Capítulo 04 Pietra

1218 Words
Pietra Narrando Entrei em casa ainda com a pele fervendo, como se o toque dele tivesse marcado meu corpo igual ferro quente. A porta bateu atrás de mim e o silêncio da sala me fez perceber o quanto minha respiração ainda tava descompassada. Meu coração parecia um tambor de escola de samba. Bruno me virou do avesso... e nem me penetrou. Só Deus sabe o que teria sido se ele tivesse ido até o fim. Joguei a bolsa no sofá e fui direto pro banheiro. Tirei a roupa no caminho, deixando as peças caírem uma a uma. Quando a água quente bateu no meu corpo, eu não aguentei. Encostei as costas na parede fria do banheiro e fechei os olhos. A imagem dele — suado, com os olhos cravados nos meus, aquela pegada de homem feito — invadiu minha mente. Meus dedos desceram sem nem pedir permissão. Era como se meu corpo gritasse por ele, implorasse pra sentir o que faltou. O que ele segurou. Me toquei com fome, com vontade, com raiva de não ter sido ele. Mordi o lábio, fechei os olhos com força, sentindo o corpo inteiro vibrar. Quando o orgasmø veio, forte, bruto, quente… eu gemi o nome dele. Soltei baixinho, mas saiu. Bruno. — Caralhø… — falei sozinha, me encostando no azulejo, a água escorrendo entre as pernas, misturando tudo. Fiquei parada, frustrada comigo mesma. Como é que eu deixei chegar nesse ponto? Eu sou a filha do PH, pørra. A neta do Miguel. Fui criada pra ter postura. Mas quando se trata dele… eu esqueço até meu nome. Terminei o banho de cara fechada, irritada comigo mesma, mas ainda com o corpo tremendo. Peguei a toalha e quando tava secando o rosto, o toque do celular me cortou como navalha. O som ecoou pelo quarto. Olhei pra tela… e respirei fundo. “MÃE” Merdä… — Que foi agora, rainha? — falei baixinho, antes de atender. Ligação On Atendi com a toalha ainda enrolada no corpo e sentei na beirada da cama. A voz da minha mãe veio logo, debochada, com aquele tom que só ela sabia fazer. — E aí, minha princesa… se deu pra aproveitar a fuga ou ficou só na tensão? Porque vou te falar, segurar o teu pai foi tipo segurar pitbull no cio, viu? Soltei um risinho de canto, cansada, mas ainda no efeito do que tinha rolado. — Aproveitei, mãe… voltei pra casa com o corpo tremendo e a cabeça girando. — Hum… sei. E voltou com a boca inchada também? — ela riu alto. — Não mente pra mim não, Pietra. Tu esquece que eu já fui você um dia. — Acredita, mãe… — falei com um sorrisinho safadø. — Só beijei mesmo, mas por dentro eu tava gritando pra ser possuída, juro por Deus. — Ai, minha filha… eu te entendo. Ainda mais sendo o Bruno. Aquele homem sempre foi o único que te olhou como se visse o mundo inteiro. E olha… tua mãe sempre torceu por isso aí. Suspirei pesado, deitando no colchão. A raiva subiu de novo. — Mas o senhor PH tá de palhaçada, né? Ele não tem esse direito todo, mãe! Como é que ele quer decidir quando eu vou dar ou não vou? Tá de sacanagëm… — Tu tem é sorte do Davi ser teu cúmplice, mesmo morrendo de ciúmes de tu, viu? Porque ele queria descarregar aquele pente hoje, mas ficou vagando de um morro pro outro te esperando. — Eu sei, mãe… — respirei fundo, emocionada. — O Davi é um amor. Desde que eu nasci ele me protege, mesmo quando o mundo inteiro vira as costas. — Tu é rainha, filha. E rainha escolhe com quem quer reinar. Só segura esse coração aí, que o jogo ainda tá só começando. — Tá, mãe… vou desligar aqui. Amanhã tem baile no Morro dos Prazeres e eu já tô como? Pensando como é que vai ser ficar de frente praquele homem… e não poder encostar, não poder beijar, nem olhar direito sem entregar tudo. — Eu sei, filha. Mas se segura. O amor é brabo, mas a cabeça tem que ser mais. Tu não pode dar brecha agora. — Vou tentar, mãe… juro. Mas é føda. O corpo pede, a alma clama… e o coração, coitado, já perdeu faz tempo. — Então dorme com isso no peitø e acorda com a postura de princesa que tu é, tá ligado? Amanhã é outro dia, e se a saudade bater, tu dança com ela. — Te amo, mãe. — Também te amo, minha cria. Fica com Deus. Ligação Off Desliguei suspirando, largando o celular de lado e puxando a coberta até o queixo. Apaguei o abajur e virei de lado na cama, sentindo o perfume dele ainda grudado na minha pele. O silêncio da madrugada me abraçou, mas a mente… essa tava longe. Sonhei com ele. Bruno parado no meio do baile, camisa aberta, olhar cravado em mim como se ninguém mais existisse. Eu chegava perto, o batidão explodia, e o mundo sumia. A mão dele na minha cintura, a boca roçando a minha pele… e o sussurro quente no meu ouvido. — Tô tentando respeitar teu tempo, rainha… mas não sei até quando aguento. No sonho, eu me jogava. Beijava ele com fome, com sede, com tudo que a gente reprimiu até agora. O povo gritava, mas eu só ouvia ele. Só sentia ele. E quando acordei… coração disparado, respiração descompassada. Amanhã vai ser guerra. E eu não sei se vou conseguir sair ilesa, ainda mais se ele tiver por perto. Acordei com o sol batendo de leve pela fresta da janela. Me espreguicei toda, corpo ainda leve, mas a mente já borbulhando. Peguei o celular do lado da cama e logo vi a notificação. Era ele. Bruno: Tive que tocar uma pensando em tu pra conseguir dormir. E ainda acordei de paü duro. Putä que pariu. Senti na hora o arrepio subir do pé até a nuca. Esfreguei uma perna na outra, mordei o lábio e respondi com a marra que ele ama. Pietra: Você não presta, Bruno. Só de lembrar de ontem eu já tô molhada. m*l posso esperar pra te ver mais tarde no baile. O safadø foi rápido no gatilho. Bruno: Cuidado com a roupa que tu vai vestir, rainha. Na frente do teu pai e da Tropa dos Prazeres, eu não vou poder ser o dono da p***a toda. Soltei uma risada abafada, revirando os olhos com desejo e deboche. Pietra: Aceita que dói menos. Eu vou linda, poderosa e do jeito que você sabe que te deixa desgraçado. A resposta veio com aquele tom de ameaça que só me deixava mais quente. Bruno: Não brinca com a sorte, Pietra… Sorri, maliciosa, e finalizei. Pietra: Beijo, safadø. Vou levantar. A noite promete. Coloquei o telefone no carregador e levantei, puxando a cortina e abrindo as janelas com gosto. O ar fresco da manhã entrou rasgando. Meu corpo já dançava ao som da batida que só tocava na minha cabeça. Fui pro banheiro com uma única certeza: hoje eu ia causar. Porque se não posso ter ele aqui, do meu lado, vou fazer ele desejar cada segundo como se fosse o último. E a favela… a favela vai parar quando a rainha descer. Continua.....
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD