Carolina narrando Quando eu saí daquele escritório, parecia que o mundo tinha mudado de cor. As paredes brancas que eu atravessava todos os dias já não me reconheciam. As catracas pareciam zombar da minha cara. E cada passo pelo corredor era uma versão minha sendo arrancada à força — a menina que entrou ali sonhando, a mulher que acreditou que o mérito era suficiente, a profissional que segurou a empresa nas costas por meses e que agora saía como se fosse lixo. Entrei no carro como quem entra num bote salva-vidas depois de um naufrágio, mas mesmo assim, por dentro eu ainda estava afundando. Apoiei as duas mãos no volante e a verdade veio como uma pancada no peito: eu tinha sido mandada embora por causa de um homem. Um único homem, um ex inseguro, infantil, covarde, que não soube lidar

