Mia Miller
Abro os olhos lentamente e ao olhar para o teto, percebo onde estou, isso não é um pesadelo. Eu estava acordando na casa de Ethan. Maldição.
Prontamente, meu primeiro pensamento do dia é pensar no meu filho. Como está o meu bebê, é inevitável não deixar que as lágrimas caiam toda vez que pensava em Lorenzo. Eu só queria abraçar o meu bebê e nunca mais soltá-lo. Nunca mais.
Ouço uma batida na porta e olho para o relógio em meu celular, são oito da manhã; quem será que está me incomodando a essa hora.
Me levanto rapidamente e olho para mim, dormi com a mesma roupa que estava no corpo, uma calça jeans super apertada.
Abri a porta lentamente ainda coçando os olhos e dei de cara com ele.
Seu terno extremamente alinhado, sua barba perfeitamente feita e os cabelos arrumados, o que esse homem queria.
"Bom dia" ele disse em um tom sério."
Eu revirei os olhos. Ele não era a primeira pessoa que eu queria ver, na verdade era a última, eu o odeio.
"Se arrume, vamos até a delegacia."
Arregalei os olhos "Delegacia?"
"São policiais que prestam serviços para mim. Eles precisam de mais detalhes do que ocorreu no dia do sequestro para adiantarmos as buscas."
"Ok." suspirei."
Eu estava um caco, mas se fosse para ajudar eu faria qualquer coisa.
"Vista algo. Te espero lá embaixo", ele disse, com uma autoridade que me irritava profundamente.
"Não tenho nenhuma roupa, já que fui obrigada a ficar aqui", respondi, revirei os olhos com frustração. "Não trouxe nada comigo."
Ethan me lançou um olhar de desdém, como se minha situação fosse um mero inconveniente. "Irei comprar algumas roupas para você. Esqueça seu passado. Seu presente agora é onde eu quiser que ele seja."
Fiquei ali, congelada, enquanto ele saía do quarto, deixando-me sozinha com meus pensamentos caóticos. Como ele podia ser tão frio, tão implacável? Mesmo assim, havia algo naquele homem que me deixava vulnerável, algo que eu não conseguia explicar.
Tomei um banho, e quando sai me vesti com as roupas que estavam disponíveis no quarto, uma calça de moletom preta e um suéter grosso, sem dúvida deixados lá por ordem dele. Minutos depois, desci as escadas e encontrei Ethan esperando por mim na entrada da mansão, impaciente.
O caminho até a delegacia foi silencioso e desconfortável. O carro deslizou suavemente pelas estradas nevadas do Colorado, o som abafado dos pneus na neve preenchendo o silêncio entre nós.
Cada vez que nossos corpos se tocavam por acidente, seja pelos movimentos sutis do carro ou pela proximidade inevitável no espaço confinado, eu sentia uma onda de calor subir pela minha espinha.
Ele parecia imune ao frio do inverno ao redor, enquanto eu me encolhia dentro do casaco pesado, tentando aquecer minhas mãos. Havia algo em sua temperatura, algo intensamente quente, quase sobrenatural, que me deixava ainda mais inquieta.
Eu me odiava por sentir isso, por essa atração inexplicável que surgia toda vez que ele estava perto. Não deveria me sentir assim, não por um homem como ele. Mas havia algo de primitivo, de irresistível, que fazia meu corpo trair minha mente.
Finalmente chegamos à delegacia. Ethan saiu do carro, e eu o segui, com o coração pesado. Enquanto caminhávamos para a entrada, o vento gelado atingiu meu rosto, eu me perguntava quem exatamente era aquele homem ao meu lado e por que, apesar de todo o medo e repulsa, eu me sentia tão atraída por ele.
Entramos, e os seguranças dele nos aguardavam lá fora.
"Espere aqui." ele ordenou e pediu que eu sentasse na cadeira."
Sentada na cadeira daquela delegacia, senti minha ansiedade aumentar a cada segundo que passava. O ambiente era sombrio, com paredes desgastadas e uma iluminação fraca.. Tudo o que eu podia fazer era murmurar uma oração silenciosa, suplicando para que meu filho fosse encontrado logo.
Meu coração disparou ao ouvir passos se aproximando. Levantei o olhar e, de repente, minha respiração ficou presa na garganta. Aquele rosto... Eu não o via há dois anos, mas o reconheci de imediato.
Collin.
Ele estava parado à minha frente, ainda o mesmo, exceto pela barba por fazer que dava um ar mais maduro ao seu rosto.
Meu choque foi imediato, uma mistura de memórias dolorosas e surpresa. Como ele estava ali? Como eu não sabia?
"Mia?" Collin disse com a sua voz surpresa misturada com um toque de curiosidade. "O que você está fazendo aqui?"
Minha mente entrou em alerta, eu não podia compartilhar muito, especialmente com ele. "Assuntos pessoais", respondi, mantendo minha expressão neutra erguendo o queixo para não parecer vulnerável.
"Eu trabalho aqui na parte administrativa." ele disse e eu revirei os olhos."
"Legal. Bom para você."
Collin me encarou por um momento, tentando decifrar minhas palavras.
"Eu ouvi dizer que você tem um filho... Esse filho, é meu, Mia? Você sempre foi misteriosa, mas agora, depois de tudo... eu preciso saber."
A menção de Lorenzo vindo dos lábios de Collin me causou uma mistura de raiva e repulsa. Como ele podia sequer pensar nisso? Eu mantive meu olhar firme.
"Não, Collin. Lorenzo não é seu filho."
Ele estreitou os olhos, a descrença evidente em sua expressão.
"Como posso ter certeza disso? Você nunca me deixou saber de nada, e nem me deu uma chance."
"Uma chance de quê?" sorri ironicamente." De tentar me explicar por que você estava trepando com a minha melhor amiga?"
"Mia… Eu e ela não temos nada. Você era a mulher que eu amava."
"Amava tanto que me traiu."
"Mia… Se esse filho for meu eu tenho o direito"
Antes que eu pudesse responder, uma voz gelada e imponente cortou o ar, interrompendo a conversa.
"Esse senhor está te importunando?." Era Ethan. Ele entrou na sala com uma postura dominante, o ar de superioridade emanando de cada movimento.
Collin deu um passo para trás, claramente intimidado pela presença de Ethan. A autoridade em sua voz não deixava espaço para questionamentos, e eu pude ver o medo nos olhos de Collin.
"Quem é você? Não está vendo que estou falando com ela?" Collin retrucou."
"Sou o pai do filho dela." Ethan o olhou com os olhos frios."
Ethan se aproximou de mim, colocando-se entre nós dois, como se para proteger; o que eu achava bem difícil vindo da parte dele, ou, talvez, para reivindicar a propriedade dele.
"Você ouviu o que eu disse. Afaste-se dela."
O chefe de polícia chegou até nós cortando aquele clima.
"Sr Greenwood." ele se aproxima." Podemos começar a recolher as informações."
Collin,ao ouvir o sobrenome de Ethan, abaixou a cabeça, sua bravata desapareceu rapidamente. O que me causou mais medo, esse homem devia ser horrível para ser tão respeitado assim na cidade.
"Não quero problemas, Só queria... saber."
Ethan deu um passo à frente, aproximando-se de Collin com uma expressão ameaçadora. "Agora você sabe. E eu sugiro que você suma daqui antes que eu faça algo que você vai se arrepender."
O delegado recolheu todas as informações possíveis de mim, e eu tentei lembrar de cada mínimo detalhe. Um dos que me deixou mais pensativa, foi por que Charlotte pegou aquele atalho? Sendo que dava para chegarmos à entrevista de emprego pela estrada principal.
Eu não queria duvidar da minha amiga. Mas cada detalhe era importante.
"Vou encontrar o garoto custe o que custar." Ethan me olha fixamente como se pudesse saber todos os meus segredos.'
"Obrigado, Ethan."
"Não faço isso por você. E sim porque ele tem meu sangue."
Ele conversou baixo com o delegado e entregou um pacote que parecia ser dinheiro em suas mãos. Me assustei. Se ele conseguia ter a lei em suas mãos, imaginava o que ele poderia fazer comigo.
Suspirei. De alguma forma,eu estava ali rendida, não me restavam escolhas. Mas eu sabia que estava me aprofundando cada vez mais em uma teia de segredos.