Prólogo
15 de junho 2002
Morro da Maré
-Amor é melhor mandarmos o Ravi pra ficar uma temporada na casa da tua irmã, lá ele vai estar fora de perigo…
-Eu sei, mas vai ser muito difícil ficar longe do nosso pivete, mas não quero que ele cresça sob essas ameaças…
-É um momento difícil, mas não podemos deixar que os meus inimigos consigam levar o meu sucessor, era noite, coloquei o meu moleque no carro e mandei o FJ levar ele pra fora do morro, para casa da minha irmã, ela leva uma vida oposta a minha, como dizem "decente", desde que meu pai morreu fiz o que pude pra que ela não se envolvesse nos negócios da família e hoje ela é uma grande Advogada Criminalista cara…
Dói pra caraleo afastar do meu pivete mas não vou arriscar a segurança dele. Tenho recebido ameaças constantes e sei que a qualquer momento as coisas vão se complicar e sei que com a vida louca que eu tenho, a qualquer momento eu posso tombar.
FJ sai levanto meu pivete e 40 minutos depois o que eu temia acontece, escuto a rajada de tiros e em sequência os fogos, meu radinho apita, é um dos meus soldados avisando que o morro foi invadido, dou um beijo na minha fiel, coloco uma arma na cintura e mais uma na mão e saio da minha goma com a adrenalina a mil, minha goma fica no alto do morro, tenho uma visão perfeita do meu território e aqui nessa por.ra quem manda sou eu, minhas regras, e aqui ninguém aterroriza ninguém, só eu tenho o direito de fazer isso.
Desço correndo os degraus da escadaria que dá na minha goma e começo na correria, os tiros estão se aproximando, vou de peito aberto pro confronto, sei muito bem que o foco na real é pegar meu ponto fraco, não posso dá mole, enquanto vou descendo derrubo o primeiro vagabundo que vejo apontando o fuzil pro meu parça que tava de costas e ia tomar bala sem saber de onde veio, e assim que meu parça se vira dá um tiro, olho pra trás e vejo mais um caído, aqui é um salvando a pele do outro, vamo descendo mais escadas e trocando tiros, os moradores estão todos trancados já a essa hora, tão ligado que o bagulho é louco, derrubamos mais alguns e vejo um dos seguranças da minha goma ensanguentado, ele olha e aponta pra cima e diz VK e logo cai, sinto uma dor repentina no meu peito e vou correndo igual um doido pra minha goma, alguns dos meus home vem correndo comigo e sinto que o pior Pode ter acontecido, quando vou entrando na goma vejo o VK agarrado nos cabelos da minha fiel Gabriela, ela tá toda machucada, a mina é 10/10 cara , mas o filho da putta põe a arma na cabeça dela e antes que eu possa fazer qualquer coisa ele puxa o gatilho e começa a rir.
-Ainda vou achar teu pivete e manda-lo pro inferno também, assim como mandei teu pai e essa v***a aqui.
Ao ver o corpo da minha Gabriela no chão o meu mundo desaba, mas ao ouvir as palavras desse filho da putta reajo por um segundo e aponto pra ele que está debochado como sempre, e dou um tiro no peito do desgraçado, ele põe a mão no peito, me olha e antes de cair diz: Nos vemos no inferno BL e apenas sinto o meu peito queimar, olho onde o filho da p**a me acertou e sinto minha roupa molhando encosto na parede e vou escorregando devagar, meus olhos começam a pesar e a minha visão embaçar, o sangue se espalha rápido sinto que não vou resistir e tudo que vem na minha cabeça é o meu pivete que ficará neste mundo sem pai nem mãe, já não estou mais aguentando, minhas forças se esvaem, a sonolência vai chegando, fecho os meus olhos…
Depois de deixar o pivete na tia volto a milhão pro morro, mas quando chego na subida vejo os soldados com a cabeça baixa…
Chego em um perguntando o que aconteceu e logo tenho a noticia que BL tá morto com a Gabriela o meu mundo desaba, BL é meu mano e meu cunhado e agora além de enterrar a Gabriela que é minha irmã e também preciso enterrar meu cunhado, que por.ra, o que eu vou fazer?
VK conseguiu invadir o morro e ainda conseguiu apagar os dois, ao menos o desgraçado está morto, porque se estivesse vivo iria conhecer o inferno logo, porque eu mesmo o mandaria pra lá…
-Ele pode estar morto, mas o filho ainda é pequeno, mas está vivo e com certeza quando crescer vai assumir o morro que é dele por direito e que ninguém conseguirá tomar, eu mesmo cuidarei pessoalmente pra que isso não aconteça.
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