A televisão parecia zombar de mim. Cada vez que eu entrava na sala, as telas estavam lá, despejando manchetes, repetições de entrevistas, âncoras com sorrisos satisfeitos exaltando a “competência” da delegada Eliza Monteiro. Era sempre o mesmo script: imagens dela, altiva, rodeada de repórteres, dando declarações rápidas sobre “mais uma vitória da polícia contra o crime organizado”. Depois, cortes para cenas da safira em um cofre da Polícia Federal, luzes estourando contra a pedra como se fosse um troféu de guerra. E claro, a cereja do bolo: os especialistas em segurança discutindo como a “joia perdida” havia sido apreendida graças ao faro incansável da delegada. Cada vez que a imagem dela aparecia, eu sentia algo dentro de mim torcer, como uma corda prestes a arrebentar. Era raiva, mas

