ZACK
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Comecemos pelo começo: sete anos atrás, minha mãe começou mais um dos seus inúmeros namoros. Achei que seria apenas mais um, mas assim que Alessandro chegou na nossa casa, as coisas definitivamente não eram como antes. Ele tinha 33 anos na época, não tinha fios brancos, apesar de que o rosto lindo e meio agressivo fosse exatamente o mesmo. O cara já era um advogado bastante renomado, e após namorar com Bianca — minha mãe — por dois meses, eles decidiram tentar alguma coisa juntos.
Minha mãe é do tipo que não ficava sozinha por muito tempo, mas definitivamente não colocaria alguém dentro da nossa casa sem ter total confiança em determinada pessoa. A maioria dos namorados dela simplesmente resolviam me ignorar e fingir que ela sequer tinha um filho, mas com Alessandro foi diferente disso. Ele era um completo oposto de todos os outros e era absurdamente presente na minha vida. Me levava para a escola, jogava comigo todos os jogos de tabuleiro que tinha em casa praticamente todos os dias, lia para mim e me ajudava em todas as lições da escola, ria das minhas piadas e fazia da minha vida monótona um parque de diversões.
Tinha 13 anos na época — faltavam cinco meses para 14 —, e os hormônios à flor da pele me fizeram ter uma espécie de amor platônico por Alessandro. Na verdade estava mais para obsessão. Eu dormia pensando nele, comia pensando nele, voltava para a escola correndo para esperar ele chegar do trabalho para passar algumas horas comigo. Os sentimentos que tinha por ele definitivamente não eram relacionados à forma como me tratava, como se de uma maneira completamente deturpada eu tentasse encontrar nele tudo que meu pai não me deu, até porque jamais vi Alessandro como pai, assim como tenho certeza que ele jamais tivesse me visto como filho. Eu não gostava da palavra "padrasto", então ele estava mais para um tio absurdamente presente.
É lógico que Alessandro nunca me olhou com um olhar que não expressasse apenas carinho fraternal, até porquê o cara não era — e não é — um pedófilo nem algo do tipo. Ainda lembro de quando estávamos sozinhos na sala assistindo um filme e eu tentei sentar no colo dele. Alessandro me agarrou pelos ombros antes de eu sequer me inclinasse sobre seu corpo, então ele me levantou como se eu não pesasse nada e me colocou sentado no sofá, com mais de um metro entre a gente. Aquela distância parecia ser de mil quilômetros, e quando fui para meu quarto, algumas horas depois, confesso ter chorado um pouquinho como a criança i****a e mimada que era.
Não ter meus sentimentos meio esquisitos correspondidos não me impediu de continuar pensando nele. A primeira que gozei na vida foi pensando naquele cara. Lembro de estar encolhido no canto do banheiro, com os olhos fechados e segurando meu p*u, imaginando como seria se ele gostasse de mim, se me fodesse com bem entendia... Então de repente eu estava gozando, com jatos quentes por todos os lados. Confesso que me senti sujo pra caramba depois disso, então tentei tira-lo da minha cabeça, porquê aquilo definitivamente não era normal.
Alessandro não demorou mais do que 4 meses para ir embora, faltando três semanas para meu aniversário de 14 anos, pelo qual eu estava ansioso pra caramba e que ele iria me ajudar com a declaração de baseball — algo em que estava completamente viciado na época —. Confesso que fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz porque ele finalmente não iria mais se relacionar com minha mãe. Triste porquê estava nos deixando. No meu aniversário, ele enviou uma enorme caixa com praticamente o jogo mais caro que havia em todo país, mas sequer toquei naquilo por estar zangado demais por ele não ter ido nos visitar, apesar de eu ter guardado com todo carinho do mundo a velha luva que nós usávamos para treinar baseball.
Nunca mais o vi depois daquela vez em que ele colocou as malas no carro e foi embora depois de me dá um último abraço. Alessandro continuou me mandando presentes e perguntando para minha mãe como eu estava, mas depois de eu ignorar totalmente seus presentes e as ligações, ele ocasionalmente parou de manda-los ou de ligar para Bianca.
Aos 15 anos, entrei no ensino médio e comecei a crescer bastante, como se meus ossos estivessem tentando se alongar ao máximo para compensar todo o tempo em que passei como um nanico. Aceitar minha sexualidade cedo e perceber que não tinha o que fazer quanto à gostar de caras fez com que eu aproveitasse minha adolescência da melhor maneira possível, sem ter inseguranças ou tentar ser algo que não era.
Nos primeiros meses do primeiro ano conheci Caio, que rapidamente se tornou meu melhor amigo. Seus pais eram Sul africanos e ele tinha uma deslumbrante pele n***a retinta, lábios carnudos, um cabelo crespo e cheio, além de que também competia comigo para ver quem crescia mais rápido. Nós compartilhávamos a mesa dupla do laboratório de química, então um dia ele colocou a mão na minha coxa. Nós nos encaramos por longos minutos, sem que ele fizesse qualquer movimento para retirar a mão de lá, assim como eu também não fiz qualquer movimento para fazê-lo tirar.
No fim da aula, ele me entregou um papelzinho com "SIM" e "NÃO" escritos sobre dois quadrados meio tortos. Não havia pergunta na frente ou no verso da folha, mas eu sabia muito bem o que ele queria saber, então marquei um "X" tão grande em cima do quadrado que representava o "SIM" que ele tomou o pedaço de papel quase inteiro.
Naquele dia nos fomos para sua casa, então perdi o BV e a minha virgindade de uma maneira completamente perfeita. Nós dois jamais tínhamos feito aquilo antes, então éramos um pouco desajeitados, mas aprender junto com alguém que nunca tinha feito sexo também foi mágico.
Caio e eu nos encontrávamos quase todos os dias depois da escola, fosse na minha casa e ou na sua. Éramos inseparáveis, então era normal dormimos na casa um do outro. Nenhum de nós era de ter muitos amigos, então nossos pais sempre apoiavam tudo que quiséssemos fazer juntos. Nós dois passávamos a noite inteira pesquisando todos os tipos de beijos que existiam, então treinávamos juntos até que soubéssemos dominar completamente aquilo. Além disso, também víamos kamasutra e fazíamos sexo em todas as posições possíveis.
Eu amava aquele cara com todos as minhas forças — até porque ele era meu melhor amigo! — mas na metade do 2° ano do ensino, seus pais conseguiram oportunidades de emprego muito boas em outra cidade, então eles tiveram que se mudar para lá. Caio e eu podíamos até morar longe um do outro, mas continuamos nos falando todo santo dia pelo celular, além de ainda sermos melhores amigos, mesmo que agora o sexo seja quase inteiramente virtual.
O ensino médio sem meu amigo parecia ser uma tortura, mas fiz amigos novos depois, mesmo que essa galera não fosse tão legal quanto Caio.
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