O céu sobre o Colégio das Sombras permanecia sombrio, como se o próprio tempo tivesse decidido parar para assistir ao desdobrar daquele confronto. A lua n***a lançava uma luz fria, tingindo de azul as paredes de pedra e os vitrais estilhaçados do salão principal, onde a batalha se tornava uma dança mortal entre magia e fúria.
Saphira Vexley avançava como um furacão espectral, sua armadura reluzindo com uma aura escarlate que queimava a escuridão ao seu redor. Cada passo seu deixava rastros de fogo e sombra, e atrás dela, o exército corrompido se espalhava, ameaçando consumir tudo o que fosse puro e vivo.
Liora, apesar do cansaço e do peso das revelações, erguia-se com a firmeza de quem carrega uma responsabilidade maior do que a própria vida. Seus olhos brilhavam em azul profundo, pulsando com o poder ancestral que herdara da linhagem do Véu. Suas mãos teciam runas e sigilos no ar, conjurando escudos de luz que tremiam a cada investida.
— Você não entende, Saphira! — sua voz era um misto de dor e determinação. — Eu não estou aqui para destruir, estou aqui para proteger. Para impedir que o Véu se quebre e que o caos devore tudo.
Saphira sorriu, um sorriso frio e vazio, como a calmaria antes da tempestade.
— Eles escolheram você, deixaram-me para trás, esqueceram-se do que eu represento. Mas eu sou mais que uma lembrança, irmã. Sou a consequência das escolhas que você nunca quis encarar.
Naquele momento, o chão tremeu, e as paredes do colégio pareceram sangrar uma sombra viva, que se enroscava como serpentes negras. Os alunos mais jovens, assustados, buscavam refúgio, enquanto os veteranos formavam linhas de defesa, entrelaçando magia e tecnologia em uma barreira quase palpável.
Selene, ao lado de Liora, disparava feitiços que explodiam em cascatas de luz, protegendo os aliados e ferindo os invasores espectrais.
— Lio, precisamos de uma estratégia! — ela gritou por cima do caos. — Não podemos vencer isso só na força!
Liora assentiu, seus pensamentos correndo a mil.
Foi então que uma voz ecoou na sua mente, uma voz antiga, vinda do fundo da biblioteca oculta.
"A união das irmãs pode ser a chave para restaurar ou destruir o Véu."
Ela sabia que precisava de respostas, e elas estavam ali, diante dela, mas a dúvida corroía seu coração.
Enquanto isso, na Torre do Tempo, Zephyr Kael lutava contra o relógio e contra a própria realidade. As runas que conjurava pulsavam como estrelas moribundas, tentando conter a f***a que se abria cada vez mais.
— Não posso permitir que a linha do tempo se parta, — ele murmurava, com a testa coberta de suor. — Se Saphira e Liora se unirem em combate, o Véu desmorona e o multiverso será dilacerado.
De volta ao campo de batalha, o choque entre as irmãs atingiu um novo nível quando Saphira lançou uma onda de energia n***a que desfez os escudos de Liora, deixando-a exposta por um momento.
Mas ao invés de atacar, Saphira deu um passo para trás e estendeu a mão, tremendo levemente.
— Por favor, escute-me. — sua voz agora carregava um tom implorante, quase humano.
Liora hesitou, o mundo ao redor parecia desacelerar. Em meio ao som de gritos e feitiços, havia um silêncio que falava mais alto que qualquer magia.
— Quem realmente somos? — Saphira perguntou, os olhos ardendo em chamas sombrias. — Duas partes de um todo fragmentado. Nós fomos criadas para dividir o poder do Véu e impedir que ele corrompesse o mundo. Mas ao separar nossas forças, deixaram-nos vulneráveis.
Liora sentiu as lágrimas escorrerem. Por anos, ela vivera com a sensação de solidão, com a crença de que fora a escolhida — a única. E agora descobria que a outra metade de sua alma existia, não como aliada, mas como inimiga.
— E o que quer? — Liora perguntou, com a voz falhando.
— Quero reconstruir. Mas para isso, preciso que você me acompanhe até o coração do Véu. Só juntas podemos fechar o ciclo e impedir a destruição total.
Antes que Liora pudesse responder, um estrondo sacudiu a estrutura do colégio. Do lado de fora, o Conselho da Convergência, reunido no Salão da Lua, assistia através da esfera cristalina.
Meridius Thorne fechou os punhos.
— Preparem os Espectros. A hora da verdade chegou. Se as irmãs escolherem se unir, não haverá mais volta.
A diretora Stark suspirou.
— Crianças carregando o destino do mundo. Que seja.
Enquanto isso, Selene gritava para os estudantes:
— Protejam a biblioteca! Há segredos lá que podem decidir essa guerra!
Dentro da biblioteca, Liora sentiu o chamado da página marcada, aquela que revelara sua verdadeira origem. Ela precisava de coragem para encarar a verdade.
Saphira caminhou até a irmã, tocando o rosto de Liora com uma delicadeza que contradizia sua aparência feroz.
— Irmã, antes de mais nada, precisamos entender o que fomos feitas para ser. Depois, lutaremos… juntas ou separadas.
O vento uivou, trazendo vozes antigas que pareciam chamar dos confins do tempo.
Era o momento da escolha.
O eco das sombras estava prestes a se transformar em um grito que ecoaria por toda a eternidade.