📓 NARRADO POR LÍVIA As palavras de dona Inês ficaram martelando na minha cabeça, como se cada uma fosse cutucando uma lembrança que eu tentava enterrar no fundo do peito. A respiração ficou curta, o corpo arrepiado, e sem perceber, meus olhos se perderam longe, num ponto fixo da parede. E então, sem querer, ele veio na memória: Rey. O corpo dele naquela noite. O jeito que me prendeu, como se fosse dono até da minha respiração. O calor da pele, o peso do olhar sem máscara. Lembrança proibida, mas viva, queimando como brasa que não apaga. Senti o rosto esquentar, uma mistura de raiva e algo que eu não queria nomear. Apertei o vestido contra o peito, tentando sufocar aquela sensação. — “Eu… eu preciso tomar um banho.” — falei, a voz falhando, mas firme o bastante pra cortar o silêncio.

