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1141 Words
Mia Miller. Sinto meu corpo todo suado e acordo com um sobressalto, meu coração disparado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ao olhar ao redor, percebo que estou segura, mas a sensação de angústia não me abandona. Foi só um pesadelo, mas o medo e a ansiedade permanecem vivos dentro de mim. Sonhei com meu filho. Ou melhor, não dá para chamar aquilo de sonho. Foi um reflexo dos meus maiores medos, uma lembrança dolorosa de tudo o que estava em jogo. "Meu amor, você vai ficar bem," sussurro, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ele. Lorenzo. Meu Lorenzo. A lembrança do dia em que ele nasceu preenche minha mente, tão meigo, tão frágil. Seu corpinho cabia em minhas mãos como se fosse uma extensão do meu próprio ser. Na maternidade, apenas meu pai estava lá, radiante com a ideia de ser avô. Ele nunca me julgou, apenas foi um avô incrível para o Lorenzo, algo que nunca poderei agradecer o suficiente. Às vezes, me pego pensando em como minha vida seria diferente se eu tivesse procurado por Ethan antes. Talvez Lorenzo estivesse seguro, talvez eu não estivesse nessa situação desesperadora. Mas agora, conhecendo quem Ethan realmente é, vejo que eu e meu filho não perdemos nada ao ficarmos longe dele. Ele é frio, controlador, e embora me atraia de uma maneira que não consigo explicar, sei que não é o homem que eu quero ao meu lado. Me levantei da cama com os músculos implorando para ficar mais lá. Mas eu precisava acordar. Precisava saber notícias. Ethan disse que me levaria para comprar roupas, para ser sincera eu estava cagando para suas roupas e seu dinheiro, eu só queria sair daqui com o meu filho. Mas relembrando o contrato em que ele me ofereceu, eu estava aqui, presa, para sempre. Eu me vesti com as roupas que estavam no quarto e desci as escadas, tentando manter uma expressão neutra. Ethan já estava esperando, como sempre, impecavelmente vestido e pronto para sair. Ele não disse uma palavra, apenas me fez um gesto para segui-lo. O silêncio entre nós era quase ensurdecedor, cheio de tensões não resolvidas e perguntas que eu temia fazer. Enquanto caminhávamos para o carro, a sensação de estar sendo observada crescia, e não era apenas por Ethan. Era como se toda a casa, todo aquele ambiente, estivesse vivo e consciente da minha presença. Algo estava errado ali, muito errado, e eu não sabia quanto tempo mais conseguiria aguentar sem desmoronar. "Para onde vamos?" perguntei." "Há um lugar, onde provavelmente os sequestradores pararam. Os meus homens rastrearam. Preciso que você veja de perto,eu não saberia reconhecer algum pertence do garoto." Suspirei. "Ok." "De lá eu preciso ir trabalhar. Voltará com meu motorista, sem gracinhas." Ele era extremamente irritante. Observei ele entrar no carro, sua jaqueta de couro brilhava no sol, seus olhos eram extremamente azuis, e seus cabelos pretos. Era uma das características pelas quais eu lembro que me entreguei. Ethan foi o último homem com quem eu me envolvi. Desde que descobri a gravidez, só vivia para meu pai e meu filho. A esperança de encontrar pistas era grande, e eu fui o caminho todo pensando nisso. Por que esses sequestradores não entraram em contato ainda? Por que levaram Lorenzo? Eram tantas perguntas que a minha mente não descansava um segundo. Olhei para Ethan Greenwood. Ele estava em silêncio,mas havia algo mais por trás dele, algo que ele não estava dizendo. Mas antes que eu pudesse perguntar mais, o carro parou em frente a uma cabana isolada na floresta. "Estamos aqui," ele anunciou, saindo do carro e indo até o porta-malas. Eu o segui, minha respiração se acelerando com a ansiedade do que poderia encontrar. Ethan abriu o porta-malas e retirou lanternas de lá, me entregando uma. "Vamos," ele disse, sem esperar por uma resposta. Os seus seguranças ficaram na porta vigiando enquanto nós fomos olhar mais de perto. A cabana estava velha, com tábuas de madeira apodrecendo e janelas empoeiradas. O lugar parecia abandonado há anos, mas quando entramos, percebi que havia sinais recentes de atividade. Havia pegadas na poeira do chão, e alguns móveis estavam fora do lugar, como se alguém tivesse vasculhado o local. Olhei ao redor, tentando encontrar algo que me desse esperança, qualquer coisa que indicasse que Lorenzo esteve ali. Meu coração batia descontroladamente, e minha mente trabalhava a mil por hora. "Veja isso," Ethan chamou minha atenção para uma mesa no canto da sala. Havia um objeto lá, algo pequeno e familiar. Caminhei até a mesa e vi o brinquedo favorito de Lorenzo, um ursinho de pelúcia surrado. Minha visão ficou embaçada pelas lágrimas, e minha mão tremia enquanto pegava o ursinho. "Meu filho estava aqui.", sussurrei, a dor me rasgando por dentro. Ethan colocou uma mão firme no meu ombro, uma tentativa estranha de conforto. "Vamos encontrá-lo. Dou a minha palavra, é mais uma pista agora eu sei para onde provavelmente eles foram." Eu queria acreditar nele, queria desesperadamente acreditar que Lorenzo estaria em meus braços em breve, mas algo no olhar de Ethan me fez hesitar. Havia algo que ele estava escondendo, algo que eu ainda não conseguia entender. E então, do nada, o chão sob nossos pés começou a tremer. O som de madeira rangendo ecoou pela cabana, e um estalo alto me fez saltar. Antes que eu pudesse reagir, uma parte do teto desabou, e Ethan me puxou para longe, protegendo meu corpo com o dele. O impacto foi rápido e brutal, e tudo ao nosso redor virou caos. Quando a poeira começou a baixar, eu estava nos braços de Ethan, meu corpo protegido pelo dele. Olhei para cima, ainda em choque, e vi seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia decifrar. Nossas respirações entraram em sincronização, e sua boca estava tão, mas tão perto… "Você está bem?" ele perguntou." "Sim... acho que sim," respondi, ainda tentando entender o que acabara de acontecer. Ele me ajudou a ficar de pé, mas antes que eu pudesse agradecer, percebi algo estranho. As roupas de Ethan estavam rasgadas, mas ele não parecia ferido. Não havia nenhum arranhão, nenhum corte, nada. Apenas seu olhar intenso, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. Mas que p***a era essa? A agilidade com que ele me pegou foi sobre-humana. "O que... o que você é?" perguntei olhando fixamente em seus olhos." Ethan me encarou por um momento, seus olhos escurecendo. "Deveria parar de fazer tantas perguntas Mia Miller" ele respondeu finalmente, o tom firme. "E agora, precisamos sair daqui antes que isso desmorone por completo." Sem mais explicações, ele me puxou pela mão e me guiou para fora da cabana. O ar frio da floresta me atingiu com força, e minha mente girava com as possibilidades do que Ethan poderia ser. Quem, ou o que, era ele?
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