MANUELLE NARRANDO O Caio, como sempre, achava que tudo se resolvia com dinheiro. Jogava dinheiro como se jogasse desculpa, como se cada nota apagasse as merdas que ele fez — ou pelo menos as que ele não queria encarar. Mas tá bom, né? Já aprendi que discutir com ele não adianta. Quando cisma, vira uma criança teimosa. E agora, sentado ali na beira da minha cama, suado, com o rádio ainda pendurado na bermuda, achando que comprava paz com trinta mil, era só mais uma prova de que o tempo passou, mas ele continuava o mesmo Caio que queria resolver tudo no grito e no bolso. Enquanto isso, o Cauã começou a choramingar de novo. Um chorinho manhoso, daqueles que vem puxado do sono misturado com fome. Eu já sabia. Era peito. — Ih, tu é o peito da mamãe, né, filhote? — ele falou, embalando deva

