Mia Miller
O silêncio na mansão de Ethan era pesado, quase sufocante.
Com ele fora, a casa parecia um labirinto de segredos, e meu desejo de descobrir o que realmente estava acontecendo só aumentava. Caminhando pelos corredores, minha curiosidade me levou a explorar cada canto, cada porta, na esperança de encontrar algo que revelasse mais sobre o homem misterioso que controlava cada pequena parte da minha vida agora.
Olhei bem, não havia ninguém aqui.
Como ele conseguia viver nesse silêncio? Ele não tinha pais? Parentes?
Foi então que ao olhar para trás me bati com algo
"Ai que merda." murmurei ao esbarrar o braço em uma porta."
Era uma porta no final de um corredor escuro, diferente das outras. O puxador de metal estava desgastado, como se fosse usado com frequência, contrastando com o resto da mansão imaculada.
Algo sobre aquela porta me chamou. Sem pensar, minha mão foi instintivamente ao puxador. Tentei girar a maçaneta, e para minha surpresa, a porta cedeu, rangendo ao abrir.
O que encontrei do outro lado foi... inexplicável.
O quarto estava mergulhado em uma penumbra que só era quebrada por uma luz fraca vinda de uma pequena janela coberta por cortinas pesadas. Nas paredes, símbolos que eu nunca tinha visto antes, mas que, de alguma forma, pareciam estranhamente familiares.
Eles estavam desenhados com precisão, como se fossem parte de um ritual ou um código antigo. No centro do quarto, havia uma mesa coberta de objetos estranhos — cristais brilhantes, frascos com líquidos de cores bizarras, e o que parecia ser um livro antigo, suas páginas amareladas e gastas.
Meu coração batia acelerado enquanto eu olhava ao redor, tentando entender o que estava vendo. Tudo ali exalava uma aura sobrenatural, uma energia que eu não conseguia explicar. Meus dedos tremiam ao tocar um dos frascos, e foi nesse momento que algo dentro de mim reconheceu o símbolo na parede. Onde eu já tinha visto aquilo antes?
Antes que eu pudesse processar, e tocar no livro para ver o que estava escrito senti uma presença atrás de mim. Ethan.
"Você não deveria estar aqui Mia," sua voz era fria, cortante. Ele estava na porta, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.
Era como se toda a sua fachada desmoronasse, revelando algo muito mais perigoso e assustador por baixo.
"Quem é você, de verdade?" perguntei, tentando manter a voz firme, mesmo que meu coração estivesse batendo descontroladamente.
Ethan não respondeu imediatamente. Ele deu um passo à frente, o suficiente para me fazer recuar. "Saia daqui, Mia. Agora."
Havia uma urgência em sua voz que eu nunca tinha ouvido antes, mas também algo mais — medo? Ele estava escondendo algo, algo grande, e a forma como ele me olhava agora, como se eu fosse uma intrusa em seu mundo, só confirmou minhas suspeitas.
"Eu não vou a lugar nenhum até você me dizer o que está acontecendo," insisti, mas Ethan já estava me empurrando gentilmente para fora do quarto.
Ele fechou a porta atrás de nós, trancando-a com uma chave que parecia ter surgido do nada. "Isso não é da sua conta" disse, sua voz mais suave mas ainda firme. "Esqueça o que você viu. Por favor, não quero tomar atitudes drásticas contra você."
"Você é o pai do meu filho. Eu preciso saber com quem ele está se metendo."
Ele pareceu me analisar de cima a baixo, pausadamente, e eu tentei manter o controle.
"No contrato que você assinou… diz que você fará o que eu quiser, se quiser seu filho de volta eu peço que fique quieta!"
Eu poderia ver a batalha interna em seus olhos, como se ele estivesse dividindo entre me proteger e me afastar. E, por um momento, fiquei tentada a recuar, a deixar isso para lá. Mas algo dentro de mim sabia que aquela era a chave para entender tudo — o sequestro de Lorenzo, a verdadeira natureza de Ethan, e até mesmo as perguntas que eu nem sabia que tinha sobre mim mesma.
Mas, por enquanto, Ethan não me daria mais nada. Ele me guiou de volta para os corredores da mansão, o silêncio entre nós agora ainda mais pesado, cheio de coisas não ditas e mistérios que eu estava determinada a desvendar.
Eu sabia que estava apenas arranhando a superfície. E, de alguma forma, sentia que o que quer que estivesse escondido naquele quarto era apenas o começo.
Após aquela péssima situação, tudo aquilo não saia da minha cabeça. Ethan se trancou em seu escritório e não deu mais as caras.