— Sim, querida. Mamãe concorda, sorrindo. — E eu juro que não vou te repreender por isso, que te apoio em todos os sentidos e que já amo o meu netinho. Eu o amo, entende? Eu o amo como amo você, minha menininha.
— Vou ter um bebê.
Coloco as mãos na barriga, ignorando a dor na mão direita. Caio na gargalhada enquanto lágrimas de alegria escorrem pelo meu rosto. Terei o bebê do Caio, um bebê lindo, fruto do nosso amor.
— Mãe, preciso ligar para ele. Digo com urgência. — Por favor, por favor.
— Filha...
— Por favor. Imploro desesperadamente. — Temos que contar a ele. Isso o trará de volta.
— Filha, não, isso não...
— Ele precisa saber. Ele é o pai. Respondo, com raiva. — O Caio precisa saber.
— Ok, mas prometa se acalmar. Vou tentar entrar em contato com ele. Não vai ser fácil, sabe? Ele está na Europa.
— Por favor, mamãe. Imploro mais uma vez. — Preciso contar a ele.
O médico assente quando a minha mãe olha para ele.
— Ok, bebê, vou procurá-lo e prometo que vou ligar para ele. Você só precisa jurar que vai comer, que vai se cuidar.
— Eu juro. Respondo imediatamente. — Preciso estar saudável e viver para o meu bebê.
E para o Caio. Penso animada. Ele sempre me disse que quer ter filhos comigo, que é o que ele mais deseja, depois passaremos a vida juntos como os meus pais.
Durante as horas em que a minha mãe e Iris tentam entrar em contato com Caio, eu me esforço para comer, para não cair novamente na tristeza. A minha sogra recebeu a notícia com reservas, mas não para de me lembrar que me ama e que, aconteça o que acontecer, estará lá para o neto.
— Filho! Exclama Iris de repente ao ligar para ele novamente no meio da noite. — Que bom que você atendeu. Por favor, não desligue na minha cara... Filho, por favor, você precisa ouvi-la, Micaela quer te contar uma coisa.
Espero impaciente e ansiosamente, sentindo que não receberei uma resposta positiva. No entanto, Iris guarda o celular e se aproxima de mim com ele na mão.
— Ele disse sim, filha.
Tremendo e com saudade, pego o celular e o levo ao ouvido.
— Caio. Digo, com a voz trêmula. — Meu amor...
— Pare de usar a minha mãe para falar comigo Micaela. Ele retruca, com a voz fria e implacável, ainda mais do que da última vez que nos vimos. — Não fui claro?
— Sim, eu sei, mas tenho algo para...
— Não estou interessado em nada que tenha a ver com você. Me deixe em paz, vou me casar com ela.
E sem mais delongas, ele desliga o telefone, destruindo o meu coração para sempre e tirando completamente a minha vontade de viver.
Bruno ouve com satisfação o que o filho disse à namorada. A princípio, duvidou que Caio estivesse realmente preso a Daniela, a sua talentosa enteada, com quem também se dá ao luxo de desfrutar à vontade. Mas agora está claro para ele que sim. Será um herdeiro exemplar com o passar do tempo.
Ele se sente tentado a bater à porta e parabenizá-lo, mas se contém. O filho é como ele. Não gosta de ser incomodado. Ele continua caminhando pelo corredor até parar em frente à entrada do quarto. Lá, abre um pouco o roupão e finalmente entra. Daniela e a esposa o aguardam, prontas para recebê-lo, embora ele não consiga deixar de imaginar outro rosto: o de Íris. Aquela mulher que nunca deixou de obcecá-lo desde a primeira vez que a viu e de quem não tem intenção de jamais se afastar. Ele sempre se perguntará por que ela nunca conseguiu entendê-lo e aceitá-lo, porque os luxos, os detalhes e a atenção que ele lhe dedicava não eram suficientes.
Ele se entrega às duas mulheres com quem está, mas na sua mente só existe ela, a única que ele quer ter e de quem não consegue mais se aproximar desde o divórcio. Tudo corre quase como ele quer, e as duas vão embora. Se se sentem culpadas ou não, não importa para ele. Ele já fez o que tinha que fazer.
Depois de tomar banho, desce para o escritório e pede ao mordomo a presença do filho. Ele chega logo, e Bruno fica feliz em ver que Caio não parece nem um pouco abatido.
— Ouvi o que você disse à sua ex-namorada. Eu te parabenizo. Ele diz. — Está claro para mim que você caiu em si.
— Então você está ouvindo as conversas dos outros? Responde Caio com um leve sorriso. — Eu não achei que você fosse capaz disso.
— Tenho olhos e ouvidos em todos os lugares. Responde Bruno. — Mas acho que você já deveria saber disso.
— Eu entendo, mas não me importo. O seu filho dá de ombros. — A única coisa que me interessa é ver o estádio, o time e...
— Ainda não é a hora. Diz Bruno. — No devido tempo, você assumirá a presidência, mas eu ainda sou capaz de fazer isso e tenho muitos anos pela frente.
— De qualquer forma, eu gostaria de conhecê-lo. Não apenas estudar...
— Você ousaria operar com alguém que não tem graduação em medicina? Não. Você precisa primeiro concluir os seus estudos em administração e, quando eu julgar prudente, você conhecerá o time e tudo pelo qual será responsável.
— Isso é totalmente injusto. Murmura Caio, os seus olhos finalmente revelando uma emoção depois de semanas: raiva. — Ok, vou confiar na sua decisão. Não tenho outra escolha.
— Talvez, se você se provar um excelente aluno, eu possa encurtar o tempo. Tudo depende do seu comportamento. Aliás, não quero que você responda nem entre em contato com a sua mãe novamente.
— Por quê?
— Porque não. Não quero que vocês se vejam novamente.
Caio permanece em silêncio, ponderando as suas palavras. Ele não gostaria de chegar a tais extremos, mas não tem escolha. Íris merece ser severamente punida por aquela tentativa de encontro que teve com aquele engenheiro, que desaparecerá em breve da face da Terra. Talvez esta fosse a chance de negociarem uma reconciliação.
— Ótimo.
— Você também não vai procurar aquela garota de novo. Você sabe o que pode acontecer com ela.
— Isso destruiria a minha mãe, então não, não vou. Você não vai machucar Micaela. Responde Caio com uma leve inflexão na voz, o que não lhe parece suspeito, considerando que compartilhou muitos anos com ela. — Há mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar, ou posso ir descansar?
— Sim, mais alguma coisa. Diz Bruno, tomado pela emoção. — Não acho que seja necessário que você se case com Daniela ainda. As suas obrigações com ela o desviarão dos estudos.
— Tudo bem. Responde Caio sem reclamar. — Mas assim que eu terminar, nós...
— Sim, claro.
— Então eu vou embora. Caio se levanta da cadeira com a mesma elegância que caracteriza a sua mãe, apesar de ela nunca ter pertencido à classe alta. — Eu vou ficar com a Daniela.
— Ah, mas ela não está se sentindo bem, filho. Ele sorri cinicamente. — É melhor você não incomodá-la.