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Compromisso lascivo (Vol.3)

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Um encontro ao acaso e uma súbita atração podem ser o início de um romance. Joana e Dani são diferentes é muitos aspectos, mas conseguem encontrar um entendimento nessas diferenças, ao menos por um tempo. O passado é o problema para uma e o medo do futuro é o que toma a outra. Enquanto uma se doa completamente a outra parece procurar meios de sabotar o que sente. Os sentimentos e as emoções confusas do casal e a presença de uma terceira pessoa preenchem esse romance com momentos apaixonantes e imprevisíveis.

Aqui não tem todo o livro. O livro completo você vai conseguir comprar diretamente comigo. Meu ** é universosalzi.

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Um vício
O vício é uma conduta repetida que surge diante de uma situação ou necessidade específica e que escapa ao controle do indivíduo. Comumente o vício apresenta sinais ou sintomas que podem ser percebidos e até mesmo afetar as pessoas próximas ao viciado. Porém nem sempre ele é facilmente identificado e quando isso acontece à situação tende a piorar até se tornar insustentável. Por sete meses me entreguei ao vício e quando percebi que estava perdendo o controle resolvi buscar ajuda. - Boa noite! Tenho uma consulta com a Doutora Marlene Campos. - Boa noite! Qual é o seu nome? - Joana Blanc. - Pode entrar senhorita Blanc. A Doutora Campos está lhe esperando. Ao entrar na sala da psicóloga e psiquiatra percebi que o lugar havia mudado muito. - Boa noite Blanc. Pode sentar e ficar à vontade. Estava aguardando sua chegada. - Obrigada por aceitar me atender nesse horário. É o único que tenho disponível. - Posso abrir uma exceção para você. Gostaria de saber se fez terapia nos últimos anos. - Quando nos conhecemos nesse consultório estava em um momento de muita relutância. Procurei ajuda por um período em que morei na Itália e me comprometi indo a seções semanais de terapia. Devo confessar que após um tempo resolvi encerrar as seções. Estava mexendo em assuntos que não me sentia pronta para falar. Hoje tenho a sensação de que tomei a decisão errada e acabei atrasando minha evolução. Ela sorriu e meneou a cabeça. - O que lhe trouxe de volta ao meu consultório? - Uma prática excessiva. Há anos costumo escrever cartas para pessoas que saem da minha vida ou quando sinto que é o fim de um ciclo com alguém. Esse foi o jeito que encontrei para expressar meus sentimentos sem me confundir com as palavras. Até alguns meses era como ter um diário com anotações e pensamentos. Nada demais. Porém a situação mudou e há sete meses escrevo cartas fantasiosas para a mesma pessoa. Pra piorar estou começando a acreditar que essas fantasias são reais. Gostaria de viver nessa realidade alternativa, mas sei que não é possível. Preciso de ajuda para focar no mundo real. - Essa situação que acaba de descrever tem afetado seu dia? - Está afetando sim. - Consegue me dizer de qual forma? - Estou alucinando Doutora. Tenho dado bom dia e boa noite pra alguém que não está ao meu lado na cama. Tenho trabalhado pensando em voltar para o meu apartamento abrir um vinho e conversar com essa pessoa. Consigo ouvir o som da voz e o sorriso dela. Outro dia estava no sofá. Gosto de dormir no sofá. Acabei adormecendo e acordei falando sozinha e pedindo desculpa por não ter ido mais cedo pra cama. Não tinha ninguém me esperando. Estou sempre sozinha. Seja aqui no Recife ou em São Paulo e no Rio de Janeiro. Onde passei alguns meses. - Fale um pouco mais sobre essa pessoa que você sente por perto? Ela pediu me olhando nos olhos. - A Fernanda mora em Lisboa e vai casar em algumas semanas. Ela era minha amiga na infância e desde pequena nós duas tínhamos um elo especial. Éramos muito presentes na vida uma da outra até a adolescência. Hoje em dia somos estranhas. Não temos nenhum contato. Apenas esse que eu tenho fantasiado desde o nosso último encontro. Foi depois dessa ocasião que comecei a escrever e transformar as minhas palavras em projeções muito reais. - Sabe exatamente o que está acontecendo. Vamos trabalhar juntas para você superar a dependência da emoção que essas cartas e projeções lhe causam. Está disposta? - Sim Doutora. Quero voltar a sair sem pensar que estou deixando a Fernanda sozinha. Para ser honesta quase desisti de vir a essa consulta porque não queria me atrasar para um jantar que na verdade sou eu que vou preparar e depois comer sozinha. Declarei sentindo uma dor no corpo. Ignorar a fantasia que criei era muito difícil. - Vamos nos encontrar na próxima semana uma hora mais cedo. Para os próximos dias tenho um exercício simples pra você realizar. Procure ter notícias reais sobre os passos dessa Fernanda. Vocês duas tem amigos em comum? - É complicado Doutora. Posso tentar saber de algo. Só não sei se quero saber. - Vai ser desconfortável para você ter informações reais da vida dela. Porém é um incômodo necessário. Seu cérebro precisa fazer uma conexão com a realidade. Tente ir por esse caminho nos próximos dias e na semana seguinte vamos nos aprofundar um pouco mais. Levantei sentindo que as minhas mãos estavam suadas. - Mais uma vez obrigada por abrir uma exceção e me atender a essa hora. - Estou satisfeita por ter me procurado Joana. Aguardo você na próxima semana! Saindo do consultório passei em um mercado e comprei alguns queijos finos para acompanhar um vinho. Estava ansiosa para chegar ao apartamento e assim que cheguei me senti aliviada. Despi-me rapidamente e entrei no banho molhando meus cabelos. Fechei os olhos por uns segundos e senti as mãos da Fernanda em meu corpo. Ela me abraçou e encostou o rosto nas minhas costas. Sua mão desceu lentamente até meu sexo e começou a massageá-lo sem pressa. O estímulo deixou meu corpo arrepiado. A excitação me tomou de uma forma voraz que não me contive ao gemer e sussurrar o nome dela. Gozei com urgência e ao abrir os olhos comecei a chorar. - Quando isso vai passar? Quando você vai sumir Fernanda? Perguntei batendo na parede do banheiro e sentindo vontade de esmurrá-la. - Eu não posso mais ir por esse caminho. Preciso fazer alguma coisa. Você tem que ir embora. Continuei chorando e sentindo muita raiva. Simplesmente a minha cabeça e o meu coração estavam em desordem e a cada dia se tornava mais difícil lidar com essa confusão. Não queria que fosse assim. Não queria sentir que perdi o eixo outra vez. Ao menos consegui procurar ajuda no lugar certo. Era injusto levar os meus problemas para pessoas que me ofereciam apoio porque o que eu precisava era de ajuda profissional. Só com o devido tratamento poderia voltar à realidade e abandonar a fantasia na qual estava aprisionada. Ao sair do banheiro liguei para a Alice e ela não me atendeu. Andei pelo apartamento e tentei ligar uma segunda vez. Dessa vez a chamada caiu na caixa de mensagem. - Alice. Assim que ouvir esse recado me liga. Preciso falar com você. É urgente! Afirmei sentindo minhas mãos formigarem e voltei a andar pelo apartamento sentindo uma angústia que eu sabia que só iria passar quando me sentasse para escrever. Como a Doutora Marlene não me indicou parar com as cartas resolvi pegar papel e caneta e me sentei perto da piscina com uma garrafa de vinho e uma taça na qual servi uma quantidade mínima de bebida. Antes de terminar a primeira linha o meu celular tocou e eu atendi pensando que era a Alice. - Joana. Está ocupada minha filha? A Marina sempre fazia essa pergunta retórica. Isso porque eu sabia que a Pamela passava todas as informações sobre o meu itinerário e para ser honesta eu só estava esperando me tornar Diretora do Grupo para chamar a atenção dela e colocá-la em outra ocupação. - Estou descansando. Acordo cedo amanhã. Tenho certeza que você sabe disso. - Podemos conversa por cinco minutos. Estou perto do seu apartamento. - Apenas por cinco minutos. Aceitei sabendo que recusar recebê-la era uma péssima ideia. Solvi a bebida que tinha acabado de servir e guardei a garrafa. A Marina chegou depois de poucos minutos e assim que saiu do elevador começou a falar o motivo da sua visita. Desde o meu retorno ao Recife ela estava fazendo um esforço para me dar espaço. Mesmo procurando saber dos meus horários e compromissos por meio da minha assistente pessoal. - Adoraria organizar uma comemoração após a reunião em que você será nomeada como Diretora do Grupo. Pensei em algo íntimo. Você pode convidar suas amigas mais próximas. A intenção dela era até aceitável. Porém os meus planos eram diferentes. - A reunião vai acontecer na véspera do meu aniversário. Tenho outros planos para a ocasião. - Mais um motivo para comemorarmos. Ao menos um jantar você tem que concordar? Ela insistiu. - Marina eu realmente preciso descansar um pouco. Vou viajar na madrugada. Mudei de assunto antes que fosse tarde demais. - Pode ir descansar. Conversamos quando você voltar de viagem. A Marina estava determinada. Porém a sua determinação não me faria ceder. Assim que ela saiu deitei no sofá e distraí-me com uma leitura. - Depois você não sabe por que sente tantas dores. Abri os olhos e sorri. - Não estava dormindo. Só fechei os olhos por um minuto. Defendi-me com um sorriso nos lábios e a loirinha passou a mão nos meus cabelos. - Vamos pra cama. Você precisar descansar antes de viajar. Ela segurou minha mão e eu a puxei para o sofá. - Perdi o sono. Podemos fazer algo mais interessante. Sugeri abraçando o corpo dela. - Posso ir nessa viagem? Você sabe que não gosto de dormir sozinha. - Volto em dois dias Nanda. Você pode aproveitar melhor seu tempo ficando aqui. Devia convidar sua mãe para passar o fim de semana em Porto de Galinhas. A Sandra vai gostar de passar um tempo ao seu lado. Por mais que eu queira você só pra mim também preciso saber lhe dividir. Convide a Alice também. Assim não tem que ficar sozinha aqui ou trancada em um quarto de hotel. - Você está certa. Ela concordou sorrindo. Demos um beijo demorado e em seguida ela me puxou pela mão até a cama. - Amo você minha loirinha! Adormeci e acordei com o celular tocando. Troquei de roupa apressada e desci até a garagem assim que o motorista chegou. No caminho até o aeroporto fiquei com a sensação que tinha esquecido alguma coisa. Essa impressão me deixou inquieta. Conferi o celular e a minha agenda. Estava tudo certo. Pensei melhor e lembrei que não havia me despedido da Fernanda. - Ela não está no apartamento. Está em Lisboa com a noiva dela. Falei em voz alta e o motorista me olhou pelo retrovisor. - Disse alguma coisa? Ele perguntou. - Estou repassando algumas informações. Nada demais. Senti-me desconfortável diante da situação e continuei angustiada. Assim que cheguei ao aeroporto entrei no banheiro e liguei para o telefone do apartamento. - Oi loirinha. Desculpa ter saído sem falar com você. Estava com pressa. - Tudo bem. Não tem problema. Dormimos tarde ontem. Ela deu uma risada libidinosa. - Volto logo pra você. Tenta fazer algo divertido nos próximos dias. - Pode me ligar sempre que sentir saudade. - Sendo assim vou ligar milhares de vezes. Ouvi a chamada de embarque do meu voo e encerrei a ligação apressada. - É difícil viajar e deixar quem amamos a nossa espera. Disse uma mulher loira assim que eu deixei a cabine. - Penso que é muito pior não ter para quem voltar. Dando essa resposta imediatamente engoli seco. - Você disse uma verdade. Ela concordou sorrindo e saiu do banheiro antes de mim. Por um minuto fiquei pensando se a loira de terninho preto com blazer branco era real ou fruto da minha imaginação. Mas ao embarcar no avião nos encontramos novamente. Decidi me apresentar para ter certeza de que não estava criando mais personagens na minha fantasia. - Joana Blanc. Muito prazer! Estendi a mão para ela que sorriu um pouco sem graça e me cumprimentou. - Rafaela Cintra. Você é filha do Júlio e da Marina Blanc? - Sou sim. De onde você os conhece? - Sou a oftalmologista dos seus pais. Os conheço há alguns anos. Ela respondeu sorrindo. - Devo me preocupar com algum problema genético? Perguntei olhando seu decote por impulso e ela pareceu perceber. - Nada há nada com o que se preocupar senhorita Blanc. Porém você pode ir ao meu consultório com a sua esposa ou namorada quando sentir necessidade. Lembrei que ela tinha me ouvido falando sozinha e fiquei sem jeito de falar a verdade. - Pode deixar Doutora Cintra. Sorri me despedindo dela e antes de me acomodar olhei para trás e a ela estava me olhando. - Não posso continuar assim. Isso vai acabar me enlouquecendo de vez. Resmunguei sozinha e a comissária de bordo olhou para mim. - A senhorita precisa de ajuda? Ela perguntou me olhando. “- Sim. Preciso de uma psiquiatra e psicóloga ao meu lado vinte e quatro horas.” Pensei em dizer. - Pode providenciar uma água? Por gentileza. Pedi sorrindo educadamente. Depois que o voo decolou distraí-me assistindo a um filme romântico e assim que ele terminou me levantei para ir ao banheiro e acabei esbarrando com a Doutora Cintra. - Vamos nos encontrar em banheiros de agora em diante? Ela perguntou em um tom malicioso. - Podemos aproveitar essa coincidência de um jeito interessante. Sorri flertando com ela que deu um passo atrás e entrou na cabine me puxando pelo braço. Tomei os lábios da Doutora invadindo sua boca com minha língua e ela correspondeu ao beijo com vontade. Segurei seus cabelos entre meus dedos os puxando como rédeas e desci meus lábios por seu pescoço enquanto ela abria os botões do blazer. Continuei levando minha por seu colo e me deliciei com cada parte do seu corpo. Quando ela gemeu precisei calar sua boca com um beijo. - Infelizmente tem que ser sem gemido. Pedi sorrindo e ela abriu os botões da calça pra que eu colocasse a mão e alcançasse seu sexo. Continuei tomando sua boca e ela gemeu no beijo quando sentiu meus dedos. Fiquei excitada com o quanto ela estava lubrificada e dei-lhe estocadas firmes. Entre gemidos abafados e estocadas intensas ela gozou em meus dedos e ficou sem fôlego. - Não devíamos ter feito isso. Ela me olhou com o rosto avermelhado e um sorriso cínico nos lábios. - Desculpa. Não quis forçar nada com você. Dei um passo atrás e me recompus apressada. - Calma. Você não me forçou a fazer nada. Sou médica dos seus pais e você tem namorada. - Não tenho namorada e não quero atrapalhar o casamento de ninguém. Falei antes de sair da cabine e fiquei incomodada com os olhares que recebi. Senti que todo mundo sabia o que eu tinha feito. Todos estavam me julgando por passar anos sem falar com a Fernanda e aparecer sem avisar na fazenda. Justamente no dia do noivado dela. Eles estavam certos em me olhar atravessado e condenar meu atrevimento. Assim que desembarquei em São Paulo encontrei com o Alex. Ele me abraçou com um sorriso nos lábios e eu notei que havia um brilho diferente nos seus olhos. - Queria esperar pra contar a novidade mais tarde. Só que eu não consigo. Por seu sorriso entendi que era notícia boa. - Pra que guardar segredo? Compartilhe essa felicidade comigo que estou precisando. - Pedi a Madalena em casamento e ela disse sim. Ele contou falando alto o suficiente para todo mundo ouvir. - Parabéns pirralho! O puxei para mais um abraço. - Tem certeza que não está cedo demais? Perguntei rindo e ele fez questão de responder olhando em meus olhos. - Tenho certeza. A Madalena é a mulher certa. Amo até as chateações dela. - Ah... Sendo assim parabéns! O abracei uma terceira vez. - Vamos casar depois da formatura dela. Ainda não contei pra ninguém. Você é a primeira pessoa a ficar sabendo. Pode guardar segredo? - Com quem vou comentar algo assim? Fica tranquilo Alex. O pirralho vai casar. Afirmei rindo e olhando pra ele. - Eu vou completar vinte e nove e me sinto muito mais velha olhando pra você. Declarei sorrindo e pegando no queixo dele. - Você vai casar e não sabe fazer a barba. Isso não faz o menor sentido. Brinquei o provocando. - Para de implicar com a minha barba. Eu sempre gostei do seu cabelo. - É bem diferente Alexandre. Meu cabelo tem personalidade. Sua barba lhe deixa desleixado. - Falou igual a nossa mãe. - Em algumas coisas concordo com ela. Você encontrou com o Júlio? Ele chegou ontem. - Ainda não. Marcamos de almoçar amanhã. Acha que devo contar do casamento ou esperar pra fazer isso quando a mamãe estiver presente? - A Marina vai ficar magoada se não for a primeira pessoa a ficar sabendo. Espera pra falar com ela primeiro e não menciona que me contou. - Faz sentido. A mamãe é ciumenta demais. Só não é pior que a mãe da Madalena. - Meus sobrinhos serão disputados por duas avós ciumentas. Vou compensá-los sendo a tia divertida que todo pirralho merece ter. Brinquei com ele e estranhei sua reação séria. - A Madalena não pode ter filhos. Ela teve um problema na adolescência e perdeu o útero. - Existem diversas formas de vocês terem um filho quando concordarem que é o momento. Fica tranquilo Alex. Posso garantir que vou ser a tia favorita dos seus pirralhos. Declarei sorrindo e o deixando mais leve. Saímos do aeroporto e tomamos o café da manhã em um dos hotéis do Grupo. Como não conseguia comer nada muito cedo apenas bebi um suco e comi uma salada de frutas. Acabei me lembrando de quando dividia a salada com a Alice e comecei a ficar preocupada com o sumiço da dentista. Desde que voltamos a falar ela sempre me respondia prontamente. - Você parece distante. O Alex chamou minha atenção. - Estou um pouco cansada. Esses meses foram exaustivos. Não imaginei que fosse enfrentar tantos desafios antes de me tornar Diretora do Grupo. Tenho a impressão que o Júlio está me obrigando a passar por tudo isso pra provar que realmente mereço o cargo e que não é apenas uma questão de entregar a liderança do Grupo para alguém da família. - Conhecendo você consigo imaginar que concorde com isso. Sorri meneando a cabeça. - Sempre gostei de desafios. Eu tenho consciência do quanto a minha vida vai mudar ao assumir esse cargo. Tem mudado muito desde que comecei a trabalhar me preparando para ele. Estou pensando em como vou encontrar tempo para viver além da minha função no Grupo. O Júlio sempre trabalhou muito e até quando estava em casa ele passava muito tempo no escritório. É uma jornada complicada. Deve ser por isso que o Otávio prefere ser o vice-diretor. Demos risada. - O Otávio gosta de ficar nos bastidores. O bom é que você tem certeza da lealdade dele. - Uma excelente vantagem. Quando tiver pequenos surtos deixo tudo na mão do Otávio. Brinquei o fazendo rir. Despedi-me dele e passei no quarto para tomar um banho e trocar de roupa antes de acompanhar o Júlio em um compromisso da Diretoria. Estava terminando de me vestir quando a Alice finalmente retornou a minha ligação e eu atendi reclamando com ela. - Digo que é urgente e você me retorna depois de quase dez horas. Onde estava Alice? - No avião. Estou em Lisboa Joana. Acabei de chegar e ouvi sua mensagem. Fiquei tensa. - Vai encontrar com a Fernanda? Perguntei sabendo que precisava ter notícias dela. - Vou até a fazenda ainda hoje. A Nanda não responde nenhuma das minhas mensagens, mas pessoalmente não vai continuar me ignorando. Você quer que eu diga alguma coisa pra ela? Pensei por um segundo. - Se for possível diga que eu sinto muito pelo que aconteceu entre nós. - Você costumava ser melhor com as palavras na época do colégio. - Perdi a oportunidade de mudar a percepção que a Fernanda tem a meu respeito. - O que era urgente? Você estava com uma voz estranha na mensagem. - Queria saber notícias da Fernanda e por coincidência você está em Lisboa. - Ligo pra você quando tiver novidades. Tem certeza que era só isso? - Tenho sim. Espero que consiga resolver sua situação com ela. - Vou fazer de tudo pra conseguir. A Alice nunca desistia da Fernanda. Ao contrário de mim que sempre a deixava pra depois. Talvez a Barcelar merecesse ter vivido uma história com a Nanda. Quem sabe se as duas tivessem ficado juntas a nossa amizade podia ter permanecido. Ou talvez eu me tornasse a pessoas que viveria interferindo no namoro delas sempre que possível. Encontrei com o Júlio no saguão do hotel e seguimos para a inauguração de uma agência de viagens e passeios que estávamos abrindo em São Paulo. Essa seria especializada no turismo dentro do próprio estado e por isso o evento contou com a participação de algumas autoridades importantes a cultura e turismo do estado. Esses eventos eram os mais enfadonhos e nesse sentindo o Otávio tinha toda razão em evitá-los. Após a inauguração da agência acompanhei o Júlio na vistoria de um dos novos hotéis do Grupo. Conversamos com a arquiteta e eu gostei muito do trabalho e da paixão que ela demonstrou ter pela profissão. A Denise Mendes era uma das profissionais mais cotadas em São Paulo e pertencia a uma família que dominava o cenário político em Brasília. Ela escolheu seguir um caminho diferente dos familiares não apenas no campo profissional. Aos trinta anos a arquiteta acabava de assumir sua orientação s****l e estava casada com a ex-namorada de um primo que era Deputado. O escândalo abalou a família e só não prejudicou a carreira dela porque muitos dos seus clientes eram mais interessados na sua competência como arquiteta. - Ouvi falar que você será a Diretora do Grupo. Meus parabéns! Ela fez a gentileza de me cumprimentar. - Vou receber a confirmação do conselho em algumas semanas. Creio que será uma resposta positiva. Tenho trabalhado muito pra ocupar esse cargo. O Júlio me ouviu falando e interferiu. - A Joana é o futuro do Grupo e ainda está aceitando a realidade. Percebi que ele estava empolgado com a proximidade da reunião com o conselho. - Gostaria que meu pai fosse meu fã desse jeito. A declaração da arquiteta chamou minha atenção. - Suspeito que o Júlio esteja animado para ter tempo livre após muitos anos de trabalho. - Certamente é um descanso merecido. Mas ele também está visivelmente orgulhoso. Imaginei que ela sentisse falta de ser reconhecida pela família e preferi mudar de assunto. Essa era mais uma parte da minha vida que estava em observação. Não havia me aproximado dos meus pais e sequer voltei a casa deles. Com o Júlio o meu único assunto era o Grupo. Ele era o meu mentor no processo para assumir o cargo de Diretora e o nosso convívio se baseava no trabalho. Depois de me tornar Diretora era possível que a nossa relação perdesse o sentido. Após a vistoria da reforma encontrei com a Lívia Lamartine no bar do hotel onde estava hospedada. A Chef estava adaptando os cardápios de vários dos nossos restaurantes em hotéis e pelo que andei perguntando o trabalho dela estava agradando aos hóspedes. A Lívia se aproximou de mim com um sorriso incrível nos lábios e esse sorriso prendeu minha atenção. - Estou muito realizada. Agradeço a oportunidade que me deu com esse projeto. Declarou sorrindo e me olhando nos olhos. - Você tem recebido muitos elogios Lívia. O Otávio me contou que está com a agenda repleta de consultorias nos nossos hotéis do Rio Grande do Sul. - Sabe o quanto sou grata a você Joana Blanc? Olhei os lábios da morena e levei alguns segundos para responder pensando em bobagem. - Estou contente por ajudar. - O que acha de sairmos essa noite? Você gosta de comida de boteco? - Odeio recusar o convite de uma morena linda como você. Porém estou saindo de São Paulo em algumas horas. Gostaria que fosse a minha festa de aniversário em algumas semanas. Posso providenciar tudo para sua viagem. Aceita o convite? Ela abriu um sorriso lindo de tirar o fôlego. - Vou adorar comemorar seu aniversário. - Seu sorriso é impressionante Lamartine. Quase indecente de tão perfeito. Elogiei controlando minha vontade de convidá-la para subir até o quarto. - Vindo de você esse elogio é valioso. Seu sorriso é excitante Joana. “- Aproveita essa morena e não perde tempo surtando!” Pensei. - Você deve levar roupas leves e biquíni para a ocasião do meu aniversário. A festa vai ser na minha nova casa de praia em Porto de Galinhas. Falei saindo do flerte e ela sorriu. - Roupas leves. Estou animada. Obrigada mais uma vez. Beijei o rosto dela e acabei tocando o canto dos seus lábios. - Você é um sucesso Chef Lamartine! Despedi-me dela e senti seu olhar me acompanhar até o elevador. “- Quer tomar uma bebida no meu quarto? Custava perguntar Joana.” Fiquei irritada com a minha falta de atitude e só deixei esse pensamento de lado quando a Alice me ligou dando uma notícia que não esperava receber. - Joana a situação aqui não é nada boa. O celeiro e outras dependências da fazenda pegaram fogo. A Nanda está inconformada e muito triste. Queria que você ligasse pra ela. Sei que é pedir demais. Mas talvez sentir um pouco de raiva seja melhor do que ficar se afundando na tristeza em que ela está. Você consegue ligar? - Ligo sim. Como isso aconteceu Alice? - Parece ter sido um problema na fiação. O seguro está investigando. Ela perdeu muitos documentos e registros da história da fazenda. Não sei como ajudar Joana. Talvez você saiba. - Sabe se ela está sozinha? Não quero ligar e correr o risco da Fernanda está com a noiva. - Vou afastar a Flores dela e envio uma mensagem pra você. Depois que falarem me avisa. - Combinado. Espero sua mensagem. Sentei por alguns minutos e como a Alice demorou comecei a andar de um lado para o outro no quarto. Finalmente quando recebi a mensagem senti o meu coração bater mais forte. Ligar pra Fernanda depois do nosso último encontro era muito confuso. Porém a Alice tinha razão. Ela precisava de apoio mesmo de alguém que há anos não estava ao seu lado. Liguei antes de me acovardar e ela atendeu depois de alguns segundos intermináveis de espera. - Fernanda. - Sabia que você acabaria ligando. A Alice pediu? Ela atendeu com uma voz mansa. - A Alice me contou o que aconteceu na fazenda. Lamento muito. - Estou vivendo um pesadelo. Não aguento perder mais nada. - Pelo que entendi o mais difícil são os registros da sua família que estavam no celeiro. - Há tempos tinha pensando em fazer um memorial para os meus avós. Demorei demais. - Posso ajudar você com isso. Consigo alguém pra fazer uma pesquisa histórica da sua família e quem sabe resgatar alguns registros em fotos e documentos. Conheci uma jornalista na universidade que trabalhava com memoriais. Posso conseguir o contato dela ou pedir que ela ligue para você. O João e a Branca merecem essa homenagem. Não deixe um acidente arruinar a sua vontade de homenageá-los. - Acha que essa jornalista consegue me ajudar? - Se ela não conseguir encontro outra pessoa. Tudo bem por você? - É realmente importante pra mim Joana. - Sei que sim Fernanda. Você não tem que perder mais nada. - Eles sempre consideraram você como alguém da família. - O João e a Branca eram minha família também Fernanda. Sempre pensei que eles viveriam muitos e muitos anos. Tinha a esperança de aprender mais algumas coisas sobre a vida com eles. Os dois eram pessoas excepcionais e muito humildes. - Eram mesmo. Sinto falta deles todos os dias. - Tenho certeza que sim. Eles certamente sentem orgulho da mulher que você se tornou. - Como sabe disso? Você não me conhece mais. - Imagino que tenha mudado muito. Também mudei Fernanda. Mas não perdemos os valores com o tempo e sim adquirimos outros. Você está nessa fazenda dando continuidade à paixão do seu avô e cuidando de tudo assim como a sua avó. Eles sentem orgulho da sua dedicação. - Deixei que uma parte da fazenda fosse transformada em cinzas. Isso os faria sentir decepcionados. - A Vó Branca nos contou de um incêndio na fazenda quando a Amanda nasceu. Lembra dessa história? Ela deu risada. - Lembro sim. A vovó disse que o meu avô ficou feliz e desatento. - Ele não apagou a lareira direito e parte da sala pegou fogo. Rimos juntas. - A vovó sempre ficava brava quando contava essa história porque o incêndio queimou alguns dos retratos da família dela. - E o que a sua avó fez pra seguir em frente? - Colocou retratos da Amanda por todos os lugares da sala. - Vou conseguir o contato da jornalista pra você. Ela vai lhe ajudar. Tenho certeza. - Obrigada por ligar Joana. Você me trouxe alívio. - Estou feliz por ajudar. Aguarda o contato. Fica bem Fernanda! - Joana... - Oi. Pode falar. - Isso não muda nada do que aconteceu. Não quero que pense que somos amigas. Ela não se conteve e estragou o que seria a nossa primeira conversa tranquila em anos. - Como quiser Fernanda. Assim que encerramos a ligação eu mandei uma mensagem para a Alice. - Cuida dela. Vou ajudar como posso e vai ficar tudo bem. Obrigada por me avisar! Mesmo triste com a mágoa da Fernanda também me senti satisfeita por pensar em algo para ajudá-la. Tratei de ligar para a Emanuele e consegui o contato da jornalista que era amiga dela. Expliquei a situação e pedi que ela ajudasse com o memorial dos Porto a qualquer custo. Era o mínimo que eu podia fazer para abrandar o sofrimento da Nanda e ao mesmo tempo contribuir com uma homenagem ao Vô João e a Vó Branca também me dava um conforto.

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