- Oi. Eu estou procurando pelos meus amigos, mas espera… - Disse o belo garoto que estava à minha frente. - Não me lembro de já ter lhe visto, é nova aqui?
- Hã… Sou. - Falei enquanto enrolava as pontas do meu cabelo que estava preso em um r**o de cavalo.
- Ricardo! - Ele disse estendendo a mão para me cumprimentar.
Ricardo era um garoto alto, magro, cabelo castanho e penteado para o lado, seus olhos castanhos tinham um brilho especial e ele possuía um lindo e terno sorriso.
- Luna! - Falei ao cumprimentá-lo com um aperto de mão.
Nossos olhares se cruzaram e eu senti algo que nunca tinha sentido antes, não conseguia parar de olhá-lo, seu olhar parecia me hipnotizar.
- Ah, ai está você! - Falou vovô ao se aproximar de mim. - E cadê o seu irmão?
- Não sei, deve estar por aí, vovô. - Falei.
Droga! Acho que não deveria mais chamá-lo assim, pois Ricardo ficou me olhando com uma expressão confusa, já meu avô me olhou com reprovação.
- Digo, Andrés. - Falei. - É que eu pego no pé dele porque o meu primo, Andrés, é tão chato e implicante que parece um velho, dai as vezes eu o chamo de vovô para chateá-lo.
Ricardo acreditou na minha mentirinha, afinal, eu não podia contar pra ele que eu era uma viajante do tempo, quer dizer, eu até poderia, mas ele acharia que eu sou louca e não era isso que eu queria.
Sebas apareceu em seguida, apresentei ele para Ricardo, que pensou que fosse meu namorado e eu expliquei que se tratava do meu irmão. Por coincidência ou não, eu fiquei na mesma turma que o garoto.
Vovô se despediu da gente e foi embora, nos deixando ali em um ano totalmente diferente e com um mundo completamente novo por descobrir.
Fico conversando com Ricardo, que parecia ser um garoto muito legal. De repente se aproximam da gente três garotas.
- Oi Rica. - Fala uma garota ao abraçá-lo.
- Oi Caro. - Ele diz com uma revirada de olhos.
As meninas eram Carolina, a líder e suas amigas, Simone e Laura. Pelo que eu entendi, há algum tempo Ricardo e Caro haviam sido namorados, mas o relacionamento dos dois durou pouco tempo e o garoto acabou terminando tudo com a garota, que não aceitou muito bem o término. Ricardo me apresentou para elas, no entanto, Caro nem fez questão de demonstrar que não havia gostado de mim, sendo que eu não tinha feito nada para ela.
O sinal tocou, Ricardo ignorando -a saiu comigo para me mostrar onde era a nossa sala. Ao entrar percebo que era a mesma sala que eu estudava no futuro, ou no presente, que seja. Olho atenta para cada detalhe, as mesas e cadeiras eram diferentes, o armário dos professores também não era mais o mesmo. Tudo parecia tão velho, tão antigo, tão anos 50. Dava um gostinho de nostalgia e acabei sentindo saudade de um tempo que eu nem vivi, como isso era possível?
A professora se chamava Leonor, era uma moça jovem de cerca de 30 anos, os alunos pareciam que gostavam bastante dela, eu também gostei.
- Oi, você é a aluna nova, né? - Perguntou uma simpática garota, assim que a aula acabou.
- Sou. - Respondi. - Me chamo Luna.
- Mercedes. - Ela disse ao esticar a mão para mim.
Sorri ao escutar o seu nome, eu sabia de quem se tratava, era a avó da Stef, só podia ser ela, era o mesmo nome e as duas eram tão parecidas.
Cumprimentei -a com um aperto de mão, acho que naquela época isso era bem comum, e não demorou muito para Mercedes e eu ficarmos muito amigas.
- Luna, esses são meus amigos, o Gabo e o Mauricio. - Disse Ricardo ao me apresentá-los. - Nós vamos ao Meia Lua, vocês querem ir?
- Meia Lua? - Questionei.
Bom, o único Meia Lua que eu conhecia era uma espécie de lanchonete velha que tinha perto da nossa casa e que não funcionava há anos, nunca cheguei a conhecê-la por dentro, mas confesso que sempre tive curiosidade, acho que seria uma boa oportunidade para conhecê-la.
- Vamos, Luna. - Disse Mercedes
- Tá, eu vou. - Falei com um leve sorriso e notando o sorriso de JJ para mim.
Fomos em seguida para a lanchonete Meia Lua, era tão lindo por dentro, tudo tão colorido e cheio de vida. Tinha diversas mesinhas com banquinhos, ah e tinha um jukebox, um aparelho que tocava discos de vinil, olhei aquele lugar sem crer que era real. Nos sentamos em uns bancos à mesa e logo um senhor veio nos atender, ele era o seu Luis e era o dono da lanchonete. Acabamos pedindo um milk shake para cada um.
Noto Ricardo, Mercedes, Gabo e Mauricio conversando sobre um tal de Cristóvão Colombo Tem Talento, mas não tinha ideia do que seria isso, eles pareciam bem empolgados e animados. Eis que Ricardo me explicou que se tratava do concurso da nossa escola, onde os alunos se apresentavam com números de canto, dança, piadas, etc, e os melhores da escola receberiam uma viagem para outro país para concorrerem a um prêmio com outras escolas, eu achei o máximo, pois adorava cantar e dançar.
De repente entra uma moça muito bonita que aparentava ter uns 40 anos e junto dela tinha uma linda e doce garota de aparentemente uns 13 anos, que tinha Síndrome de Down. Ricardo as cumprimentou muito alegre e logo me apresentou para elas.
- Luna, essa é a minha mãe, Esmeralda e essa aqui é a minha irmãzinha, Camila. Mãe, Camilinha, essa é a Luna, uma nova amiga.
- Muito prazer. - Digo.
- O prazer é nosso. - Falou dona Esmeralda.
- Vo… você é bo… bonita. - Falou Camila.
- Obrigada, e você é muito linda. - Digo ao arrancar um sorriso dela.
Eu estava amando o ano de 1957, tudo parecia tão lindo, tão colorido e divertido, as pessoas pareciam tão educadas, quer dizer, quase todas, só não havia achado muito simpáticas a Carolina e as amiguinhas dela.
Assim que eu cheguei em casa, me deparei com vovô sentado no sofá vendo TV, e pelo que eu percebi, ele estava vendo um programa chamado Bem Vindo à 57.
- Ela é tão linda. - Disse vovô se referindo à Isabella, a apresentadora do programa.
De fato, Isabella era uma linda mulher, possuía o cabelo louro e chanel e tinha olhos claros, sem mencionar o fato dela se vestir muito bem para aquela época. Assim que o programa terminou, vovô notou a minha presença.
- Onde você estava? - Me perguntou.
- No Meia Lua com uns amigos.
- Ah, já fez amizades, é? Que legal!
- Sim, um pessoal da escola. - Falei. - E o Sebas?
- Acabou de sair. - Me respondeu.
Me sentei no sofá, do lado do vovô, peguei o meu celular e comecei a mexer. Vovô ficou olhando o que eu estava fazendo. Como naquela época não existia internet, eu não poderia acessar minhas redes sociais, mas isso era o de menos.
- Quem são? - Perguntou vovô ao ver uma foto da nossa família.
- Ah, aqui do meu lado é a minha mãe, a sua futura filha.
- Ela é linda. - Falou surpreso.
- É sim. - Digo com saudade da minha mãe. E esse aqui é o meu pai.
- Eles são felizes? Ela casou bem?
- Sim vovô, meus pais se amam muito. Ah, esse aqui do lado do Sebas é você.
- Nossa, eu fiquei f**o, hein.
- Não ficou, não. Você é um vovô muito bonito. - Falei ao arrancar um sorriso dele.
- E esse aqui é o… - Digo ao apontar para Martin.
Mas espera, onde estava o meu irmão? Eu tinha certeza de que ele estava na foto conosco, no entanto, no lugar do Martin tinha apenas um cachorro, mas como? Será que o meu irmão havia se transformado em um cão? Não, não podia ser.