Infinitos

1853 Words
Engraçado. Eu caminhava até o Hospital onde meu irmão fora levado, para o meu segundo exame obrigatório. A polícia exigira depois do episódio trágico no 32. No meio do caminho, uma jovem de cabelos lilás me abordara. Olá, jovem rapaz. Posso saber seu nome? Hesitei em rir. Foi por pouco. Ela vestia a camiseta verde. Hector, prazer. Ela sorriu, e então, virou a tela que segurava em mãos. ''você já deve nos conhecer: somos o grupo mais positivo da Terra. E nós acreditamos em um futuro brilhante para toda nossa sociedade. Somos fortes, capazes de superar qualquer doença maligna como esta. Não podemos nos esquecer que até alguns anos atrás, o câncer era mortal. Hoje, não é mais um problema para nós. As mortes causadas pela doença caíram em 213%". -Desculpe, não tenho tempo. -eu disse. -É importante, Hector. Preciso que você pense sobre tudo isso. -Não preciso pensar como vocês. Eu penso no que é real. -Meu nome é Judy. Por favor, eu preciso falar com você em outra ocasião. -Judy, eu preciso ir ao hospital. Tenho um exame a ser feito. -Não faça nada obrigado, Hector. -ela pôs a mão esquerda em meu ombro. -Não estou sendo carregado a força, estou? -respondi, afastando sua mão. -Posso pegar seu número? Vou contatá-lo ainda hoje. -Talvez outro dia. "Nós, positivistas, acreditamos na cura de cada infectado. O mundo não será destruído. Teremos tudo de volta em breve tempo. A NASA já tranquilizou a todos afirmando que o b-566 não irá colidir com o nosso..." -Tenha um bom dia. -disse em retirada. Ao chegar ao hospital, encarreguei-me de ir até o painel principal. Minha digital marcou a pequena tela escura, que minhas informações em seguida mostrou todas as básicas. Olhei ao redor, havia muitas pessoas. Uma senhora parecia cansada, sentada em um dos bancos de espera. Ao lado dela, uma criança jogava, parecia bem. A tela mostrou o meu número. A tela falou comigo em seguida. Senhor Hector Mitchell, o seu número é doze. Tempo de espera: seis minutos e trinta e dois segundos. -Obrigado pela precisão. Tenha um bom dia e um ótimo atendimento. Suspirei. Sentei-me ao lado da criança e coloquei meus fones de ouvido. Seis minutos, pensei. Duas músicas aniquilam esse tempo. Olhei para a televisão, e para minha grande surpresa e infelicidade, uma reportagem sobre a morte de três adolescentes mortos em uma explosão de carro. ''A explosão teria vindo de uma arma, afirmou a polícia. O disparo foi feito por Sidney Macwall, que foi identificada pelas câmeras de segurança. Ele foi preso nesta manhã." Pigarreei. Não podia acreditar. Outra pessoa estava presa por um crime que eu cometi. "Um dos jovens foi identificado como Reed Samuel Richards. A mãe do jovem alegou não saber que o filho estava infectado. " "Ele disse que faria uma viagem breve com os amigos, não desconfiei. Ele soube de tudo e quis fugir antes que eu o obrigasse a se entregar à polícia." -Número 12. -uma voz eletrônica soou, minha foto exibida na tela próxima a recepção. Olhei para a televisão mais uma vez. A foto de Reed estava lá. Adolescente morre aos 16 anos. Deixei de lado, seguindo até o balcão. -Senhor Mitchell, andar quatro, sala nove. Este é o seu cartão. Bom exame. Sorri para a simpática recepcionista e andei pelo corredor até o elevador. Havia um homem também na espera. O visor ao lado direito do elevador também passava a notícia do acidente. "O terceiro morto pela explosão a ser identificado era também um adolescente. Kathleen Hury tinha apenas quinze anos." -E ainda querem que acreditemos que tudo ficará bem. -resmungou o senhor. -Acho que isso foi uma fatalidade. -disse. -Você não tem noção do que está acontecendo, meu jovem. -O que você quer dizer? -perguntei. Olhei para o elevador, suas portas se abriram. Todos que estavam nele, saíram. Uma mulher delgada entrou, em seguida, eu e o homem entramos. Selecionei o quatro no painel. -Essa explosão certamente não foi um acidente. -ele disse. -E não foi. Um homem foi preso por m***r aqueles adolescentes. -Conhece ele? -Não. Deve ser.... um criminoso qualquer. -Ele estava preso até semana passada. A polícia o soltou, hoje ele já está preso novamente. -Desculpe, eu não compreendo. -falei. Meu coração estava acelerado. Eu era o criminoso. Mesmo sem querer. -Quando chegar a hora certa, todos irão compreender. -ele sorriu. As portas se abriram, o quarto andar. Acenei para o homem, saí. Pessoas andavam para todos os lados. Talvez aquele andar fosse o mais habitado. Abri a porta da sala nove com o cartão que ganhara no primeiro andar. Uma mulher asiática me recepcionou. "Sente-se aqui, você já será chamado. " Olhei novamente para a parede da sala, mais uma televisão. Felizmente, não mais o caso onde eu mato três pessoas e outro é preso em meu lugar. Em poucos segundos, sou chamado. -Hector Mitchell. Segundo exame? -uma mulher alta disse assim que entrei num pequeno consultório. -Sim. Aconteceu um acidente com uma infectada em meu prédio. A polícia requisitou um segundo exame. -Eu sei. Você foi um herói, senhor Mitchell. -Na verdade, eu nem matei ninguém. -Ainda bem. É muito novo para m***r pessoas por aí. -ela sorriu. É sério isso? Pensei. -Será rápido. -ela disse, colocando suas luvas descartáveis. -Tenho certeza que sua saúde está incrível. -Espero que sim. -resmunguei. Sentei-me na poltrona azul-alecrim, bem confortável. Estendi meu braço sobre a pequena tábua lisa e branca. Uma agulha adentrou em meu braço momentos depois. -Espere um momento. Temos mais um exame a fazer. -Outro? Ninguém me disse nada. -Será rápido. -ela sorriu, fechando a porta. Com o braço ainda estendido, fechei os olhos. Me sentia cansado, ainda sem forças. Pensei no meu dia anterior, cheio. A todo momento, a sensação de estar voando com uma arma destruidora em mãos voltava. Summer também habitava em minhas memórias, chorando, e o senhor Elliot, morto. Mamãe me abraçava. -Hector? -a mulher voltara. Tentei respondê-la. Mas era impossível. Não tinha forças, meus olhos se fecharam gradativamente. Até que finalmente apaguei. Eu corria. Um helicóptero sobrevoava próximo ao chão. Atrás de mim, centenas de infectados. Senti medo, mas não podia parar. Era tudo um grande vazio. Nova York estava em ruínas. Pulei sobre os escombros, prédios caídos, pessoas mortas. Olhei para o alto, alguém no helicóptero jogara uma corda para mim. Um resgate. Olhei para trás mais uma vez, eles se aproximavam. Estava próximo a morte. Subi em um carro vermelho-cinza, saltando em direção a corda. Eu a agarrei com todas as minhas forças. Joguei um braço para cima, outra vez e outra. Necessitava muito esforço. Metade de um prédio se aproximava em minha direção. Subi um pouco mais pela corda, mas ainda estava na metade. Olhei para cima. Um homem de preto me gritava do helicóptero: o meu pai. A frente, eu e o prédio iríamos colidir. Fechei os meus olhos antes de encontrar a morte. -Senhor Mitchell? -uma voz disse. Meus olhos se abriram, suspirei em alívio. Um pesadelo. -Onde estou? -disse lentamente, observando o novo local. Era todo branco, eu estava deitado em uma poltrona. Ao meu lado, equipamentos médicos eletrônicos. -Seu exame foi concluído. Está liberado. -Mas... O que aconteceu? Eu dormi? -Está tudo bem. Você não está infectado. Já pode ir para casa. -ela disse, com um grande sorriso. -Obrigado. -fiz uma pausa, olhando seu nome bordado no jaleco. -Senhora Vitz. -Senhorita. -ela retrucou. + Quando voltei, Summer me recepcionou calorosamente. Estava com saudades. E ela tinha motivos de sobre para estar feliz: eu havia voltado. E, se eu voltei, é porque não estava infectado. Ela não queria ver o seu irmão mais velho ser tirado de si, assim como o irmão mais novo. -Seus amigos estão aqui. -ela disse. -City e Paul? -E você tem outros? -ela riu. -Engraçadinha. Fui até o meu quarto, e os dois estavam sentados em minha cama. Abusados. -Pensei que nos veríamos no Central Park. -disse ao entrar. -E nós vamos. -Paul disse, sorrindo. -Mas vamos de carro. -Vocês são terríveis. -falei. Notei City pela primeira vez, ela estava nitidamente m*l. Não conseguia sorrir com naturalidade. Seus olhos estavam vermelhos. -Você dirige, Paul? Tenho que ficar com o braço estendido. Então, alguns minutos depois, estávamos nós em nosso lugar preferido para reuniões seriamente importantes. Era o nosso escritório particular, só que qualquer pessoa poderia entrar nele. -Sinto muito. -abracei City. Ficamos um bom tempo ali. Ela precisava de nossa ajuda. -Ele era tão especial. -ela lamentou. -Estamos aqui com você. Não se preocupe, City. -Você vai ficar bem. -dei um beijo em sua testa. Sentamos na grama, depois de City estender um pano para todos nós. Paul apareceu com latinhas de refrigerante de sua mochila. -Meu pai havia sumido ontem à noite. -finalmente comecei a dizer. -Eu o procurei, devia ser quase meia-noite. -Aqui. -Paul me entregou uma lata já aberta. -Obrigado. -disse, segurando a lata. -E então acabei sendo surpreendido por um grupo de infectados. Eles me atacaram. -Meu Deus, Hector. -Paul sibilou. City olhava para mim atentamente. -Eu estava cercado. Reed estava no meio deles. Eram cinco ou seis, não me lembro muito bem. -Você viu o Reed? Como ele estava? -City me interrompeu. -Estava em um estágio inicial ainda. Não perdeu todo o cabelo. Ele queria me m***r. -O que? -Paul e City disseram em uníssono. -A arma estava apontada para mim. Eu iria morrer. Estava com muito medo. -Por que ele te mataria? -Paul perguntou. -Eu não sei. Mas, eu não morri. Um homem chegou, e matou alguns dos infectados. Reed fugiu. Ele pegou o meu carro e outros dois embarcaram com ele. O homem os perseguiu, e então, houve a explosão. Senti um arrepio interior. Eu não costumava mentir, muito menos para pessoas importantes, pessoas que amo. City pareceu perplexa. Não sei no que ela pensava. Será que ela sabia algo sobre a tentativa de Reed Richards querer me m***r? -Eu sinto muito... Uma lágrima caiu, tímida, City estava machucada. Precisava de nós. Olhei para os meus melhores amigos, pensei na importância deles para mim. Um abraço em trio veio em seguida. -Prometam que nunca irão me abandonar. -City fungou, limpando seu rosto. -Não vamos. -Tenho pensado sobre isso. Não sei como serão os próximos anos. Hector, seu pai irá conseguir uma reserva no Isolamento rapidamente. Vocês têm condições. -Paul disse. -Ele já conseguiu. Eu nem disse a vocês. Ele me contou ontem, logo depois do sumiço de Summer. Partiremos em breve. -E depois? Quando iremos nos ver novamente? -Paul parecia aflito. -Não temos como prever o que vai acontecer. -City disse antes de beber um pouco de refrigerante. -O que acham de um pacto de amizade? -sugeri. -Pacto? -Paul estranhou. -Podemos nos encontrar daqui alguns anos. Só precisamos estimar uma data, hora, local... -Hector, podemos nos comunicar a qualquer momento. -Não sabemos como tudo vai acabar, Paul. Talvez não sobre nada. -Considerando que não sobre nada, como iremos definir um local? -City disse. -Tem razão. -Paul concordou. -Precisa ser um lugar indestrutível. -O que acham? -perguntei. -Eu amo vocês. -City sorriu. -Seremos infinitos. Não se esqueçam disso.
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