Prólogo
Sempre me disseram que sou uma pessoa ambiciosa. Mas nunca vi maldade em querer mais, em sonhar com mais, é pecado? Desejar a ferrari vermelha mais bonita da cidade? O apartamento mais luxuoso que possa me dar conforto? Não, acho que não é, pecado seria não ir atrás dos meus sonhos a cada dia, os ver minguarem sem que eu lhe dessem esperanças ao ponto de deixa-los morrer dentro de mim.
— Senhorita o que mais anseia na vida profissional dentro da Albartelli edificações? — Olhei para o homem de óculos de aros pretos, cabelos loiros, algumas sardas próximos aos olhos, nariz reto, comprido, sorri, mas não era um mero sorriso, com os meus dentes compridos extremamentes brancos, os lábios no batom vermelho, sim, eu deveria estar nervosa por ser uma entrevista de emprego, mas não, não estou. Sorri amplamente antes de erguer a minha mão, acaricia meus dedos um ao outro. — Crescimento, reconhecimento profissional.
O vi ajustar o óculos, olhar novamente para o folheto a medida que sorri, assentiu a minha frente. — Crescimento e reconhecimento? — O encarei seriamente, ele é como eu fui um dia, tímido, receoso, as suas bochechas avermelharam com o meu gesto. — O que mais uma estagiária poderia desejar dentro de uma empresa senhor.... — Olhei seriamente dos seus olhos para o seu crachá. — Kas Marques.
Assentiu mais uma vez, esta é a quinta vez que me candidato, e a primeira vez que sou chamada para uma entrevista. — Talvez aprender com os nossos... — Neguei, na minha fase da vida dizer que queria aprender seria demais pra mim, depois de tanto estudo e esforço. — Diremos que haverá uma partilhar de conhecimentos, Senhor Kas, desculpe a minha franqueza, mas a Albartelli não é uma academia em direito. — Assentiu até que lhe vi retirar a mão levando ao bolso, ao trazer, trouxe um lenço a testa.
Arqueou a sobrancelha me olhando. — Bem por hora sem mais perguntas, agradeço pelo seu comparecimento, caso seja selecionada, entraremos em contato. — Sai da sala andando com a certeza de que não foi desta vez, mas desta, conseguir chegar a entrevista, andei pelo corredor vendo os demais concorrentes para a entrevista que apenas me olharam de cima a abaixo, usando saia creme, blusa marrom, cabelos soltos acima dos quadris.
Sai do costume habituais, inovei, todas usam calça ou saia preta, blusa branca como padrão, sem marcar os s***s ou os quadris demais, dizem que não querem ou não gostam destes perfis, não estou aqui para vender o meu corpo, ou a minha figura, estou para oferecer os meus conhecimentos. Apesar que trabalhar na Albartelli não é um sonho pra mim, poderia até ser um sonho que antecede todos os outros, por ser uma das empresas mais citada como referência na faculdade, ponto de disputa entre os colegas veteranos, porque não tentar?
Me pergunto, quando mil vozes me dizem que não, olhei para o meu carro, após chegar ao estacionamento, ele não é a ferrari que tanto sonho, é vermelho pelo menos, um modelo simples. — Não foi desta vez Roberval. — Disse pra ele antes de abrir a porta, entrei suspirando fundo, talvez tenha exagerado na maquiagem, na roupa, no batom, tive certeza que sim, e também nas respostas.
Meu curriculo não é r**m, comparado a alguns veteranos é muito bom, quanto as respostas? Nunca fui tão arrogante e prepotente antes dos meus quinze anos, e o que ganhei não foram boas lembranças, com o tempo fui aprendendo e ele com sabedoria foi me ensinando. Ao abrir a porta começou a chover, olhei para o prédio iluminado apesar da chuva, meus sonhos devem vim por outro caminhos, a Albartelli esta fora.
Entrei no carro, pensando em alterar rotas, a chuva caindo incenssantemente no parabrisa do carro, cheguei ao estacionar o carro na garagem, olhei para Índinara. — Então como foi? — Sorri ao sair do carro. — Como sempre. — Seus ombros cairam com a notícia. — Você sabe que pra entar na Albartelli só pode ser por dois meios querida. — Não me interessava meios, se não fosse pelo meu curriculo.
Suspirei fundo, peguei a minha pasta saindo do carro em seguida. — Não vou me prestar ao ridiculo de ir para numa cama de um desconhecido por um emprego, Indinara. — Abriu os braços em lamentações. —Se não for você, outra vai. — Revirei os olhos ao chegar até ela. — Cama pra contratar, cama pra segurar emprego, cama pra receber aumento de salário, neste caso eu deveria ir a avenida augusta e não pra o curso de direito. — Gargalhou ao me ouvir.
