Iago
Saí da casa da Ágatha já com a mente feita. Botei a mão no guidão, subi na moto e cortei o vento, acelerando até a casa dos meus pais. O bagulho martelava na minha mente, parecia tamborim batendo dentro da minha cabeça.
Quando encostei, bati o olho e vi que o coroa não tava por lá. Melhor.
— ALÍCIA! — gritei logo na entrada, o eco se espalhando pela casa.
Subi as escadas no ódio, pulando três degraus de uma vez, coração batendo no pescoço. Cheguei no quarto dela e entrei, sem anúncio, sem pedir licença.
O barulho da água me chamou.
Chuveiro tava ligado.
Nem pensei duas vezes. Escancarei a porta do banheiro no supetão. A Alícia m*l teve tempo de entender. Enrolei a mão no cabelo dela e puxei com força pra fora do box.
— Tu se acha esperta pra c*****o, né ? — rosnei no ouvido dela.
Ela escorregava, molhada, tentando cobrir o corpo. Joguei ela no chão frio do quarto, com a água pingando e espalhando poça pelo piso.
— A tua casa caiu... — abaixei sobre ela, segurando o maxilar. — tá fudida, sua filha da p**a!
Ela chorava, me chamando de maluco, e ela tava certa: eu tava mermo.
— Coloca uma roupa! — rosnei.
Ela esperneou, gritou, mas vestiu o primeiro trapo que achou. Nem deu tempo de ajeitar. Já enfiei a mão no cabelo dela de novo, puxando pra trás, o pescoço dela todo esticado.
— Iago, pelo amor de Deus! — chorava em pânico.
— Qual é o teu envolvimento nesse bagulho da Natália? — cravei o olhar nela.
— Nenhum! — gritava, chorando. — Eu não tenho nada a ver com isso! Acredita em mim, por favor, Iago.
Puxei mais forte, a cara dela quase encostando na minha.
— Olha na minha cara e repete essa p***a.
Ela confirmou que não tinha nada com isso.
— Ah é, demorô então… — falei gelado, sem levantar o tom.
Saí arrastando ela pela casa. A cada puxada, ela berrava mais. Me arranhava, chutava o ar, mas nada fazia eu soltar. Desci os degraus com os cabelos dela enrolados na mão.
E abri a porta da rua já metendo o pé pra fora com ela. O morro inteiro parou: uns encararam, outros desviaram o olhar. Mas ninguém foi maluco de se meter.
Ela gritava, quase sem voz, e eu só no arrasto. Tirei o celular do bolso com a outra mão, disquei.
Chamada on.
— Que houve? — meu pai atendeu.
— Tá no morro? Cola na frente da casa da vagabunda da Natália. — falei direto.
— Que fita é essa, Iago? — ele veio na dúvida.
— Cola, c*****o. Depois eu te passo a visão. — soltei e desliguei na cara.
Chamada off.
Continuei puxando a Alicia, morro abaixo, e a cada passo era um berro. Fomos assim até parar na frente da casa da vagabunda.
Cruzei o olhar com alguns curiosos e logo eles foram saindo de fininho.
Meu coroa tava escorado na moto, cara fechada, olhar de quem já tava puto. Soltei a Alicia e deixei ela na calçada.
— Sai pra fora, Natália! — berrei, chutando o portão com força.
Ela brotou na janela, o olho dela foi primeiro no meu pai, depois em mim. Ficou branca na hora, parecia que o sangue sumiu da cara.
— Passa a visão, c*****o! — apontei pro velho. — É verdade que tu tá comendo essa p*****a?
Meu pai me olhou e negou.
— Eu? Tá doidão, Iago? — soltou, a voz grossa. — Eu comendo essa porcaria? Nunca!
Virei pra Natália.
— E aí, vagabunda? Ele tá falando que não te comeu. Dá teu papo.
Ela saiu pela porta da casa.
— A gente não se encontrou pessoalmente. Mas conversávamos todos os dias em que ele teve preso. — rebateu, mostrando o celular. — Não vou pagar de doida, não. Quer prova? Toma. — ergueu o aparelho.
— Nunca falei contigo! — falou cortando ela.
Ela botou os áudios, e realmente era a voz dele dizendo que tava doido pra encontrar com ela, falando que tava com saudade e uma pá de bagulho de sexo. Depois mostrou várias fotos íntimas, print, tudo.
A Alicia soluçava no chão, com a cara molhada de lágrima.
— Viu? — Natália falou. — Desde que tu tava preso a gente se falava! Tu prometeu me assumir e agora quer pagar de doido?
Meu pai não pensou duas vezes. Avançou nela e deu-lhe um empurrão que botou a desgraçada no chão.
— Eu nunca mandei essa p***a pra tu. — ele gritou. — Quem armou essa p***a contigo? Tá na cara que isso é montagem, Iago.
Natália tremia, o olho cheio d’água, mas mantinha o peito estufado.
— Montagem? Foi tu que me mandou, Terror. — gritou histérica. — Era tu que me enviava tudo isso.
Ele gargalhou alto, uma risada de escárnio, e meteu um chutão na cara dela.
— A única pessoa que eu conversa era a minha mulher, maluca. — ele berrou, com a cara vermelha e os olhos saltados.
— E nunca que eu ia trocar ela por um lixo imundo que nem tu! — completou.
Num puxão rápido, ele sacou o ferro da cintura e enfiou o cano na testa dela com tanta força que a pele marcou. O dedo coçava no gatilho e a respiração saía rápida. Ele tava possesso.
— Da o nome de quem armou esse bagulho junto contigo? — falou — Quem te ajudou a forjar essa p***a?
— NINGUÉM! — Natália gritou.
Foi aí que o bagulho virou de vez. O véio partiu pra cima dela igual touro enfurecido, chutando sem dó. Perna, costela, cara… mesmo ela escondendo o rosto com os braços, ele metia o chute na fuça dela.
Pegou o celular dela e abriu as mensagens arfando.
— Olha essa porra.. esse número nem é meu! — disse, mostrando a tela. — Nunca tive essa merda!
Mesmo cuspindo sangue, a p*****a ainda rebateu:
— Como que não é teu se foi a Alicia que me passou o número?
Mano… foi igual cena de filme. Quando a v***a soltou o nome da Alicia, meu pai virou o rosto em câmera lenta até travar o olho na filha da p**a. O olhar dele era sinistro, frio, r**m.
A Alicia começou a se arrastar no chão, chorando, parecendo um bicho acuado. As pernas empurrando a b***a pra trás e as mãos se apoiando no chão.
Ele só acompanhava, sangue frio, sem pressa nenhuma. Deu as costas pra Natália arrebentada no chão e começou a andar devagar. Passada firme, olhar carregado de ódio.
Quando colou na Alicia, a mão dele voou direto no pescoço dela. Levantou ela do chão como se fosse nada e prensou contra a parede.
Ela se debatia, os pés batendo no ar, tentando achar apoio. Ele nem piscava, o braço firme, os dedos enterrados na garganta dela.
— Foi tu, p***a? — rugiu, a cara a centímetros da dela. — Minha própria filha, sangue do meu sangue, se juntando com vagabunda pra me fuder? Pra fuder a tua mãe?
Ele só apertava mais, enquanto ela tentava falar.
— Pai… pai… é mentira dela… você tá me machucando! — soluçava, chorando. — Eu não fiz nada, eu juro!
Mas ele não ouvia nada. Tava cego.
E eu? Só de canto, braço cruzado. Melhor ela cair na mão dele do que na minha. Se fosse comigo, já tava morta.
De repente ele soltou o pescoço dela… mas foi só pra abrir espaço pro soco.
Ela caiu de joelhos e ele foi pra cima feito animal, o punho descendo sem parar. Uma bicuda jogou a cabeça dela pro lado, outro golpe no estômago fez ela cuspir sangue. Ele não tinha pena, não tinha freio, não tinha p***a nenhuma.
A Alicia se agarrava na perna dele, implorando, cuspindo sangue e lágrimas.
— Pai, pelo amor de Deus, me perdoa! — soluçava. — Eu te amo!
Mas ele nem registrava. Tava moendo ela sem dó e na frente da quebrada inteira.
— Como tu teve coragem de inventar uma mentira dessa de mim? — rugia, o olho injetado. — Contra teu próprio pai? Eu nunca, NUNCA ia fazer isso com a tua mãe!
O rosto dele rubro, as veias saltadas, bufando.
— Eu posso ter passado mó tempo na cadeia, mas eu nunca deixei de ser um PAI do c*****o pra tu. — outro soco abriu o canto da boca dela. — Sempre fui presente do meu jeito pra vocês dois. Te dei tudo que tu queria. Dei carro, roupinha de marca, dinheiro e até a tua faculdade.
Ele tremia de ódio e decepção misturados.
— E tu vem meter essa punhalada em mim? — outro chute nas costelas, ela urrou. — Em mim e na tua mãe, p***a! Eu posso ter sido um merda, posso ter errado em um milhão de coisa… mas tu não tinha esse direito, Alicia! Não tinha o direito de fazer essa p***a com a tua mãe.
A Alicia já tava caída, gemendo, ensanguentada, e ele ainda chutava.
Foi aí que o Renan e o RD chegaram correndo e se jogaram em cima dele.
— Para, Terror! Para, c*****o! Vai matar a menina! — RD gritou, puxando ele pelos ombros.
Renan empurrava o peito dele, batia nele pra ver se voltava a si.
— Respira, parceiro! Respira, c*****o! É tua filha! Tá ouvindo? É tua filha!
Mas ele tava transtornado. Bufava alto, o olho virado só pra ela, como se não enxergasse mais nada.
— Tu é o MAIOR desgosto da minha vida, Alicia… — falou encarando ela quase apagada no chão. — A partir de hoje, esquece que tu tem pai. Pra mim, tu morreu hoje.
Ele olhou pros dois e depois pra mim. O semblante era de um homem acabado, triste e decepcionado.
— Se a tua mãe ainda tiver coração pra olhar na tua cara dessa ordinária, beleza… problema dela. Mas por mim? Nem o olhar eu gasto mais com um lixo desse. — os olhos dele queimavam, firmes. Ele olhou pra ela pela última vez e soltou — Hoje mesmo tu vai catar teus trapos e sair da minha casa. Não quero mais tu debaixo do meu teto.
Ele se afastou do RD e do Renan e perguntou pra mim:
— Cadê tua mãe?
— Tá na casa do RD. — respondi, e ele só fez que sim com a cabeça.
— Ela sabe desse bagulho? — me perguntou e eu só fiz sim com a cabeça.
Ele montou na moto, girou a chave e engatou o ronco pelo beco. Assim que ele saiu, o RD cravou o olho na Alícia desmaiada no chão.
— Vou mandar o menor largar a Alicia na UPA. — eu só balancei a cabeça, concordando.
Olhei pros meus seguranças que ainda estavam estáticos, esperando ordem. Inclinei o queixo num gesto rápido.
— Leva a p*****a da Natália pro desenrolo. — soltei frio.
Eles entenderam a visão na hora. Virei as costas e fui metendo o pé, deixando a Alicia caída, apagada, jogada na frente de geral.