O conselho

3855 Words
Há muito tempo havia pensado no meu lado sombrio. Aquele que está além dos defeitos. Que é o corpo denso de tudo que tenho medo de admitir e lembrar. Pensei no meu lado sombrio diante da vida e de todos que me cercam. Fiz essa reflexão sozinha e me deparei com várias portas e um molho de chaves. Quando isso aconteceu não me senti pronta para entrar em nenhuma delas. Porém muita coisa havia passado desde então e esse momento de descoberta havia chegado. Não dava mais pra seguir ignorando os meus medos e muito menos meu lado sombrio e das pessoas que me cercavam. Cada vez mais eu sentia que precisava abrir os olhos e parar de ficar me culpando como se as situações fossem exclusivamente minha responsabilidade. Precisava aprender a perceber o lado sombrio das pessoas e estourar a bolha onde coloquei algumas delas como intocáveis. A Fernanda Porto era o maior exemplo. Depois do carnaval voltei para a minha rotina e encontrei com a Doutora Marlene em mais uma consulta. Comecei contando sobre a minha viagem e como me diverti de improviso no feriado. Ao falar da experiência que tive com as gêmeas ruivas citei também o pensamento que me ocorreu pouco antes de despedir-me da Samantha. - Depois dos problemas em que me coloquei na Itália passei a observar melhor as pessoas quando às conheço. Com isso consegui fazer amizades e vínculos mais saudáveis. Porém percebi que não consigo observar as pessoas que conheço desde a minha infância. Ao menos não com a maturidade e até a imparcialidade adequada. Coloquei meus familiares e amigos da infância em bolhas com informações estáticas. Mas assim como eu mudei sei que eles também mudaram. Gostaria de saber como estourar essa bolha e enxergá-los como vejo os estranhos. A Doutora anotou algo em seu caderno e me fez um questionamento. - Porque essa necessidade agora? O que espera concluir com essa avaliação? - Sinto que todo mundo enxerga meu lado sombrio e conhece minhas fraquezas. É como estudar o mercado. Preciso saber deles tanto quanto sabem sobre mim. Como vou me manter em crescimento se não consigo fazer essa avaliação. - Estamos falando de pessoas Joana. - Mas o exemplo se aplica Doutora. Todos sabem como me atingir. E não é que eu queira atingir ninguém. Só quero sentir que não sou a única com problemas. Quero pensar que não sou a única a fazer escolher erradas e a ser imperfeita. Porque muitas vezes parece que meus erros são consequências das minhas imperfeições. Porém nessas pessoas que coloquei em bolhas. Nessas pessoas os erros são como tropeços simples e não sinais de imperfeições. - Você tem que partir do pressuposto que todo ser humano tem imperfeições. Não precisa procurar o defeito no outro para validar suas falhas. A partir do momento em que você passa a justificar seus erros apontando o dos outros passa também a se negar a chance de ser melhor. - Tem toda razão Doutora. Pessoas não são negócios. Foi uma comparação equivocada. - Posso lhe sugerir um novo exercício. Para cada defeito que encontrar em uma pessoa procure um em você e pense como pode melhorar. O que você pensa sobre o outro diz muito sobre quem você é ou deseja ser. O que lhe incomoda no outro está em você com alguma proporção. Tente exercitar esse pensamento no decorrer da semana e conversamos em breve. Após a consulta encontrei com a moça que estava organizando minha festa de aniversário. A Rebeca era uma loira dos cabelos médios e olhos verdes. Além de linda ela era ágil e atenciosa. Conversamos por vinte minutos e eu decidi os detalhes finais do evento e lhe entreguei a lista definitiva de convidadas. Isso porque só convidei mulheres e pedi que a equipe disponível durante a festa também fosse composta apenas pelo sexo feminino. Resolvido os detalhes do meu aniversário passei as duas semanas seguintes trabalhando e contendo minha ansiedade para a reunião do conselho composto pelos sócios executivos do Grupo. Havia apresentado minha submissão ao cargo e essa reunião era a última etapa para validar ou invalidar meu destino dentro do Grupo. Conforme os dias foram avançando a minha ansiedade foi aumentando. Estava nervosa a ponto de não conseguir dormir por mais de três horas sem perder o sono. Na sexta-feira à tarde e véspera do meu aniversário de vinte e nove anos o conselho se reuniu. Além dos sócios executivos estavam presentes os meus pais e também o Otávio e a Cecília Marinho, que veio acompanhando o Heitor. Antes de entrar na sala de reunião me certifiquei de que estava apresentável. Os fios dos meus cabelos estavam alinhados. Escolhi uma calça social e blazer preto com camisa branca e salto alto preto. Coloquei apenas brincos pequenos e meu anel de formatura como acessório. Estava composta e pronta pra ouvir a decisão do conselho. - Joana. Está pronta? O Júlio veio me escoltar até a sala de reunião. - Estou sim. Soltei o ar querendo jogar pra fora todo nervosismo. - Sinto muito orgulho da mulher e profissional que você se tornou. Estou confiante. Ele disse pousando a mão no meu ombro. - Acredito nas suas palavras. Sei que não me indicaria para ser Diretora se não confiasse no meu potencial. Voltei para o Brasil por esse motivo Júlio. Tenho consciência do quanto passar esse legado para alguém com seu sangue é importante. O legado sempre veio em primeiro lugar na sua vida e dando tudo certo a partir de hoje farei o mesmo. - Ouça Joana. Demorei muito tempo para entender que o legado que recebi diz muito mais sobre valores familiares. O legado Blanc são os valores de confiança e responsabilidade passados de uma geração para a outra. Hoje quero dizer algo mais para você. Não cometa os erros que cometi. Esse Grupo é realmente importante. Empregamos muitas pessoas direta e indiretamente. São inúmeras famílias em torno da nossa família. Somos a base sólida e a esperança de crescimento para muitos. Valorize isso. Mas também tenha a sua família. Construa seu próprio legado e preserve seus valores e ideais. Aprenda a dividir seu tempo e olhar para tudo que é importante. Se você tiver sucesso no grupo e abandonar sua família está no caminho errado. E só para esclarecer essa família a que me refiro é a que você vai formar. Olhei nos olhos dele e sorri. - Entendi bem o conselho. - Você vai ser uma pessoa influente. Deve lembrar que não adianta ser grande e ter pensamentos pequenos e atitudes medíocres. Seja grandiosa sem perder a humildade Joana. - Obrigada. Só consegui dizer isso e ele sorriu de volta. - Vamos indo. Atrasos são inconvenientes desnecessários. Ele falou sorridente e me acompanhou até a sala de reuniões. O Júlio abriu a reunião falando do quanto o legado da família e o sucesso do Grupo estavam associados. Ele mencionou pontos importantes da nossa história enquanto família e empresa. E por fim defendeu minha indicação ao cargo como se o conselho ainda não tivesse tomado a decisão. Porém o fato é que eles haviam chegado a uma conclusão e o senhor Heitor Marinho se dispôs a falar em nome de todos do conselho. - Conheci o seu trabalho antes de me associar ao Grupo Blanc. A responsabilidade e o comprometimento sempre lhe definiram senhorita Blanc. A dedicação e o empenho que vem mostrando nos últimos dois anos também nos impressionou. Sua capacidade de pensar em melhorias e de atrair negócios complementares ao Grupo é uma evidência de competência mesmo diante da sua pouca idade. Conversamos muito sobre essa questão. Uma jovem de vinte e nove anos pode se tornar Diretora de um Grupo internacional e corresponder às expectativas de crescimento que todos temos? Tomamos os seus resultados como referência. Além de implementar mudanças e direcionar os recursos com maior eficiência. Você olhou para cada negócio do Grupo com a devida atenção e soube identificar nossas maiores forças e fraquezas. Soube olhar para o mercado e enxergar as ameaças e oportunidades. Mostrou que é capaz de planejar, organizar, dirigir e controlar recursos humanos e financeiros. Diante de tudo isso os seus vinte e nove anos ficam em segundo plano. A decisão é unânime. O cargo de Diretora é seu por mérito. Parabéns! Sorri e me levantei para cumprimentar a todos com aperto de mãos. Senti meu coração bater mais forte e precisei fazer um tremendo esforço pra me manter de pé com as pernas tremendo. Nunca senti uma emoção parecida. De repente todas as minhas ações, sejam elas certas ou equivocadas, parecerem me conduzir exatamente para aquele momento. Após receber congratulações de todos do conselho me aproximei da Marina e do Otávio e os abracei. Segurei a emoção ao receber o carinho dos dois. Especialmente da Marina. Ela afagou meus cabelos como fazia quando eu conseguia algo importante na infância. Certamente a Joaninha dentro de mim estava dando pulos e gritando de felicidade. - Muito bem Joana. Fez uma jornada exemplar nos últimos anos. Meus parabéns! O Júlio me estendeu a mão e eu resolvi abraçá-lo. - Obrigada. Eu não dormi essa semana. Confessei o abraçando e ele deu risada. - Gostaria de poder dizer que será mais fácil dormir de agora em diante. Rimos juntos. Obviamente como Diretora a minha jornada seria muito mais exaustiva. - Estou disposta a fazer o que for preciso e não vou esquecer o que me disse mais cedo. Afirmei olhando nos olhos dele e sorrindo. Estava feliz. Era a minha vez de assumir o legado dos Blanc. O meu desejo e sonho de infância era real. Acabava de me tornar a primeira mulher a assumir o legado da família e essa sensação de realização era completamente diferente de tudo que senti antes. Ao olhar nos olhos do Júlio vi que ele estava satisfeito. Esquecendo nossas diferenças ele apostou no meu potencial e se arriscou ao me preparar para assumir o cargo ainda muito jovem. Ele podia continuar sendo o Diretor por pelo menos mais uma década e preferiu ceder o lugar para me trazer de volta. Tinha certeza disso. Não foi uma decisão exclusivamente profissional. Ele abriu mão para me ter por perto e voltar a ser o meu pai. - Fiz questão de presenciar esse momento. Parabéns Joana! A Cecília Marinho me cumprimentou com um abraço. - Obrigada por vir. Será que você pode ficar mais uns dias no Brasil? - Precisa de mim? Ela estranhou. - Amanhã é meu aniversário e vou fazer uma festa restrita. Quero que me acompanhe. Convidei olhando nos olhos dela. - Festa restrita? Sinto que será algo ousado. Será um prazer. A confirmação da loira me deixou contente. Reuni-me com os executivos para uma breve comemoração e fiz questão de conversar com todos e falar sobre a minha visita a algumas instalações na Europa. Depois de receber desse breve momento de socialização o Júlio me fez um convite sem jeito. - Podemos comemorar sua ascensão em um jantar essa noite? - Tenho compromisso marcado. Podemos comemora em um jantar na próxima semana. - Sem problemas. Certamente você tem planos para os próximos dias. Ele sorriu de um jeito que até parecia ser meu cúmplice. - Minhas amigas estão chegando de vários lugares para comemorar meu aniversário. - Você tem muitos motivos para celebrar. Na próxima semana começamos a transição. Como foi mencionado na reunião vou lhe acompanhar nos primeiros três meses. Só por exigência do conselho. Não se preocupe com nada. Sei muito bem que você é totalmente capaz. - Tudo bem Júlio. Preciso que me passe muitas informações. Vamos trabalhar juntos. Sorri para ele e em seguida me afastei para enviar uma mensagem à moça que estava cuidando da organização da minha festa. Pedi que ela enviasse o convite da Cecília Marinho. Todas as convidadas receberam uma caixa com uma chave e um convite em papel timbrado. Essa chave era da porta principal da minha mansão. Lugar onde todas teriam acesso sempre que quisessem. Era um convite muito além de simbólico. Antes de anoitecer segui até o aeroporto e encontrei com a Lauren. A italiana chegou com o cabelo loiro bem cortado e mais algumas tatuagens. Ao vê-la de longe sorri abertamente e abri os braços esperando receber um abraço apertado. - Você me enganou. Disse que não ficaria tanto tempo sem voltar à Itália. Ela chegou reclamando. - Estava bem ocupada nos últimos meses Lauren. Agora que sou a Diretora do Grupo vou visitar nosso escritório em Milão com frequência. É uma localização estratégica pra que eu posso ir ao seu encontro algumas vezes ao ano. - Você foi promovida? O conselho aceitou nomeá-la Diretora? A Italiana sorriu e me olhou nos olhos. - Espera. Você duvidava que isso fosse acontecer? Indaguei ficando séria e ela deu risada. - Nunca duvidei. Eles seriam tolos incompetentes se não lhe oferecessem o cargo. - O dia de hoje é um dos melhores da minha vida. Não sei como explicar, mas me sinto muito bem. Há tempos não sentia essa felicidade. Se é que um dia senti. Estou feliz de verdade. - Você queria isso há muitos anos. Essa emoção é porque acaba de realizar um sonho Joana. - Vamos comemorar. Esse fim de semana será épico. O motorista está nos esperando. Vamos direto para minha mansão. As convidadas estão chegando essa noite e amanhã durante o dia. Não faz ideia do que eu tenho planejado nos últimos meses. - Saberia de muitas coisas se você me ligasse mais vezes. - Lauren nossos horários são bem diferentes. Eu sempre envio e-mails e você nunca responde. - Você envia? Porque não manda mensagem? Pra isso temos o número uma da outra. - Não sei. Gosto de enviar e-mails. Afirmei rindo e a fazendo rir. Deixamos o aeroporto e no caminho até Porto de Galinhas colocamos o assunto em dia. A vida da italiana andava bem agitada na gravadora e com a chegada da Flávia (melhor amiga da Nayara), outras coisas estavam tomando o tempo dela. - Você é a Flávia estão namorando? Assim de um dia para o outro? Estranhei. - Temos muito em comum e o sexo é gostoso. Dei risada. - Entendi. O sexo. - Ela concorda em termos um relacionamento aberto. Quero tentar. Estou cansada de ser solteira e as mulheres que conheço sempre querem uma relação padrão. Não funciona comigo. Você pode ficar feliz por mim? - Sempre fico feliz por você Bianchi. A Flávia parece ser uma pessoa interessante. - E você tem saído com alguém? - Continuo solteira e provavelmente vou ficar assim por um tempo indefinido. - Se tem alguém que pode ter tudo na vida esse alguém é você Joana. Só tem que querer. Ela encostou a cabeça no meu ombro e continuou brincando. - Quero ver você apaixonada. É pedir demais? - Um dia isso pode acontecer. Antes preciso esquecer a Fernanda. Confessei sem pensar e ela me olhou. - Joana o que está dizendo? A italiana me fitou. - Você tinha razão quando me falava para resolver a situação com a Fernanda. Devia ter escutado seus conselhos e me arrependo por não ter ouvido. Desde o meu último encontro com a Nanda não consegui mais parar de pensar nela. Até sai com outras mulheres, mas continuo pensando nela. Provavelmente tudo que não sofri por anos tem me atormentado nos últimos meses. É loucura. Mas queria que ela me perdoasse e desse uma chance. Cheguei a cogitar desistir do Grupo e ir ficar com a Nanda em Lisboa. - Não pode fazer isso. Esse Grupo é mais que o seu legado Joana. Talvez o seu tempo com a Fernanda tenha ficado no passado. Mas o cargo de Diretora é o seu presente e futuro. Sem mencionar que ela está noiva e vai casar a qualquer dia. - É. Sei disso. Melhor mudarmos de assunto. Não vamos falar mais da Fernanda. Olhei janela a fora e fiquei em silêncio por alguns minutos até ela resolver falar dos resultados da gravadora e dos planos da Kiara que envolviam alguns projetos com a Duquesa. Quando finalmente chegamos à mansão deparei-me com a Lívia. Ela foi à primeira convidada a chegar de viagem e veio de São Paulo para comemorar meu aniversário. - Como recebi a chave espero que não se importe por ter me acomodado. Ela brincou sorrindo e me cumprimentando com um abraço. A morena estava muito perfumada e linda em um macacão com tecido leve estampado. Dei uma olhada indiscreta conferindo seu visual e percebi que a deixei sem graça. - Você é bem vinda nessa mansão. Obrigada por vir. E a propósito. Você está linda! Elogiei sorrindo e fixando meu olhar no dela. - Não consigo recusar um convite seu. Pra ser sincera nunca recebi um convite desses. Pensei que a chave fosse simbólica e quando cheguei aqui a Neide disse que ela é de fato a chave da mansão. Você é mesmo ousada Joana. - Todas que vou reunir aqui são bem-vindas para voltar sempre que quiserem. Quando comprei esse lugar comecei a pensar em como aproveitá-lo e compartilhá-lo é a melhor maneira. Está bem acomodada? Perguntei sorrindo. - Estou. Pensei em preparar alguns aperitivos e bebidas. Posso me apossar da sua cozinha? - Você é convidada. Porém se não consegue evitar seu ímpeto de chef fique à vontade. Olhei para a Lauren e pedi que a Neide lhe levasse até um quarto de hóspede. Ao entrar na suíte principal liguei para a Monique e a loira me avisou que estava esperando a carona da Alice. Troquei de roupa e depois de vestir algo mais leve fui até a cozinha e chamei a Lívia até a adega para que ela me ajudasse a escolher um vinho. - Esse parece excelente. Seremos você, a Lauren e eu essa noite? Ela perguntou me olhando de um jeito interessante. - Ainda hoje recebo mais duas pessoas. Todas minhas amigas. - Essa vai ser a primeira festa que participo onde todas são mulheres. - Só pretendo receber mulheres nessa mansão. - Não sou eu quem vai lhe julgar. Ela brincou sorrindo e tocando meu braço. - Você costuma cozinhar perfumada desse jeito? Questionei chegando perto dela para sentir seu cheiro. - Exagerei no perfume? - Não. Está perfeito. É delicioso como você. Flertei com ela que sorriu me olhando nos olhos. - Quantas convidadas esperam ter algo mais com a aniversariante? A pergunta direta chamou minha atenção. - Boa pergunta Lamartine. Isso diz muito sobre a sua intenção. Disfarcei pousando uma mão em sua cintura. - Fugiu da resposta Blanc. Sorri. - Joana. Eu me perdi nessa mansão. A Neide me abandonou. A Lauren chegou chamando nossa atenção e eu me afastei da Lamartine. - Vou providenciar um mapa pra você Bianchi. - Belíssima adega. Quando vamos começar a beber? A italiana começou a mexer nas garrafas. - Agora mesmo. A senhorita Lamartine escolheu um vinho perfeito para a ocasião. Continuei flertando com a Lívia pelo olhar e ela correspondeu a todos os meus flertes até a Monique chegar e me cumprimentar de um jeito malicioso que fez a Chef se encolher. - Está tudo certo para amanhã. Parabéns. Fiquei sabendo da sua promoção! A Nikki disse passando os braços ao redor do meu pescoço e me beijando. - Obrigada. Temos que comemorar. A Neide vai acomodá-la na minha suíte. Afirmei sorrindo e encarando os olhos dela. Percebi que a Alice e Lívia ficaram sem graça na presença uma da outra e lembrei-me que as duas tinham ficado algumas vezes na Itália. Tratei de me colocar entre elas e fazer o embaraço passar o mais rápido possível. Logo estávamos na área da piscina comendo, bebendo e ouvindo música. Fiz questão de tirar a Lívia, Nikki e Lauren para dançar. Diverti-me com as três e evitei tocar no nome da Fernanda com a Alice. Apenas conversamos sobre a namorada dela e nessa conversa fiquei sabendo que as duas estavam planejando morar juntas e até casar assim que fosse possível. O amor pegou a Alice de jeito. - A Maria Paula parece ser muito especial. Estou feliz por vocês. Se for convidada para o casamento vou escolher um bom presente para ela. Brinquei com a Alice. - Devo ficar honrada em saber que você estima minha namorada? - Ela também simpatiza comigo. Por isso somos amigas. Agradeça a Maria Paula. Continuamos rindo. - Fiquei sabendo que foi promovida. Esse sempre foi o seu destino. Disse chamando minha atenção. - Alcancei um dos meus maiores objetivos e agora não sei mais o que falta. - Uma namorada. Alguém pra dividir seus melhores e piores momentos. Ela falou no automático e voltou atrás. - Não falei pra magoar você. - Sei que não. Tudo bem Alice. Você tem razão. Seria bom ter alguém pra dividir meus melhores e piores momentos. Por sorte posso pagar um acompanhante de luxo. Sorri olhando para a Nikki e encarando as pernas dela. A loira estava usando um short curto tentador. Despedi-me da Alice e me aproximei dela com malícia. Convidei-a para terminar de beber no quarto e nós duas ficamos juntas por toda madrugada até o dia amanhecer. Estava eufórica e não consegui dormir. Descansei algumas horas e quando deixei a suíte deparei-me com a Duquesa deitada no sofá da sala principal e distraída mexendo no celular. - Bom dia Emilly! Chegou há muito tempo? Sentei ao lado dela. - Bom dia Blanc! Acabei de chegar. Recebi a chave da sua mansão. Ela me olhou sem entender. - É um gesto amigável. Lembro quando a Lauren me ofereceu a chave do apartamento dela. Senti que ela realmente me queria por perto. As pessoas que convidei para a festa de hoje são as que mais quero ter por perto a partir de agora. - Está diferente. Algo importante aconteceu? A Duquesa me fitou e eu sorri. - O conselho disse sim. Sou a nova Diretora do Grupo Blanc. Ela sorriu. - Parabéns! Você fez por onde merecer Joana. - Estou animada por saber que muita coisa vai mudar na minha vida. Com o tempo aprendi a gostar de mudanças. Elas podem não ser as melhores em alguns momentos, mas de um jeito ou de outro sempre trazem coisas boas. Possibilidades. - Tem algo lhe incomodando? Ela continuou me olhando e eu mudei de assunto. - Pelo jeito a Layla não pode lhe fazer companhia. - Você estava certa. A Layla é uma mulher linda e independente. Ela tem compromissos e uma agenda a seguir. Não cabe a uma nobre ser incluída nos planos de alguém. Preciso de alguém que possa ficar ao meu lado e a senhorita Hall não está disponível. - Entendo porque gostou dela. Na hora certa vai conhecer alguém Duquesa. - Antes tinha a possibilidade de conhecer alguém na Vinícola. Depois que ela fechou não tenho mais para onde ir. A sociedade da Beaumont deixou muitas lésbicas órfãs. - Estava mesmo querendo falar com você sobre esse assunto. Vamos fundar nossa própria sociedade. Tenho pensado nisso há algumas semanas. Pode vir comigo até o escritório? Ela pareceu interessada e me seguiu.
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