Um Convite Especial

1446 Words
Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo, a gente não tinha cachorro antes, não era para ele estar na foto, e cadê o Martin? Eu tinha certeza que ele estava conosco no dia que tiramos aquela foto, foi no Natal, estávamos todos juntos. - Ah, ele é fofo! - Falou meu irmão ao se referir ao cachorro da foto. - Com certeza deve ser mais legal que o Martin, será que podemos ficar com ele quando voltarmos? Olhei seriamente para meu irmão, eu não acredito que ele havia dito isso, sério que ele preferia um cachorro do que o nosso próprio irmão? Tá, o cão realmente era fofo, seria legal ter um cachorro, mas só se eu tivesse o meu irmãozinho também, ele podia ser meio chatinho e implicante as vezes, mas era meu irmão. (...) Três dias haviam se passado e volta e meia eu olhava a foto para ver se Martin já havia aparecido, mas até o momento nada, onde será que o meu irmãozinho foi parar? Ao longo dos dias que se seguiram, Sebas começou a trabalhar como garçom no Meia Lua, ele nunca quis saber de serviço, mas como ele havia conseguido quebrar uns pratos que estavam em cima do balcão, e como ele não tinha dinheiro para pagar, seu Luís fez meu irmão trabalhar de graça pra ele, acho que Sebastián até havia gostado disso, não o via reclamando, nem nada, o que era um milagre, já que ele reclamava de quase tudo. - Nos falamos depois? - Me perguntou Ricardo ao me deixar em casa após mais um dia de aula. - Claro. - Sorri timidamente. Ele me deu um beijo no rosto e foi embora. Fiquei vendo-o se afastar e então entrei em casa. Vovô estava pondo a mesa para o almoço. - Depois que você terminar quero te levar em um lugar. - Onde? - Surpresa. - Sorriu e me serviu o almoço. Eu adorava surpresas embora fosse bem curiosa, fiquei tentando imaginar onde ele poderia me levar, mas nada me vinha à mente, não sendo para 2023 eu aceitaria ir em qualquer lugar. (...) - É aqui! - Vovô disse ao chegarmos. Eu olhei cada detalhe sem crer. Tinha um balcão com um telefone fixo, onde ficava a secretária e tinha diversos cartazes nas paredes com fotos da Isabella e em uma parede eu pude ver com letras enormes ´´Bem Vindos à 57´´, sim, eu estava nos estúdios do programa de maior sucesso daquela época. - Vem, quero te apresentar para uma pessoa. - Me puxou levemente pelo braço. Fomos até uma salinha, onde na porta eu pude ver o nome ''Isabella''. Vovô bateu à porta e logo a moça da TV abriu a porta. - Andrés! - Falou surpresa e sorridente. - Oi Isa. - Ele tinha um sorriso bobo no rosto. Meu avô e Isa eram amigos há pouco tempo e ele era apaixonado por ela, só que até onde eu sei, ela não sabia disso, ou fingia que não sabia, porque meu vô só faltava escrever na testa ´´Isabella, eu te amo´´, porque para mim era algo tão óbvio. - Deixa eu te apresentar. - Falou sem tirar os olhos da mulher. - Essa é a Luna, minha ne… Digo, minha prima, ela mora em outra cidade, mas está passando uns tempos na minha casa. - Bom, Luna, essa é a Isabella. - Que mocinha tão bonita. - Falou com um sorriso simpático. - Obrigada, e você é tão… Linda. Ela sorriu e me agradeceu, mas não era questão de educação, não, Isabella de fato era uma mulher linda, tinha uma beleza sem igual, não era a toa que meu avô era gamadão na dela. De repente escuto um homem falando alto, parecia nervoso, e parecia que estava brigando com a sua secretária, se tratava de Jonathan, o produtor do programa. Ficamos sem entender o que estava acontecendo, e após Isabella o questionar sobre o porquê dele estar tão zangado, o homem disse: - Uma das dançarinas me ligou agora, 10 minutos antes do programa começar para avisar que quebrou o pé e não vai poder dançar. Era só o que faltava, ela quebrar o pé logo agora. Sim, ele disse isso, como se a garota tivesse quebrado o pé de propósito só para não dançar, teria que ser uma pessoa muito louca para fazer um absurdo desses. - Já sei! - Falou Isa parecendo ter uma idéia. - Luna, por que você não dança? Oi? Como é que era? Eu dançar em um programa de TV? Tá, eu amava dançar, mas eu não sabia a coreografia, não tinha ensaiado nada e nem estava preparada para isso. Seria loucura eu aceitar. - Mas eu não sei a coreografia. - Falei. - É só imitar os passos, não é tão difícil. Agora vá se trocar, entramos daqui a pouco, Isa dê para ela o figurino. - Falou Jonathan se pondo a se retirar em seguida. Amélia me mostrou o vestido que eu usaria e ele era tão bonito, tão elegante, tão… anos 50, tinha adorado ele. Vesti e não conseguia parar de me ver no espelho, pena que eu tinha esquecido meu celular na casa do vovô, queria poder tirar umas fotos para recordar esse momento. Ao sair do camarim de Isa, dei de cara com quem? Com quem? Com quem? Com a Carolina e sua trupe. - O que vocês fazem aqui? - Perguntei surpresa ao vê-las. - Nós somos dançarinas do programa. - Caro disse com ar esnobe. - E o que você faz aqui? - Me olhou dos pés à cabeça. - Hã… - Pensei em me pronunciar. - Perai… - Me interrompeu. - Não me diz que você vai dançar também? - Vou… As três começaram a rir histericamente, será que eram malucas? Eu não tinha contado nenhuma piada, será que meu vestido estava sujo? Olhei para ver, porém não estava, ou seja, elas não tinham motivo para estarem rindo. Caro se pôs séria enquanto Laura e Simone ainda continuavam rindo. - Chega! - Falou a líder ao me encarar seriamente e fazendo as outras duas pararem de rir. - Boa sorte, você vai precisar. - Ela me deu as costas e saiu seguida por suas apóstoles. Confesso que ao ouvi-la dizer aquilo eu tinha ficado meio apreensiva e insegura, pensei em desistir, mas do jeito que Jonathan parecia bravo, acho que ele me mataria se eu mudasse de ideia. Voltei para o camarim, me olhei no espelho e pensei pela última vez se eu deveria participar daquele programa ou não, e enquanto tento tomar minha decisão final, Isa entrou às pressas. - Vamos Luna, o programa já vai começar. - Não sei. Tô com medo de passar vergonha. - Fique calma, vai dar tudo certo. É só me imitar, está bem? Seu olhar me passava confiança e ternura, não tive como mudar de ideia e resolvi ir com ela. Fiquei mais no fundo, tentando ser menos vista pelo público de casa, Caro, Laura e Simone ficavam mais à frente próximo da Isa, que ficava mais na frente ainda, afinal, ela era a apresentadora do programa. Jonathan começou a contagem regressiva me deixando mais nervosa e com v*****e de sair correndo. 5… 4… 3… 2… 1. Isa cantou divinamente a música tema do programa, enquanto isso eu e mais algumas pessoas fizemos a coreografia da música, eu estava perdida, não conhecia aqueles passos e eles eram tão rápidos e tinham tantos movimentos, todo mundo já sabia os passos, estavam acostumados com isso, já eu não, tentava imitá-los, mas não era tão fácil como eu pensei. - Eu fui h******l. - Falei após a apresentação. - Hey, não foi, não. - Isa me abraçou. - Para quem não conhecia a coreografia você foi ótima. Lhe sorri e ela fez o mesmo, se retirando em seguida. Me pus a olhar para o espelho enquanto desfazia o meu r**o de cavalo. Vovô entrou em seguida no camarim onde eu estava e se colocou de frente para mim, me esbanjando um sorriso sincero. - Mandou bem, netinha. - Brincou. - Acha mesmo, vovô? - Lhe sorri. - Acho sim. Ele abriu um enorme sorriso e me abraçou. O abraço do meu avô não havia mudado nada, era o mesmo abraço aconchegante que passava calmaria e ternura. Eu sentia saudade do meu vôzinho do presente, mas estava adorando conhecer o meu avô do passado, e devo dizer que vovô Andrés com seus 20 e poucos aninhos era um gato, e não digo isso por ser sua neta, mas sim, porque de fato é verdade.
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