O escritório estava mergulhado em uma escuridão azulada que emanava das telas. Cada monitor parecia pulsar, refletindo a cidade inteira em suas grades digitais: ruas, bairros, movimentações de pessoas que eu controlava sem que elas sequer soubessem. Mas algo estava diferente naquela noite. Algo pesado. Algo que nem todos os meus anos de experiência e controle poderiam facilmente explicar.
Eu estava irritado. Mais do que isso: frustrado. Aquela mulher tinha a audácia de me tirar do equilíbrio. Eliza Ferraz. Delegada. Insubstituível em sua obstinação. A raiva queimava em mim, um fogo que eu não sentia havia anos, e era acompanhada por algo que me deixava ainda mais desconfortável — a consciência de que, de algum modo, eu não queria que ela morresse.
Kian, sentado do outro lado da mesa, per
