Capítulo 6: Vivo na Cachorrada

1295 Words
MATHEUS Há seis meses, eu e Luíza estávamos namorando. Ela era linda, doce, e eu sabia que ela confiava em mim. Mas a verdade é que eu não era o cara que ela pensava que eu era. Eu era infiel. E, eu escondia isso muito bem. Luíza achava que eu era um cara tranquilo, de boa, mas como eu poderia ser "de boa" estando no meu primeiro ano na universidade? Aquele lugar era um parque de diversões, e eu não estava disposto a ficar só em um brinquedo. Eu namorava Luíza porque ela era linda e todos me olhavam com inveja quando estávamos juntos. Mas, no fundo, o que eu mais queria era ser o primeiro dela. Não que eu tivesse pressa. Enquanto isso não acontecia, eu me divertia com outras garotas da faculdade. Sempre tinha alguém disposta a passar a noite comigo, e eu estava mais do que satisfeito com isso. Até que um dia, Luíza resolveu liberar para mim. Ela disse que estava pronta, que confiava em mim e que queria que fosse especial. Eu fiquei ansioso, é claro. Finalmente, eu ia conseguir o que tanto queria. E quando aconteceu... foi exatamente como eu imaginava. Despejei todo meu leite nela, bem lá no fundo. Ela era tão apertada, tão inocente. Eu estava ali, com ela nos meus braços, linda e ofegante, e eu me senti no topo do mundo. Mas, mesmo naquele momento, eu sabia que nada mudaria. Eu continuaria sendo quem eu era. Luíza podia pensar que aquilo era o começo de algo maior, mas, para mim, era só mais uma conquista. E, de alguma forma, isso me deixava ainda mais satisfeito. Luíza era tão inocente. Ela fazia planos de se casar comigo, de construir uma vida juntos, de ter filhos... Eu lá queria por filho no mundo? Eu, mesmo sabendo que era errado, alimentava esses sonhos. Eu dizia que também queria tudo aquilo, que ela era a mulher da minha vida, que não conseguia me imaginar com mais ninguém. Ela acreditava em cada palavra, e eu me divertia com isso. Mas a verdade é que, para mim, o importante era o prazer. Agora que Luíza tinha se tornado "ativa", eu pretendia aproveitar mais algumas vezes e depois dispensar ela. Ou talvez não, não sei. Mas, já tinha até em mente a próxima garota, uma menina da faculdade que parecia tão inocente quanto Luíza. Ela era quieta, sempre sentava na primeira fileira das aulas, e eu já havia notado o jeito como ela me olhava quando pensava que eu não estava vendo. Era só uma questão de tempo até eu conquistá-la. Enquanto isso, Luíza continuava sonhando alto. Ela falava sobre como seria nosso apartamento, sobre as cores que escolheria para o nosso quarto, sobre os nomes dos nossos filhos. Eu só concordava, sorria e a beijava, como se compartilhasse da mesma empolgação. Mas, no fundo, eu já estava me despedindo dela. Ela merecia alguém melhor? Claro que sim. Mas eu não estava disposto a ser esse alguém. Eu gostava da sensação de poder, de controle, de saber que podia fazer alguém se apaixonar por mim enquanto eu continuava vivendo minha vida como bem entendia. Naquela noite, depois de fazermos amor, Luíza dormiu nos meus braços, sorrindo mesmo no sono. Eu a olhei por um momento, sentindo uma pontada de culpa que rapidamente ignorei. Em vez disso, comecei a pensar na garota da faculdade, na próxima conquista, no próximo jogo. Por volta das dez da noite, eu acordei Luíza. Ela estava tão tranquila, dormindo profundamente, mas eu não podia deixar que ficasse até mais tarde. Tinha outros planos. — Amor, acorda... Vou te levar para casa, tá bom? — disse, com uma voz suave que eu sabia que ela adorava. Ela abriu os olhos, ainda meio sonolenta, e me olhou com aquele sorriso que sempre me fazia sentir um pouco menos culpado. — Já? Você não quer que eu fique mais um pouco? — perguntou, envolvendo os braços ao meu redor. Eu dei uma leve risada, como se fosse algo engraçado, e soltei um — Outra hora, amor. Hoje tá tarde, e você precisa descansar. Ela concordou, como sempre fazia, e se levantou para se arrumar. Enquanto isso, eu já estava pensando no que viria a seguir. Tinha marcado de encontrar uma garota da faculdade, e não podia me atrasar. No carro, a caminho do apartamento dela, Luíza tentou puxar conversa. Ela falou sobre o dia seguinte, sobre como queria que a gente almoçasse juntos. Eu concordei com tudo, dizendo que adoraria, mas m*l conseguia prestar atenção. Minha mente já estava longe, focada na garota que eu ia encontrar. Quando chegamos ao prédio dela, eu estacionei e a acompanhei até a porta. Ela se virou para mim, com aquele olhar doce que sempre me fazia sentir um pouco mais humano, e me deu um beijo demorado. — Te amo, Matheus. — ela disse, com uma sinceridade que quase me fez hesitar. — Eu também te amo, Luíza. — respondi, automaticamente. Era uma mentira que eu já tinha dito tantas vezes que quase parecia verdade. Assim que ela entrou no prédio, eu dei meia-volta e saí apressado. Não tinha tempo a perder. A garota da faculdade estava me esperando, e eu não pretendia deixar ela esperando por muito tempo. Enquanto dirigia, senti aquela familiar sensação de empolgação, a mesma que sempre vinha antes de uma nova conquista. Luíza já estava no passado, pelo menos na minha cabeça. Agora, era hora de focar no próximo jogo. *** O encontro com a loira estava perfeito. Ela era exatamente o tipo de garota que eu adorava, ar inocente, ingênua, daquelas que acreditam em contos de fadas e finais felizes. Era mais fácil enganá-las assim. Não que eu precisasse disso, claro. Eu era bonito, cabelos cacheados, pele clara, olhos castanhos claros, corpo sarado, eu vinha de uma família de classe alta, e tinha até ganhado um apartamento dos meus pais no Rio. Eles estavam em Goiânia, cuidando da fazenda do meu avô, então eu morava sozinho, com toda a liberdade do mundo. Mas o que eu fazia com essas meninas não era sobre necessidade. Era pura falta de caráter mesmo. Eu gostava do jogo, da conquista, do poder que sentia ao fazer alguém se apaixonar por mim, sabendo que eu nunca retribuiria da mesma forma. A loira, cujo nome eu m*l me importei em lembrar, estava sentada à minha frente no bar, rindo de todas as minhas piadas e me olhando com aquela admiração que eu já conhecia tão bem. Ela usava um vestido simples, mas que destacava sua figura, e seus cabelos loiros caíam em cachos sobre os ombros. Era bonita, é claro, mas o que mais me atraía era a ingenuidade que transbordava em cada palavra que ela dizia. — Eu nunca fiz nada disso antes. — ela confessou, com um sorriso tímido, quando eu sugeri irmos para o meu apartamento. Eu me inclinei para frente, olhando fundo nos olhos dela, e disse. — Não se preocupe, eu vou cuidar de você. Ela acreditou. Claro que acreditou. Por que não acreditaria? Eu tinha praticado essa frase tantas vezes que ela saía naturalmente, como se eu realmente me importasse. No apartamento, tudo aconteceu como eu esperava. Ela era tão inexperiente quanto Luiza tinha sido, e isso só aumentava a minha satisfação. Enquanto ela dormia, eu já estava pensando em como me livraria dela no dia seguinte. Talvez eu dissesse que estava muito ocupado com a faculdade, ou que precisava viajar para visitar meus pais. Qualquer desculpa serviria. Deitado na cama, olhando para o teto, eu senti aquela familiar sensação de vazio. Mas era algo que eu já tinha aprendido a ignorar. O que importava era o prazer, a conquista, o jogo. O resto? O resto era detalhe.
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