Tartaruga

1890 Words
Me sinto vulnerável, mas não tão culpado quanto deveria. Afinal, eu não queria m***r ninguém. Não foi minha intenção m***r Reed Richards, Kathleen Hury e Michael K. Esses pensamentos me rodeavam sem parar, desde o acontecido. Paul e eu estávamos jogados em sua cama, a televisão em volume baixo. -Cara. -Paul disse subitamente. Olhei para a televisão em um relance, e, em seguida, para Paul. -City deve estar péssima. -disse, deixando escapar algum de meus pensamentos. -Ela precisa de você. -De você também. -Não, cara. Você não entendeu. -Paul levantou-se da cama, ficando em posição de lótus. -Lá vem. -resmunguei. -Eu sei que isso parece um tanto insensível. -ele desligou a TV. -Mas, sei lá. -Direto ao ponto, Paul. -Você agora tem um caminho livre. Vai dizer que não pensou nisso? -É claro que pensei. -E por que não me disse nada? -Você foi mais rápido. -disse, finalmente rindo. -City é uma pessoa que sempre tem caras em volta dela. Não vai demorar muito para que comecem as apostas. -Apostas? -É. "Quem será o novo namorado de City Bouston?" -Fazem esse tipo de aposta? -Sim. City tem uma fama de fácil. -Paul! -E é por isso que você precisa ser rápido. -Paul sorriu. -Ela iria fazer oito meses de namoro com o Reed semana que vem. Não posso chegar agora como se nada tivesse acontecido. Ainda mais que... -pensei no momento em que disparei aquela bomba em direção ao meu carro. -O que? -Paul, sem chances. -A escolha é sua. -ele disse, pondo-se de pé. -Vou pegar o nosso lanche. Seis dias. O meu irmão que fora infectado estava agora em algum lugar. Certamente, triste e desorientado, com saudade de sua família. E não paro de pensar em como deve estar sendo h******l para ele. Fico pensando em sua rotina, se já seus cabelos ainda estão intactos, ou como ele tem se alimentado. Mas o teto do quarto de Paul não tem as respostas. -Sabe o que deveríamos fazer? -Paul voltara, com dois refrigerantes em mãos. -Nem começa. -levantei-me, para segurar os refrigerantes. -Nós devíamos sair. -ele disse, saindo do quarto, sua voz já longe. -Sair? -gritei. -Sim. -ele voltou segundos depois, segurando uma caixa de pizza. -Devemos aproveitar nossos últimos dias. Afinal, você vai se esconder por aí, não é mesmo? -Como uma tartaruga. Uma tartaruga subterrânea. -Por isso, senhor tartaruga. -Paul pôs a caixa sobre a cama e a abriu. -Devemos aproveitar esse tempo. -E como o senhor sugere que esse tempo seja aproveitado? -sorri, pegando um pedaço de pizza calabresa. -Boates. Strippers. Coisa simples. -Acho que City não iria gostar. -City não iria gostar, por isso que ela não vai. -Hm. -City não está bem para esse tipo de coisa, Hector. Mas você é quase um irmão. Não sei quando eu irei te ver novamente. Houve um silêncio por alguns minutos. Comi mais dois pedaços de pizza. Paul parecia apreensivo. -Ei, Paul. Nós nunca vamos deixar que isso acabe. -Eu só queria aproveitar. Pode ser a nossa última semana. Talvez nos encontremos daqui alguns anos. -Espero que sim. Ainda não decidimos o local. Mas City deve pensar em algo. -Então, senhor tartaruga. O que me diz? -Não vou carregar você bêbado. -Você vai. -ele riu. -Se acordar amanhã na rua, não reclame. É sério. -Então isso significa que você topa. -Paul abocanhou mais um pedaço de pizza. -Mas... Boates estão fechadas, não? Quer dizer. Nada mais fica aberto até tarde. -Nem todos respeitam as regras cegamente, senhor tartaruga. [.] Voltei para casa pensando em uma lista de lugares indestrutíveis que eu poderia encontrar com os meus amigos em um futuro próximo. Mas era difícil definir algum. Como iríamos saber que terá algum indício que o lugar que ele era hoje, será o mesmo depois de uma possível e hipotética destruição? Esperava que isso não acontecesse. Quando cheguei ao estacionamento do prédio, próximo a vaga 13B, papai estava lá, ao lado de um carro preto. -O seguro mandou este para você. -papai disse. -Impossível. -sorri. -Eu comprei outro. -ele disse. -É todo seu. Depois de estacionar, fui até ele. Segurei a chave do meu novo carro. -Você não existe, pai. -Quero você em casa, tudo bem? -Você está me dando um carro... -fiz uma leve pausa, semicerrando os olhos, admirando o meu novo auto. -E pede para que eu fique em casa? -Eu sei que não faz sentido, mas evite. Só temos mais alguns dias aqui. No Isolamento não precisaremos disso. -Por isso que eu tenho que aproveitar ao máximo. -Não. -papai disse rispidamente, por impulso. -Aconteceu alguma coisa? -perguntei. Seus olhos vidravam. -Se cuide. Fique longe de perigo. É só isso. Não posso te perder. -Você não vai. -eu disse em um abraço. -Não se preocupe. Mais tarde, depois de terminar o meu dia brincando com Summer, mamãe nos chamou para o jantar. Ela que fizera, e assim completamos uma semana comendo suas iguarias. Estávamos sem empregada havia uma semana. -A nova empregada chega na segunda. -mamãe disse, quando pôs a travessa de macarrão sobre a mesa. -Finalmente terei um descanso. -E nós, comida boa. -comentei, rindo. -Minha comida é r**m, Hector? Bom saber. -mamãe brincou. -Você não é uma chef, mas... -Engraçadinho! -ela bateu de leve na minha cabeça. -E papai? -Summer perguntou. -Ele disse que chegaria para o jantar. -Infelizmente, o pai de vocês se atrasará um pouco. -mamãe voltara, com leite e suco. -Aconteceu alguma coisa? -perguntei. -Espero que não. -mamãe deixou um suspiro escapar. Começamos o jantar, sem a participação da televisão, como mamãe gostava. Summer falou um pouco sobre a escola. Ela havia tirado A no seu teste de inglês. E isso foi importante para sua distração, porque ela ainda sentia falta de Thomas. Assim como todos nós. Contei sobre City, seu namorado, Paul tentando me fazer sair. Mamãe não gostou muito da ideia. -Você não está com muita sorte, querido. -mamãe falou sério. -Não é bom fazer loucuras quando estamos numa fase r**m. -Sabe que não sou supersticioso. E eu preciso aproveitar os últimos momentos com os meus amigos, mãe. -Também quero sair com minhas amigas. -Summer disse antes de comer um pedaço de carne. -Nem pensar. -mamãe disse de imediato. -Não aprenda esse tipo de coisa com seu irmão. Ele é maluco, igual o pai. Nós três começamos a rir. De repente, papai passou pela porta. Parecia preocupado. -Já começou um anúncio importante do presidente na televisão. -papai jogou sua maleta no sofá. -Isso é macarrão com queijo? -ele apontou para a travessa na mesa. -Ligar. -mamãe disse para a TV. -Meio fora de época. Mas, sim, é macarrão com queijo. -respondi. Este vírus não acabará com a nossa população. Nós, o mundo, estamos lutando contra isso. Vocês precisam acreditar. Em menos de dois anos, construímos todos os Isolamentos terrenos e subterrâneos. Muitos dizem que esta é uma tática covarde, que estamos fugindo da guerra. Mas, na verdade, estamos dando um passo para trás, para que no futuro, demos muito mais do que apenas dois passos para a frente. A partir do dia 28 de novembro, Os Isolamentos subterrâneos da zona 4 e 5 abrirão as portas. E os isolamentos terrenos da zona 8,9 e 10 abrirão a partir do dia 2 de dezembro. -Enquanto o presidente dizia estas palavras, passavam-se imagens das zonas de isolamento, todo luxo, conforto e infra-estrutura de cada zona,- Isso significa que somente 40% das nossas Zonas de p******o estão garantidas por vocês. E isso nos mostra que 60% da população ainda não tem o seu Isolamento reservado. Por isso que estou aqui, por meio deste vídeo, para informá-los, alertá-los. Vocês precisam cuidar de suas famílias, garantir que eles fiquem bem, protegidos. Um dia, tudo isso passará. Mas por enquanto, temos que recuar. Um passo para trás, depois, dois ou mais para frente, como eu disse. Não ouçam esses opressores, que lutam contra nós. A verdade é: Investimos bilhões de dólares, em menos de dois anos, com obras rápidas e de qualidade pensando em nosso povo. Nós pensamos em cada um de vocês. Agora, precisamos nos unir. Juntos, estaremos vivos e protegidos. Para um futuro brilhante! -Parece que adiaram o dia da inauguração. -papai disse. Quando o presidente sumiu, o logotipo da PFF assumiu toda a tela, em um verde claro, esperançoso. É a hora de pensar no futuro. Vamos pensar positivo juntos! -Desligar. -falei para a tela. -Hector odeia a PFF. -mamãe riu. -Depois disso, acho que devemos dar uma festa. -Summer disse. Mamãe, papai e eu trocamos olhares confusos. -Você tem quantos anos? -papai brincou. -Ninguém me leva a sério! -Summer deu de ombros. -Vamos combinar o seguinte. -papai disse, começando a rir, enquanto sentou para pegar um pouco de macarrão. -Eu e sua mãe saímos para jantar, e vocês dão uma festa. Igual dos filmes. -ele balançou a cabeça. -Não dê ideia para eles! -mamãe riu. -Nada de festas. -papai concluiu. -Sem graça! -Summer resmungou. Quando deitei minha cabeça no travesseiro, pensei em como tudo era normal antes. E fora um dia normal. Me senti como antes por alguns segundos. Paul desviou meus pensamentos. O relógio marcava meia noite e quinze. Senhor tartaruga, tudo certo para hoje? Já deitei, nem tenta. Amnesia, avenida 609. Que? Cara, eu vou sair de casa agora. Vou com o carro do meu pai, escondido. Sei que você não vai poder sair com o seu. Vou passar aí em frente em dez minutos. Esteja pronto. Droga. Um dos maiores poderes de Paul Hawk é a persuasão. Quando você não faz algo que ele pede, você se sente m*l. É sério isso. Se eu pudesse dizer não, diria. Mas, sem dúvidas, devia isso a ele. E por esse motivo, dez minutos depois de sair furtivamente pelos fundos do prédio, entrei no carro de Paul e seguimos para o tal lugar. -Amnesia. É para esquecermos os problemas. -ele afirmou. -Isso não é muito longe, é? Tenho que voltar antes que meus pais acordem. -Relaxa, tartaruga. -Paul virou a direta, as ruas praticamente vazias. -Vamos curtir! -Paul sorriu. -Onde liga o som disso? -perguntei. -Último volume para o senhor Hector. -Paul apertou o play em seu pequeno visor. -Espero me divertir. Você tem razão. Nós precisamos disso. -Como você mesmo diz, não é? Seremos infinitos. O vento corria sobre nós. Olhei furtivamente para o The Pony Bar quando passamos em frente. Lembrei-me rapidamente de tudo, mas logo me desfiz daqueles malditas lembranças. Paul estava radiante, dançava mesmo sentado no banco do carro. E tentei não me sentir m*l por também não ter lhe contado a verdade. Nem para ele. Não fui capaz. -Regra número um. -Paul disse quando desligou o carro. -Você paga a bebida. -Não trouxe nem um dólar. -Que? -Brincadeira. -sorri de leve. -Meu Deus! Você ainda me mata do coração, sabia? -De qualquer jeito, não vou deixar você beber muito. -Tartaruga mão-de-vaca. -Paul riu, colocando as mãos em seu rosto. Entramos no Amnesia NYC quase uma hora. Estava cheio, o que era de se imaginar. Dava para contar nos dedos as boates que ainda permaneciam abertas. E também as que eram realmente boas. -Espero que não encontre nenhum parente aqui. -Paul disse quando entramos. -Ou um professor. -eu disse, quando meu celular vibrou. Peguei-o com medo. Temia que fosse meu pai, ou minha mãe. Mas foi outra foto que apareceu na tela. -É City. -disse, estranhando.
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