Eu não tenho utilidades para ele agora. E por que ele não me deixa ir?
"Vou morrer". As primeiras palavras verdadeiras que falei em dias. Dias exaustos e dormindo na cama. Dias para meu corpo se recuperar, só para perceber que era inútil para Luke. Mas por que ele me deixaria curar só para me matar? Não fazia sentido, mas em algum lugar no fundo das minhas entranhas havia um desconforto. A única coisa que me resta para oferecer a ele era sexo. Servidão. Como ele queria. Eu poderia fazer isso? Eu poderia me tornar uma escrava s****l para salvar minha vida?
Não foi o fato de eu deixar voluntariamente um homem me controlar como um cachorro que me assustou. Foi o fato de que minhas entranhas se apertaram deliciosamente em resposta a estar sob seu controle s****l. Eu estava claramente doente. Fodido da cabeça. Nenhuma mulher em sã consciência acharia seu captor sexualmente atraente. Como elas poderiam? Como eu poderia?
Eu me bati na testa e soltei um forte assobio de ar. "Você está fodida." Eu murmurei. Essa foi a única explicação. Agarrando-me a um ato de heroísmo de Luke. Saboreando o fato dele ter me resgatado do abuso infligido por um de seus capangas.
Você não tem escolha. Desejei ser forte o suficiente para escolher a morte em vez da alternativa. Morra com orgulho. Escolha ser o ser humano mais forte e saia com dignidade. Mas isso parecia mais com Margo, e eu não era ela. Agarrei-me à vida como uma criança indefesa. Eu faria o que fosse necessário para sobreviver.
Uma batida na porta ressoou pela sala, arrancando-me dos tormentos dos meus pensamentos.
— Jenna? — Jay chamou do outro lado da porta. Eu relaxei ao som de sua voz. Ele era o homem mais legal que trabalhava para Luke. Na verdade, o parente mais legal sob a proteção de Luke, eu acho. Jay era seu primo. Muito jovem para estar envolvido num trabalho tão mórbido, mas mesmo assim alegre. Ele não teve muita escolha. Afinal, era o negócio da família.
— Entre. — eu falei.
A porta foi aberta e Jay enfiou a cabeça para dentro. Sorri gentilmente para ele, ignorando o olhar simpático que passou por seus suaves olhos castanhos.
— Luke quer ver você em seu escritório.
Não consigo esconder a surpresa no meu rosto. Luke tem me deixado descansar desde a semana passada. Especialmente considerando que minha costela só estará totalmente curada por algumas semanas.
— Oh, tudo bem. — Tirei o cobertor de cima de mim e saí da cama. Estremeci quando meu lado do corpo doeu, mas balancei a cabeça para Jay quando ele se adiantou para ajudar. — Não está manhã, eu posso fazer isso sozinha. Estarei pronta em vinte minutos.
Jay assentiu e saiu do quarto sem discutir. Ele sabia que seria inútil discutir comigo.
Como eu convenceria Luke a me deixar viver? Para me aceitar como ele desejasse e fazer comigo o que quisesse? Eu poderia usar algo revelador e me jogar nele? O pensamento me fez recuar de dor. Que patético. Quão desesperada eu estava.
Dei de ombros. Eu não estava em posição de negociar.
Meu armário estava cheio de roupas impecáveis. Tudo caro. Tudo excessivamente pretensioso. Escolhi um vestido branco justo que caía no meio da coxa. O vestido acentuava minhas curvas e eu tinha certeza de que meu corpo não passaria despercebido nem mesmo por Luke.
O espelho do banheiro confirmou minhas suspeitas. Eu parecia um desastre. Abri a torneira e lavei o rosto. Depois de pentear meu cabelo e de um rápido sorriso motivacional, mas falso, no espelho, fui em direção à porta.
Abrindo-a a porta, observei divertidamente Jay tropeçar para não cair para trás. Seu rosto ficou vermelho de vergonha. Ele passou a mão pelos cabelos loiro escuros e encolheu os ombros timidamente.
— Luke mandou você para tomar conta de mim? — Eu questionei. Após uma análise mais aprofundada, pude percorrer os corredores como quisesse. Com tantas pessoas ao redor, não havia como escapar facilmente.
— Não, na verdade acho que ele me enviou para animá-la.
Dizer que fiquei surpresa foi um eufemismo. Mesmo assim, caminhei ao lado dele até chegarmos ao escritório de Luke. A mesma sensação sinistra que tive quando entrei pela primeira vez tomou conta de mim, e eu meio que esperava ver um cadáver caído no chão. Talvez desta vez seja Josh. Luke estava impecável, como sempre. Nunca o testemunhei desleixado, era perturbador ver alguém tão organizado o tempo todo. Era como se ele fosse desumano.
Ele olhou para cima quando entramos. Seus olhos sem piscar, sua expressão impassível. Eu não sabia o que ele estava pensando. Pelo que eu sabia, ele iria sacar uma arma e descarregar o pente na minha cabeça. Eu tremi. Tentei parecer calma, mas estava longe disso. O ar cheirava a minha desgraça iminente. Meus olhos estavam nublados com as possibilidades de minha morte prematura, e enquanto eu estava ali em seu poder, tudo que conseguia pensar era se me lembraria de contar a Margo que escondi o controle remoto da televisão em cima da geladeira dela na noite em que ficamos bêbadas depois que descobri que Joshua estava me traindo.
Tive vontade de rir, mas não ousei deixá-la escapar dos meus lábios. Agora não. Não quando meu destino era tão incerto.
— Jay, deixe-nos. — Ele ordenou. Jay não hesitou em sair, mas me lançou um olhar de encorajamento ao sair e eu resisti à vontade de dar-lhe um abraço de urso por pelo menos ser um ser humano decente. Os olhos de Luke percorreram meu traje. Percebi a forma como sua mandíbula se apertou enquanto seus olhos permaneciam em meu decote.
— O que você está vestindo? — Sua voz era baixa e ameaçadora. Até rouco. Eu não recuei dele quando ele falou, na verdade, eu podia sentir meu corpo sendo puxado em direção a ele. Como se alguma corda invisível estivesse amarrada em volta dos meus órgãos genitais sendo arrastada até ele.
Dramático. Dramático e delirante. Eu só podia imaginar o que Luke diria se pudesse ler meus pensamentos.
— É...é um vestido. — Eu engasguei em resposta.
— Estou ciente... mas por que você está vestindo?
— E-eu não tenho certeza do que você está perguntando. — Apesar de sua própria falta de explicação, me senti incompetente por entendê-lo m*l. Esse é o efeito que ele exerce sobre as pessoas.
— Só estou tentando entender por que você está tão arrumada.
— Você não aprova? — falei, puxando nervosamente a barra do vestido. Isso não estava indo como planejado. Sexy era a coisa mais distante que eu era. Eu provavelmente parecia uma criança. — É um dos vestidos que estava no meu armário. — Acrescentei, esperando que isso pudesse mudar os pensamentos em sua mente. Sejam quais forem.
Ele permaneceu em silêncio. Isso piorou minha ansiedade. Eu me mexi sob seu olhar, antes de decidir falar. Agora era minha chance. Eu poderia explicar a ele por que valia a pena manter-me viva.
— Você gosta de mim vestida assim?
Ele franziu a testa. A pergunta parecia tê-lo pego desprevenido. Eu decidi continuar com isso. — Porque eu vou me vestir como você quiser. — Minha voz tremeu. Dei um passo em direção à sua mesa. — Eu farei o que você quiser. Eu... eu posso ser útil.
Ele inclinou a cabeça, estreitando os olhos com curiosidade. Ele se afastou de sua mesa e se levantou, antes de caminhar até mim. Ele ergueu a mão em direção ao meu rosto, passando o polegar pela minha bochecha antes de deslizar sobre meu lábio inferior. Meus olhos se fecharam, prendendo as lágrimas que começaram a se acumular neles.
Ele riu.
Minhas pálpebras se abriram. Por que ele estava rindo? Minhas sobrancelhas franziram com sua resposta, e ele tirou a mão do meu rosto.
— E você teve a impressão de que pode decidir isso sozinha? Eu decido se você é útil.
— Eu posso. Você disse que me queria. Bem, estou disposta a tudo. — Eu insisti. Eu não conseguia mais reconhecer minha própria voz. Cheia de desespero.
— Você está esquecendo alguma coisa, Bambina. — Ele balançou a cabeça ligeiramente e mordeu o lábio inferior antes de suspirar. — Você deveria implorar.
— O que você quer que eu faça? — Meu olhar desviou-se para o chão. Minha voz era apenas um sussurro.
— Mostre-me o quanto sua vida tem valor para você... porque agora você parece bastante inútil. — Suas palavras me tiraram o fôlego. Ele estava certo. Foram estas as ações de uma mulher que luta pela sua vida? Eu estava sendo persistente o suficiente? Mostrando a ele o quão longe eu estava disposta a ir.
— Vamos. — Ele passou por mim. — Você é boa com crianças?
Suas palavras me confundiram. Balancei a cabeça.
— Sim senhor.
— Bom, então por enquanto eu tenho utilidade para você. — Ele afirmou antes de sair rapidamente pela porta. Eu o segui como a c****a obediente que eu iria me tornar.