no chão, inconsciente, com o celular colado ao corpo. A minha primeira reação é soltar um grito que me dói na garganta, mas não perco tempo e corro para a minha filhinha. — Não, não faça isso comigo, minha menina, não, não, por favor. Grito para ela. Valeria e eu gritamos descontroladamente, mas, ao mesmo tempo, tentamos ajudar Micaela. Não foi difícil fazê-la se levantar, pois ela havia perdido muito peso nos últimos dias. — Meu bebê, meu bebê, por favor, me escute. Soluço enquanto balanço a cabeça, tentando fazê-la reagir. — Meu amor, não, não me deixe, minha princesa. Não me deixe, não. Eu te amo e preciso de você, você não pode me deixar. — Deve ter sido isso que ela viu. Murmura Valeria enquanto chama a ambulância. — Do que você está falando? Gemo. — Olha, tem uma notícia no celular dela: Caio vai se casar em breve e está feliz com a nova namorada. O choque deve tê-lo feito desmaiar. — Covarde! Grito, voltando a minha atenção para minha filha, cujo rosto mexo. Ela reage. No entanto, está tão fraca que não responde, e é absolutamente necessário levá-la ao hospital, onde nos darão uma notícia que me abalará profundamente e mudará a minha vida para sempre. A minha filhinha está com uma criança no ventre, que corre risco de morte. .... Micaela É tudo muito confuso para processar, mas não é o que eu esperava encontrar quando abri os olhos. Não há como esquecer, a dor persiste no meu peito e não consigo parar de pensar em Caio e na notícia do seu casamento com a pessoa que agora sei ser a sua meia-irmã, alguém que ele nunca me apresentou. Não entendo o que fiz de errado com Caio, que conheci quando os meus pais e eu chegamos ao bairro e um rapaz bonito veio nos ajudar com as caixas que eu tentava carregar inutilmente. Ele me parecia velho demais na época, e eu não era uma garota apaixonada, mas soube naquele instante que ele era o rapaz com quem eu queria ficar para sempre. Por que ele parou de me amar? Todas as vezes que passávamos juntos por semana não eram suficientes? Ele não gostava mais de mim? Talvez porque eu não fosse loira? — Minha menininha, minha linda menininha. Alguém sussurra. Acho que é a mamãe. — Você está acordada? Naquele momento, fica claro para mim que a minha mãe voltou mais cedo das compras e me levou para o hospital. — Mãe. Gaguejo, tentando abrir os olhos. — Olá, querida. Ela me cumprimenta alegremente. O seu rosto, sempre jovem, agora parece cansado. Ela provavelmente esteve cuidando de mim a noite toda. — Me perdoe. Imploro, com a voz embargada. — Desculpe por ter te assustado desse jeito, mas nada mais faz sentido. Os seus olhos castanho-esverdeados, como os meus, se enchem de alarme. — Nunca mais diga isso, Micaela Finnley. Ela me repreende. — Se você disser isso de novo, vai ter que lidar comigo. — Mãe... — Eu senti como se estivesse indo embora com você. Ela soluça. — Eu sei que a notícia foi chocante, mas, meu amor, você vale muito mais do que ele. Lembro-me de passar horas dando à luz, esperando pela minha filhinha perfeita. Como você acha que eu me sinto vendo você sofrer por alguém que não te merece? — Caio é tudo para mim. Sem ele, não consigo continuar. Murmuro, desviando o olhar. — Não sei por que existo. Não quero nada. Não valho nada. Mamãe fica em silêncio e se afasta, virando as costas para mim. Enquanto espero a sua resposta, encaro os pôsteres no quarto do hospital. É por isso que me surpreendo quando ela grita como nunca antes e começa a chutar o sofá perto da janela. — Eu o odeio, eu o odeio, eu o odeio. Ela soluça, sentando-se abruptamente no sofá e virando as costas para mim novamente. Tento me levantar, mas tudo dói, e um médico vem ver o que está acontecendo. Vendo a minha mãe assim, ele se aproxima dela. Ele é um homem atraente, que não acho muito mais velho que a minha mãe, que tem apenas 36 anos. — Mãe, me desculpe por dizer isso. Eu choro. Os dois se viram para me olhar e se aproximam, preocupados. — Me perdoe, meu amor. Ela implora, beijando a mão que não está conectada ao soro. — É que eu não tolero você dizendo coisas assim. Você tem muitos motivos para viver. — Sua mãe tem razão. Diz o médico, olhando para mim com compaixão. — Você tem muitos motivos para continuar vivendo. — O quê? Pergunto, cética. A minha mente sussurra que a minha mãe precisa de mim, mas afasto esse pensamento. Ela é jovem. Ainda pode reconstruir a sua vida e até mesmo formar outra família. O bebê que ela perdeu devido ao choque da morte do meu pai não a deixou estéril, para que ela possa ter outro e se lembrar de mim pelo quanto eu a amei. — Filha, você não precisa viver apenas por si mesma ou por mim, mas também pelas muitas pessoas que a amam. Dentro de você está a coisa mais importante que pode acontecer a uma pessoa. — O quê? A minha voz está ficando mais baixa. — Senhorita, a senhora está grávida. Anuncia o médico. — Você precisa lutar para salvar a vida do bebê. Você corre o risco de perdê-lo se continuar... — Estou grávida? Grito. — Não, não pode ser... Está falando sério? ‍‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌‌
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