Reed Richards

1694 Words
Quando se está diante da morte, não costumamos pensar muito bem. Mas, quero que você reserve agora um pouco de espaço em sua imaginação. Um carro. Para chegarmos mais próximos de como aquilo aconteceu, imagine um sedã preto. Agora, recorde-se do acidente. Atropelei um infectado, e sua cabeça bateu em meu capô, e em seguida ele girou em alguns mortais no ar, até parar do outro lado, caído, próximo a mala do carro. -Você matou o Frankie. -de repente, haviam mais dois infectados atrás de mim. E então, eu estava encurralado. Os infectados são perigosos, rápidos. Se por acaso eu tentasse voltar para o carro, teria uma pequena chance de me pegarem, arranharem, morderem. E eu não podia ter qualquer tipo de contato com os ditos-cujos. Sem pensar duas vezes, corri. Enquanto corria, me arrependi de todas as vezes que poderia ter feitos exercícios físicos na escola, porém não fiz. Olhei para trás, desesperado. Dois deles estavam lado a lado, próximos. Eles gritavam, em fúria. -Você irá pagar, Hector. -um deles disse. Reconheci a voz rapidamente. Reed Richards. Corri velozmente. Na verdade, me senti o próprio Barry Allen. Incansável, mas com limites. A quem eu estava enganando? Olhei para trás, Reed estava em vantagem na corrida, com uma faca em mãos. Talvez eu deveria ter ligado para mamãe, como um adeus. Foi bom ser seu filho, mãe. Mas eu não o fiz. Acreditei. Não chegara a minha hora ainda. Pensei em um arco e aquela coisa em que se guarda as flechas. Não sei o nome daquilo. Desejei ter um. Quando olhei para frente, mais dois infectados vinham em minha direção. Senti ódio. O que eu fiz para esses malditos? O que eu fiz para Richards? Talvez eles tenham me confundido com Oliver. Ele sim apareceu em toda a rede, declarando ter matado um infectado. Lembrei do meu amigo atirador, e também de sua arma. Ela seria importante agora. Parei. Estava cercado. Rapidamente, pensei na prova de matemática. Vou morrer sem saber a maldita nota, só porque desta vez eu estudei. Resolvi desativar minha mente. Queria morrer em paz. É, isso não faz sentido algum. O infectado que fora atropelado por mim finalmente apareceu, dirigindo o meu carro. Ele saiu, e fez sinal para os outros quatro. Era uma espécie de líder. -Pode m***r, Joe. -ele disse, enquanto fechou a porta do meu carro. -Reed, você sabe quem eu sou, não sabe? -perguntei. Meus braços estavam para o alto. -Acabe logo com isso, Joe. -Reed disse. Ele ainda tinha um pouco de cabelo, estava desnutrido, com muita raiva. -Por que quer me m***r? -perguntei, olhando para os dois infectados atrás de mim. Temia por uma pequena trapaça. -Atira logo nele, Joe. -Reed insistiu. Ele sorriu brevemente. Tentei me lembrar do que já fizera para ele algum dia. Não lembrava. City, pensei. Quando olhei para Frankie mais uma vez, estava desabando. Joe caiu em seguida. Olhei para trás, os outros dois infectados corriam. Reed Richards correu para o meu carro. Os outros dois infectados que estavam atrás de mim também correram para o veículo. -Mas o que.... -Desgraçado -uma voz disse. Uma mulher jovem parou ao meu lado, de moto. -Sou Annie Stuart. Suba aqui. -Que? -foi tudo muito rápido para se pensar. -Quer perder seu carro ou que? Suba! -ela disparou sua arma em direção ao meu carro, enquanto Richards saía com ele. Um homem de moto passou ao nosso lado, rapidamente, nesse momento. O infectado partia para longe com o meu carro. Subi na garupa da mulher desconhecida. Me senti em uma cena de Fast and Furious . A mulher era bonita, com cabelos bem curtos. Vestia uma roupa preta, de couro. Uma das janela do meu GFR-123 se abriram, e um infectado colocou metade do seu corpo para fora, atirando na direção do motoqueiro a nossa frente, o parceiro de Annie. Ele se desviava, retrucando os disparos. Frankie entrou na avenida 752. E então, Annie foi atingida. Passou a controlar a moto apenas com o braço direito. -Segure esta arma, dispare quando eu mandar. -Annie disse, estendendo-a para mim. -Eu nunca usei uma arma. -recusei imediatamente. -Não precisa fazer mais nada, só basta puxar o gatilho ao meu mando. -ela gritou, enquanto virava a direita. -Os pneus do meu carro não furam facilmente. -completei. -Confia em mim. -Annie disse. -Vamos precisar pular da moto em alguns segundos. Outro infectado surgiu no teto solar, e atirou contra o parceiro de Annie. Ele caiu da moto. -Annie, você está bem? -gritei. Mas ela não respondeu. Estava ficando fraca, perdendo o controle da moto. O seu parceiro estava próximo, no chão. Iríamos colidir. -Pula! -ela gritou. E foi aí que eu atirei. Eu não sabia. Enquanto eu voava pelo ar, vi o meu carro junto a Reed Richards e os outros dois infectados explodirem. Senti o impacto ao cair, e meu braço direito começou a doer imediatamente. Olhei para o lado, Annie estava ferida. -Que m***a que você fez? -eu disse, levantando-me rapidamente. -Você acabou com eles. -ela sorriu com dificuldade, parecendo satisfeita. Mesmo estando gravemente ferida com uma bala em seu braço. -Um deles era meu amigo, sua i****a. Por que não me avisou? -Se eu te falasse, nós três acabaríamos morrendo pelas mãos dos infectados. -Você não tinha esse direito! -gritei, começando a chorar. -Ei, garoto. -o homem disse, caminhando em minha direção, cambaleando. -Salvamos a sua vida, não seja ingrato. -Vocês mataram cinco pessoas. -falei. -Salvamos um humano. Infectados devem morrer. -Infectados devem ser presos! -continuei a gritar. -Vocês não têm esse direito! -Moleque, cale a boca e saia daqui. Ou quer que eu chame a polícia e te denuncie pela morte de três adolescentes em uma explosão? -ele sorriu. -Vocês mataram eles. -disse, recuando. -Corra, menino m*l-agradecido. Já estou arrependido em ter lhe salvado. Virei-me, partindo dali. As lágrimas em meu rosto começaram a correr como um rio. Reed Richards estava morto. E eu o matei. Pensei também em meu carro em mil pedaços. Como eu iria explicar aquilo tudo para meus pais? Liguei meu celular, estava perdido. Procurei minha distância em relação ao The Pony Bar. Felizmente, estava próximo. Respirei fundo, arrumando fôlego para poder correr. Vinte minutos depois, quando cheguei ao bar, localizado bem a esquina da avenida 638, estranhei. Entrei no bar, ainda aberto. Não havia ninguém, exceto pelo próprio dono. -Estamos fechando. -um homem alto, cabelos brancos e de avental azul me disse, enquanto lavava alguns copos. -Meu pai... Achei que ele estivesse aqui. -Quem é seu pai? -Ele é alto, usa terno. -Você é Hector Mitchell? -o homem perguntou, aproximando-se. -Sim. Como sabe? -Vocês se parecem. -ele disse. -Ele bebeu muito? -sentei-me em uns dos bancos, apoiando os braços no balcão. -Não muito. Bebeu pouquíssimo, na verdade. -Então era ele mesmo? -Sim. Na verdade, só fiquei até mais tarde por causa do seu pai. Ele disse que precisava conversar com um amigo. -Então sabe do Antony... -Infelizmente. -ele disse, enquanto passava um pano no balcão. -Seu pai está muito decepcionado. Mas não se preocupe, não deixei ele beber muito. -Obrigado por ajuda-lo. -disse, enfim. -Você parece abatido, cansado. Aconteceu alguma coisa? -ele perguntou, retirando seu avental. -Só uma pequena corrida contra alguns infectados. -Meu Deus, você deve estar péssimo. Vá para casa, Hector. Precisa dormir. Não estamos seguros. Já vou fechar isso aqui. -Estou com medo, terei que ir andando. -Não veio de carro? -o homem apagou as luzes enquanto foi a cozinha. -Com meu carro, mas como eu disse, corri de alguns e infectados e acabou que... -d***a. -o velho me cortou. -Eu levo você. Um minuto de silêncio. Ele arrumou mais algumas coisas no bar. Eu não queria pedir, mas ele era um bom amigo de meu pai, pelo visto. -Obrigado. -falei, aliviado por dentro. -Sou Henson. -ele disse, sorrindo, enquanto pegou suas chaves. Fora um longo dia. Só o fim do mundo para me proporcionar um dia desses, pensei. Minutos depois, entramos no carro do senhor Henson. Era velho, mas confortável. No meio do caminho, mamãe me ligou. -Estou indo. Sei que papai está aí. Já estou chegando. Ela estava preocupada. Quando passei pela porta, mamãe veio correndo para me abraçar. Estava sem forças para abraça-la com a mesma intensidade, então apenas fiquei parado. -O que aconteceu? -ela perguntou, triste. -Preciso de água. Expliquei tudo, omitindo e modificando a parte em que eu explodo o meu carro com três adolescentes infectados dentro. Eles ficaram apavorados. Papai ficou pedindo desculpas sem parar, me abraçando a todo instante. Se eu não tivesse sumido você não teria passado por isso. Sentei-me no sofá, cansado. -Por onde andou? Fiquei preocupado, pai. Não faça mais isso. -Desculpe, filho. Nunca irei me perdoar por isso. -ele disse, sentando-se ao meu lado. -Sua mãe contou o que aconteceu hoje. Você salvou sua irmã. Foi incrível. Sorri para ele. Estávamos todos abalados emocionalmente. -E Antony? -Seu irmão foi para a reclusão. Só podemos visita-lo daqui uma semana. -Que d***a. -resmunguei. -Me desculpe, mais uma vez. -ele insistiu. -Faria tudo de novo, pai. Por você. -Eu te amo. -papai disse. Nos abraçamos fortemente. Choramos mais uma vez. Chorei muito para um único dia, e isso era péssimo. -Também te amo. Subimos todos juntos para um descanso merecido. Depois de tomar um banho, fui me deitar. quando City me surpreendeu, chamando-me para uma chamada em vídeo com Paul. -O nosso herói dormiu muito. -City disse. -Não dormi. -disse. -Estava procurando meu pai. -Onde ele estava? -Paul perguntou, preocupado. -Já está tudo bem com ele. A questão é, eu preciso contar uma coisa a vocês. -Ainda bem que o achou. -City sorriu. -Conta logo! -Paul disse. -City, eu não sei como te dizer... -Espera, eu recebi uma mensagem. Aguardei. Ela olhava para a tela do celular, com um sorriso no rosto. Em seguida, esvaeceu-se. -Ignorem. Eu achei que fosse meu Reed. -ela resmungou. -Ele viajou, e não tem dado notícias. -Seu namorado é um chato, City. Não sei o que você viu nele. -Paul brincou. -Galera. -disse, quebrando o clima. Eles viram minha expressão, sentiram medo. -O que aconteceu, Hector? -City pareceu assustada. -É melhor falar pessoalmente. Amanhã, no CP.
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