Capítulo 3. A primeira vez
LARI
Lari estava a acabar uma cliente quando Anthony abre a porta da loja bruscamente, fazendo os sininhos acima da mesma, tilintar descontrolados.
-Já acabaste?
-Estou quase… precisas de algo?
Ele abriu um olhar de desdém.
-despacha-te!!! – ele disse quase aos gritos.
Lari notou o seu tom agressivo e ficou alerta. Despachou a cliente o mais rápido que pode, ela sabia que se ele perdesse a paciência era capaz de fazer alguma loucura, mesmo assim. Ela acompanhou a senhora e virou se para ele.
Ele vinha já na sua direção, ela retraiu-se, já sabia o que viria dali. Ele segurou-lhe o pescoço com força.
- Disseram me que usavas esta espelunca, para receberes homens!!!
-Anthony, deste-te ao trabalho de vires até aqui, para fazer uma questão completamente absurda? não tenho tempo para isto, tenho clientes até as nove horas… -
Ela m*l tinha acabado, ele proferiu uma bofetada violenta.
-AIII!!! Anthony para! Foi mais uma das tuas putas que te fez a cabeça???-
Ele repetiu o ato, bateu lhe três vezes, sempre apertando o seu pescoço.
-És uma p**a reles! Cala essa boca!!! Só serves mesmo para me servir, mas és minha e só minha!!! não permitirei que alguém sequer olhe para ti! Se eu sequer desconfiar que tens alguém, eu mato-te! – deu-lhe a última chapada de aviso, fazendo a sangrar do canto da boca. Ela sentou se na poltrona, enrolou-se sobre si mesma, deixou se estar recolhida, rezando para que aquilo acabasse. Anthony disse lhe milhares de ofensas, fê-la sentir-se pequena demais, sozinha, abandonada, completamente humilhada. Passaram se largos minutos do seu monologo fétido, até que a porta se escancara, fazendo os sininhos badalarem vivamente. Um homem alto e corpulento, entra e num movimento rápido agarra Anthony e algema-o. Lari observou a cena, e voltou se a enrolar sobre si mesma, ela só queria que toda a sua dor e sofrimento parassem de uma vez. Sentiu um toque assustou se, ela estava envolta na sua bolha. Olhou para a pessoa que havia lhe tocado e falado com ela. Saiu do seu casulo, olhou dentro dos olhos do seu salvador. O sentimento quente que a preencheu por dentro, foi inexplicável, ela sentia se abalada com o que acabaram de lhe fazer, mas a emoção que ela sentiu quando os olhares se encontraram, era avassaladora. Ela queria lhe dizer que o seu marido era um monstro, mas ela sabia que não poderia fazê-lo. Ela foi fria e curta, não deixando qualquer hipótese daquele agente se aproximar. Aquele homem, era o mais belo que ela já teria visto, alto moreno, musculado, olhos cor de amêndoa. Sentiu se envergonhada por reparar naquilo, tendo em conta a sua situação. Mas aquela pessoa acabara de colocar uma centelha dentro do seu coração magoado.
As dez e meia da noite, Lari chegava a casa em b***s de pés, aterrorizada de medo de que Anthony a esperasse, para terminar o assunto pendente, ele deveria estar em chamas, da raiva. Olhou ao seu redor e não viu nada na escuridão da casa m*l iluminada. Foi para o seu quarto, tomou um duche quente, vestiu a sua t-shirt e shorts, foi para a cozinha. Ao passar pela sala de estar, a luz da mesa de apoio acendeu, revelando um Anthony de olhos raiados de raiva, ela estremeceu, o coração disparou querendo sair pela boca.
-Já tomaste banho p**a reles???
-s…sim…- ela sussurrou. Ele levantou se e caminhou para ela, que por sua vez tremia, ela sabia o que vinha dali.
-Porque me casei contigo? - falou-lhe no rosto, ela sentiu o cheiro forte do whiskey. – responde-me!!!
-Porque… me amavas? - ela disse baixinho.
-AH AH AH AH!!! Te amava? - ele segurou os seus cabelos numa mão e com a outra segurou a sua cintura. – EU NUNCA TE AMEI! Sabes para que me serves? Para te f***r quando não encontrar melhor na rua! Ou apenas para seres minha empregada doméstica! De resto, nunca serviste para mais nada! -ao mesmo tempo que falava arrancava a sua t-shirt do corpo. -És a minha p**a privada, reles, mas minha. Então serviras o teu propósito! – agora os shorts dela já não estavam mais no seu corpo e nada impedia Anthony de vê-la completamente nua. -Vira te, vou te f***r a noite inteira!
- NÃO ANTONHY!!!!- Pela primeira vez ela sentiu coragem para enfrentá-lo. Ele ficou atónito, embasbacado a olhar para ela. Parecia que ela tinha acabado de lhe esbofetear o rosto. O choque do momento fê-lo recuar, ele procurou as chaves do carro e desapareceu porta fora.
Ela não queria acreditar que ele realmente tinha desistido. Sentia se humilhada mais uma de tantas vezes, mas desta vez apesar disso, sentia se melhor pois ele não a tinha obrigado a ter sexo com ele.
O despertador tocava, ela acorda, tratou de si, do pequeno-almoço, nem sinal de Anthony por nenhum sítio da casa. Ela agradeceu a Deus em silencio.
Ela sentia se terrivelmente frustrada, mais um dia numa vida miserável, mais um dia que sentia não ser o seu papel. Mas como sempre, ela sorriu, determinada abriu o seu negócio, trabalhou bastante só da parte da manhã. Depois de voltar da hora de almoço, ela avistou um homem a porta, ela estremeceu ao imaginar que seria Anthony. O seu espanto total apercebendo se que afinal era o agente Jason. Ela teve aquela sensação quente dentro do seu peito, o estômago estava apertado agora, as suas pernas tremiam, ela não entendia porque se sentia assim.
- Olá, boa tarde senhor agente.
- Jason, por favor menina, não vim em trabalho. Queria apenas ver como estava…
- Estou bem obrigado Jason e não preciso de nada. – Ela falava e virava-lhe as costas abrindo o gabinete.
- Menina Lari por favor- ele disse enquanto seguia atras dela para dentro do gabinete. – Porque é tao teimosa? - ela viu a sua cara de frustração.
- Mas o que é que você quer?! Eu já lhe disse que não há nada a ser dito! Que está tudo perfeito, como sempre!
- Porque me afasta? Só estou a tentar ser seu amigo.
- Eu não tenho amigos!
-Mas eu quero me preocupar consigo! Eu quero ajudá-la, não falo do meu trabalho, mas ser um ombro amigo para si…
Ela sentiu cada palavra com impacto, aquilo acalmou-a.
-Jason, desculpe, eu não posso ser sua amiga, nunca ninguém me poderá ajudar…- o som da sua voz, era fraco, sumido, quase inaudível.
-Lari, farei o que for preciso para puder ajudá-la, eu não sei explicar, mas desde que a conheci, não consigo tirá-la da minha mente… não desisto de si, não vou deixar de procurá-la, e de ver se esta bem! – ele segurou-lhe os ombros. O coração de Jason estava disparado, descontrolado. Ele sentia que o corpo dela o chamava, era atraído por ela, pelo seu olhar, pela sua boca entreaberta, por aquela pele morena deliciosa. Lari estava hipnotizada por aquele ser a sua frente, ela navegou mentalmente nos seus cabelos escuros, na sua pela bronzeada, ou naqueles lábios maravilhosamente desenhados e humedecidos. Inconscientemente, ela tremia das pernas.
A porta do gabinete abre- se com estrondo, os pequenos sinos badalavam loucamente.
Anthony, em todo o seu ser maligno, entra e fica especado a observar a situação, ele era a pessoa mais simulada que ela havia conhecido.
-Olá, meu amor! Como estas? Passei para te convidar para almoçarmos…- Anthony tinha a pior expressão de regozijo, perante Jason. - Mas já percebi que tens visitas… posso saber qual o motivo da visita do senhor agente? Tendo em conta que ficou tudo esclarecido…- lari não conseguiu evitar revirar os olhos com as palavras daquele traste. Qual encenação fantástica! Jason soltou os ombros dela, encarou Anthony dos pés a cabeça. Ela percebeu que o olhar dele era de nojo misturado com raiva.
-Não que tenha de lhe explicar absolutamente nada! Mas vim ver se a sua mulher estava bem…- jason estava próximo de Anthony o suficiente para sentirem o hálito um do outro- e deixe me que lhe diga… - ele olhou o maldito nos olhos- não pretendo ir a lado nenhum… cuidado Anthony Lencastre! - jason disse lhe. -Menina Bellagio, qualquer coisa disponha. - Ele saiu. Lari sentiu admiração pela sua dominância sobre Anthony.
O demónio esperou até Jason já não ser visível da janela da porta onde as gretas finas dos estores estavam recolhidas. Segurou a pelos cabelos:
- Foi por isto que passei aqui! Se abres a boca para aquele filho da p**a, eu mato te! - Lari assentiu de olhos postos no chão.