bc

500m do Morro

book_age18+
848
FOLLOW
7.4K
READ
dark
family
heir/heiress
drama
kicking
city
another world
like
intro-logo
Blurb

Luíza é uma menina simples, mas cercada por riquezas que ela sabe não pertencerem a ela. Vive abusos dentro do lugar que deveria ser seguro e sonha conhecer seu pai biológico.

A única pista que ela tem dele é o morro a apenas 500m do apartamento onde ela mora.

chap-preview
Free preview
Capítulo 1: À 500m do Morro
LUÍZA Nunca entendi direito por que minha mãe nunca me deixou subir o morro. Minha amigas iam em bailes lá, mas eu nunca fui. Era uma daquelas regras tão antigas que nem mesmo ela sabia explicar muito bem. "Não é seguro", dizia Marta, minha mãe, com aquele tom que misturava proteção e autoridade. Mas era só isso, sem detalhes, sem histórias. Eu tinha 16 anos e morava em um apartamento espaçoso em um bairro classe média alta do Rio de Janeiro. Se você olhar minha vida por essa perspectiva, você diz que minha vida é ótima e confortável. Mas a verdade é que eu não aguentava mais viver naquele apartamento chique, onde as paredes pareciam sufocar minha existência. Cada dia era uma batalha silenciosa, uma luta para sobreviver àquela casa que, embora luxuosa, era um verdadeiro inferno para mim. Minha mãe, sempre tão distante e fria, era conivente com tudo o que acontecia. Ela via os maus-tratos que eu sofria nas mãos de Sebastião, meu padrasto, e nunca fez nada para impedir. Era como se eu fosse invisível para ela, como se meu sofrimento não importasse. Sebastião, aquele homem que deveria ser uma figura de apoio, era na verdade meu algoz. Os tapas na cara eram frequentes, sempre acompanhados de p************s que cortavam mais que qualquer golpe físico. Os castigos eram ainda piores, dias trancada no quarto, sem poder sair, sem poder ver a luz do sol. E, em algumas ocasiões, ele chegou ao cúmulo de me proibir de comer mais que duas vezes ao dia. Eu sentia a fome corroer meu estômago, mas o que mais doía era a sensação de injustiça, de abandono. Eu sabia que aquilo era errado, que ninguém merecia ser tratado daquela forma, muito menos uma filha. Foi por isso que eu comecei a planejar minha fuga. Eu não podia mais viver assim, sob o jugo de Sebastião e a indiferença da minha mãe. Eu precisava encontrar meu pai, precisava descobrir se havia alguém no mundo que se importasse comigo, que me amasse de verdade. O morro, onde ele morava, parecia distante e assustador, mas era também um símbolo de liberdade, de uma vida onde eu poderia ser eu mesma, sem medo de tapas, castigos ou fome. Eu sabia que não seria fácil, mas eu estava disposta a enfrentar qualquer coisa para escapar daquela prisão e encontrar meu lugar no mundo. Sebastião, meu padrasto, era dono de um posto de gasolina na avenida da praia, e no geral nós não passávamos necessidades. Mas o morro estava lá, sempre presente, a uns 500 metros da janela do meu quarto. De noite, eu via as luzes piscando e imaginava o que acontecia lá em cima. Meu pai biológico morava ali. Eu sabia disso. Não porque minha mãe tivesse me contado diretamente, mas porque eu tinha ouvido fragmentos de conversa entre ela e Sebastião. "Durval o pai da Luíza, ele está lá em cima do morro, vivendo a vida dele", Marta dissera uma vez, como se fosse um detalhe insignificante. Mas não era para mim. Naquela manhã de quarta-feira, eu estava sentado na varanda, observando o movimento da avenida. O som das ondas quebrando na praia misturava-se ao barulho dos carros. Sebastião tinha saído cedo para o posto, e minha mãe estava no quarto, ocupada com alguma coisa no celular. A curiosidade crescia dentro de mim como uma coceira que eu não podia ignorar. — Você nunca pensou em me contar mais sobre ele? — perguntei, entrando no quarto de minha mãe sem bater. Marta levantou os olhos do celular, surpresa. Ela era uma mulher bonita, pele branca com cabelos castanhos claros sempre presos em um coque impecável e olhos verdes que pareciam saber mais do que diziam. — Sobre quem? — respondeu, embora soubesse exatamente do que eu estava falando. — Sobre o meu pai. Por que vocês nunca falam sobre ele? Ela suspirou, colocando o celular de lado. — Luíza, já falamos sobre isso. Ele fez escolhas que… não foram boas. Não tem nada que você precise saber mais do que já sabe. — Mas isso não é justo! Eu tenho o direito de saber quem ele é, o que ele faz! Ela passou a mão pelos cabelos, claramente desconfortável. — Eu não quero que você se envolva nesse mundo, Luíza. O morro… é complicado. — Complicado como? Ele é um criminoso? Ele me abandonou? O que você não quer me contar? Os olhos dela endureceram, mas havia tristeza ali também. — Não é tão simples assim. Ele… ele tinha os próprios problemas. Mas eu fiz o que era melhor para você, para nós. Eu quis perguntar mais, mas sabia que ela não cederia. Marta era firme como uma rocha quando queria. Então, não insisti. Mas dentro de mim, algo tinha mudado. *** Olhei novamente pela janela do meu quarto naquela noite. As luzes do morro brilhavam como pequenas estrelas espalhadas na escuridão. Ele estava lá, tão perto e ao mesmo tempo tão inalcançável. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que descobrir a verdade por conta própria. Eu sempre soube que era diferente da minha mãe. Enquanto ela era branca, com aquele ar de superioridade que parecia pairar sobre tudo e todos, eu era morena, de cabelos negros e escorridos, que caíam sobre meus ombros como uma cortina de seda, mas, cacheando nas pontas. Os olhos dela eram verdes brilhantes, e os meus, castanhos tão escuros que quase pareciam pretos. As minhas amigas sempre diziam que eu era exótica, que não parecia em nada com a mãe. Me chamavam de índia, as vezes e não era em forma de elogio. Mas eu sabia que, por trás daquelas palavras, havia um deboche disfarçado. "Exótica" era só um jeito bonito de dizer que eu tinha aparência de pobre, diferente, que não pertencia ao mesmo mundo delas. E eu sabia por quê. Sabia que o meu pai era pobre, que ele morava no morro. Mas, honestamente, os comentários delas nunca me incomodaram de verdade. O que realmente me consumia era a necessidade de conhecer meu pai. Sebastião, o marido da minha mãe, nunca me tratou como filha. Ele era apenas a sombra de um homem que ocupava um lugar na nossa casa, mas nunca no meu coração. Eu precisava descobrir de onde eu vim, entender a minha história. Por isso, eu já tinha um plano, assim que completasse a maioridade, iria atrás do meu pai, lá no morro. Eu precisava conhecer ele, precisava saber quem ele era, por que ele não estava presente na minha vida. Era uma necessidade que crescia dentro de mim, como uma chama que não podia ser apagada. Eu não queria mais viver sem respostas. Eu queria conhecer minhas origens, queria entender quem eu realmente era. PRA ME AJUDAR: COMENTE MUITO VOTE NO BILHETE LUNAR SIGA MEU PERFIL DREAME INSTA: CRISFER_AUTORA

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

Sete Noites

read
6.9K
bc

Valentina

read
1.9K
bc

Dylan: Entre o amor e o dever

read
3.3K
bc

A protegida pelo dono do morro 3

read
79.2K
bc

A ESTAGIÁRIA

read
47.8K
bc

QUANDO É A PESSOA CERTA 2

read
14.9K
bc

Casei com Um CEO

read
4.2K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook