Bem Vindos à 1957

1291 Words
Meu irmão e eu olhamos cada detalhe. Era tudo tão diferente. Estávamos na nossa rua, mas a maioria das casas eram diferentes, os carros eram todos antigos, as pessoas usavam roupas diferentes, as mulheres usavam vestidos que iam até os joelhos, e muitas usavam um laço no cabelo, já os homens usavam calças jeans e jaquetas de couro, fiquei me sentindo dentro de um filme de época, não conseguia crer naquilo que eu estava vendo, parecia mentira. As pessoas que passavam pela gente nos olhavam de uma forma estranha, como se fossemos extraterrestres, acho que pelo fato de estarmos usando roupas que não eram daquela época. - Onde estamos? - Perguntou meu irmão. - Acho que na nossa rua. - Falei. - Não, devemos estar em qualquer lugar, menos na rua de casa. - Com certeza a FrankenTV funciona, devemos estar em outro ano. - Falei maravilhada com tudo aquilo. De repente avisto um jornal voando, pego para saber em que ano estávamos, até o jornal tinha aspecto antigo, isso era tão surreal. - Nossa, eu não sabia que tinham mudado o presidente do Brasil. - Falou Sebas ao ver uma matéria do Juscelino Kubitschek na capa do jornal. - Ai Sebastián, infelizmente o presidente continua o mesmo, não percebeu que não estamos mais em 2021. Olho para a data e vejo o ano de 1957, estávamos realmente no passado, eu não consigo nem descrever a emoção que eu estava sentindo, era como viver um sonho, do qual não acabaria quando eu acordasse. Sebas também viu a data e ficou surpreso com tudo aquilo. Quem diria que eu viveria para ver uma máquina do tempo, pensei que essas coisas fossem existir dentro de uns 200 anos, se é que fosse existir algum dia. Reparo mais um pouco naquele lugar, todas as pessoas pareciam se conhecer, se cumprimentavam com um sorriso e todo mundo sabia o nome de todo mundo. Vejo crianças correndo, pessoas passeando com seus cães, era mais incrível do que eu imaginava. A casa do nosso avô estava no mesmo lugar e não tinha mudado nada, acho que meu vô sempre gostou de coisas antigas, ele detestava mudanças. Puxei meu irmão pelo braço e nos dirigimos até a casa do vovô. Logo que eu toquei a campainha, um rapaz de cerca de 20 anos abriu a porta. - Oi vovô. - Falei com um enorme sorriso. - Nós somos os seus netos. Ele estava com uma escova de dentes na boca, certamente interrompeu sua higiene bucal para atender a porta, eis que ao me escutar chamá-lo de avô, ele ficou boquiaberto, deixando a escova cair no chão. Sebas e eu sorrimos aguardando que ele falasse algo, mas parecia paralisado. Vovô olha para todos os lados como se estivesse procurando por algo ou alguém. - Cadê as câmeras? Isso só pode ser alguma pegadinha. - Vovô não se lembra da gente? - Perguntou meu irmão. - Não seja i****a, Sebastián! Estamos no passado, tecnicamente nem nascemos ainda, como ele se lembraria da gente? - O repreendi. - Pensei que tivéssemos nascido há 17 e há 18 anos. O ignoro, às vezes preferia ignorá-lo para que ele parasse de falar tanta besteira. Vovô ainda estava paralisado bem na nossa frente. - Não vai dizer nada, vovô? - Perguntei. - Primeiro, não me chame assim, e segundo vão embora agora senão eu vou chamar a polícia. - Falou meu vovô, Andrés. Polícia? Mas não somos criminosos? Será que ele estava com medo de dois adolescentes inofensivos? - Calma vovô, vamos conversar. - Entro em nossa casa, e sou seguida por meu irmão. - Primeiro, quem são vocês? - Falou ao juntar sua escova do chão. - Eu sou a Luna e esse é meu irmão Sebastián, somos seus netos. - Digo. - Ou vamos ser. É que somos do futuro, bom, é uma longa história. - Me sentei no sofá e meu irmão fez o mesmo. - Mas temos tempo então podemos te explicar tudo. Enquanto ele tenta assimilar tudo o que eu havia dito, eu reparo na FrankenTV, que estava na sala. - Uau! É a FrankenTV. - Falo surpresa ao vê-la. - Funciona? - É claro que sim. - Responde vovô. - É nova. Bom, ele não conseguia crer na gente, acho que se alguém me falasse que é do passado ou do futuro, eu também não acreditaria, ou talvez sim, porque eu sempre sonhei com isso e sempre acreditei que um dia isso pudesse existir. Vovô admitiu que nossas roupas eram muito estranhas, e por falar nisso, acho que teríamos que comprar roupas daquela época, ai, eu ia amar usar aqueles vestidos maneiros dos anos 50. Sebas contou sobre a nossa mãe, que é filha dele, mas como 99% das ideias do meu irmão, não deu certo, então tive uma ideia que funcionou melhor, mostrei o meu celular para ele. - O que é isso? - Perguntou ao pegar o aparelho. - É um celular. - Falei ao tocar na tela, fazendo o celular mudar a imagem. - Ah! Isso se mexe, tá vivo. - Disse vovô assustado e deixando meu celular cair. - Não tá vivo, é assim mesmo, funciona com toque na tela. - Expliquei. Vovô parecia bem assustado com tudo isso, mas acho que aos poucos estava começando a acreditar na gente. Eu expliquei para que servia o celular e ele achou bem legal, embora não entendesse direito o funcionamento dele. Meio desconfiado, vovô acabou deixando a gente ficar na nossa casa, ainda bem, pois senão teríamos que dormir no banco da praça e ainda acabaríamos acordados pelo guarda, que bom que vovô foi legal conosco nos dando abrigo. Com o pouco de dinheiro que tínhamos, Sebas e eu compramos umas roupas para nos parecermos com as pessoas daquele tempo. Eu comprei um vestido listrado de manga curta que ia abaixo dos joelhos e uma sapatilha vermelha. Já meu irmão escolheu uma camisa branca e outra preta com listras brancas de botão e uma calça preta. Assim que cheguei em casa fiz um monte de selfies com aquele look massa, já estava me sentindo ser daquele ano. Como já era noite, fomos dormir, mas eu custei para pegar no sono, tinha medo de dormir e acordar no ano de 2021 e perceber que nada era real. No dia seguinte tivemos uma notícia que não era tão boa assim. - Vocês querem ficar aqui, ok, beleza, acho que não vai ser tão r**m ter com quem conversar, mas com uma condição, como vocês são menores de idade terão que ir pra escola. - Falou vovô. - O quê? - Perguntou Sebas. - Ah, só faltava essa. Estou no ano de 2021 e me mandam ir pra escola, dai viajo pra 1957 achando que me livrei dessa prisão e querem me obrigar a estudar também, que injustiça. - É isso ou bye bye. - Tá bem. - Falou o garoto a contra gosto. Eu não era tão fã da escola, mas gostava um pouco de estudar, até porque tinha a Stef, vou sentir falta dela. Vovô foi até a escola nos matricular e disse que éramos seus primos e que ficaríamos algum tempo com ele. O diretor acreditou e autorizou a nossa matrícula. O colégio que estudaríamos era o mesmo que o nosso do presente, o Cristóvão Colombo, ele estava meio diferente, mas algumas coisas se mantinham iguais, como as cores das paredes, o ginásio e o pátio. Sebas foi ver as mudanças do colégio, enquanto eu fiquei guardando as minhas coisas no meu armário. - Olá. - Falou uma voz atrás de mim. Me virei e o vi. Era um rapaz alto, bonito e com um olhar hipnotizante. Nunca tinha visto um garoto tão bonito como ele.
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