Um Desejo Proibido

839 Words
O silêncio da mansão naquela noite parecia mais denso do que o habitual. Cada passo que eu dava pelos corredores ecoava alto demais, como se a própria casa me lembrasse de que eu não pertencia ali. E, mesmo assim, estava presa àquele lugar. Àquele homem. Subi as escadas devagar, o vestido vermelho ainda colando ao meu corpo depois de horas naquela festa infernal. A maquiagem já começava a borrar, e meus pés doíam com os saltos. Mas o que mais pesava era a sensação que ainda queimava sob minha pele. O toque dele. As palavras dele. Aquela sacada. Aquele maldito momento em que meu corpo traiu minha mente. Entrei no quarto, joguei os sapatos no canto e me encarei no espelho. A mulher que me olhava de volta parecia outra. Tinha os olhos acesos, o coração na boca e os lábios ainda um pouco inchados de tensão. Eu estava enlouquecendo. Só podia ser isso. Ou pior: estava começando a me acostumar com Lorenzo. Tirei o vestido com raiva, jogando-o sobre a cadeira. Vesti um robe preto de seda que encontrei no armário e soltei os cabelos. Estava prestes a deitar quando ouvi um leve bater na porta. Uma. Duas. Três vezes. Suspirei. Já sabia quem era. – O que foi agora? – perguntei, abrindo. Ele estava ali. Lorenzo. Com a gravata solta, os cabelos um pouco bagunçados e os olhos intensos, como se estivesse prestes a me engolir inteira. – Posso entrar? – Isso é um pedido? – Considere uma gentileza. Não costumo bater. Revirei os olhos e dei um passo para o lado. Ele entrou, caminhando pelo quarto como se fosse dele. E talvez fosse. Tudo ali era dele. Até eu, em teoria. – Veio conferir se eu dormi sorrindo depois da humilhação pública? – Vim conversar. – Conversar. Com você? Essa é nova. – Algo está acontecendo, Alina – disse, se virando para mim. – E quero deixar claro desde já: não fuja. Cruzei os braços. – Fugir do quê? Do seu ego inflado? Ele se aproximou um passo. Depois outro. – Do que está crescendo entre nós. Soltei uma risada irônica. – Ah, não. Vai bancar o sedutor agora? – Não preciso bancar. Basta observar seu corpo toda vez que chego perto. – Vai se ferrar, Lorenzo. – Não – respondeu, com a voz baixa, rouca. – Eu vou te ferrar. Quando você deixar. Arfei, surpresa com a ousadia. Com a forma como ele disse aquilo, como se fosse uma promessa inevitável. – Você está confuso se acha que eu algum dia vou... – Beijar você? – interrompeu. – Deixar que eu toque você? Sussurre no seu ouvido enquanto sua respiração falha? – Eu te odeio. – E mesmo assim, está tremendo. Olhei para minhas mãos. E ele estava certo. Tremiam levemente. De raiva. De medo. De desejo. Lorenzo deu mais um passo. Agora estava a poucos centímetros. Podia sentir seu calor, o cheiro amadeirado do perfume, o toque implícito no ar. – Acha que não percebi? – ele sussurrou. – Seus olhos me seguem. Seu peito acelera. Seu corpo quer o que sua mente se recusa a admitir. – Cala a boca. – Cala você – ele retrucou, agarrando minha cintura com firmeza. Tentei empurrá-lo, mas ele era muito forte. E, pior, meu corpo cedeu antes da mente. A proximidade me desarmava. O toque dele me confundia. – Solta – sussurrei, fraca. – Me diga que não quer – ele desafiou, os olhos nos meus. – Olhe nos meus olhos e diga que não deseja isso. Abri a boca, mas as palavras não vieram. E então ele me beijou. Foi como uma explosão silenciosa. Um choque quente, faminto, voraz. Ele me puxou com força contra o corpo dele, e a boca dele tomou a minha como se me possuísse. Não houve delicadeza. Só urgência. Domínio. Fome. E eu… cedi. Por um segundo, um maldito segundo, beijei de volta. Agarrei sua camisa, puxei seu cabelo, deixei que sua língua invadisse a minha boca e me levasse para um lugar que eu não queria explorar. Mas então… – Não – sussurrei, empurrando-o com força. – Não! Ele recuou. Ofegante. Os olhos queimando. – Por quê? – Porque eu te odeio – disse, recuando. – Porque isso não pode acontecer. Porque você é meu inimigo, Lorenzo. Isso tudo é um jogo sujo. Eu só estou aqui por causa do meu irmão! – E isso muda o que está acontecendo entre nós? – Isso muda tudo! Ele se aproximou de novo, mas eu levantei a mão, firme. – Sai. Agora. Ficou me encarando por um longo momento. Depois assentiu. – Isso não vai desaparecer, Alina. Está crescendo. E vai te engolir. Virou-se e saiu, fechando a porta atrás de si com um clique abafado. Fiquei ali, parada, com o coração martelando no peito e os lábios ainda pulsando com o gosto dele. Aquilo não era só desejo. Era o começo de algo muito mais perigoso. E eu sabia que, se não me protegesse, Lorenzo Salvatore acabaria me consumindo inteira.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD