Agora mais do que nunca eu preciso conheça a verdade. Há uma batida na minha porta e parece que a minha alma salta do meu corpo. Eu ainda estou abalada com o que vi mais cedo. O meu pai entra no meu quarto. — Princesa, me falaram que você queria falar comigo. Ele está mais calmo do que nunca.
Pego o meu travesseiro e coloco na minha frente. Eu tenho que brincar com algo para manter os meus nervos sob controle. Toda vez que estou nervosa com alguma coisa eu sempre tenho que ter algo nas minhas mãos. — Pode se sentar um pouco pai. Por favor. Eu aceno para a cadeira. Eu preciso encontrar a maneira certa de enfrentá-lo. Eu não consigo nem olhar para ele agora sem chorar.
As minhas emoções estão completamente confusas.
Estou brava, triste, confusa, assustada, magoada, irritada, tudo ao mesmo tempo.
Eu não posso ficar sentada agora, preciso me mover, para conseguir pensar com clareza.
Começo a andar tentando encontrar uma maneira de começar essa conversa, não é todo dia que você tem que enfrentar o seu pai, que você descobre que é um assassino e possivelmente um traficante de drogas.
— Você vai fazer um buraco no tapete. Ele brincou. — Ok. Puxo uma cadeira para sentar ao lado dele. Eu preciso olhar para ele diretamente nos olhos para ter certeza de que ele não vai mentir para mim. — Eu preciso que você me diga a verdade, não importa quão ru*im é, eu preciso saber. Eu digo. Ele olha nos meus olhos. — Eu prometo.
Eu respiro fundo. — O que você faz, pai? Eu jogo com as minhas mãos tentando manter os meus olhos nele. Ele ficou quieto por alguns segundos debatendo se ele deveria me dizer a verdade, que eu deveria saber tudo sobre ele, ou se ele ia continuar mentindo. O suspense está me matando cada segundo parece um minuto e cada minuto parece uma hora. Não sei qual machucaria mais.
Ele mentir para mim ou ele dizer a verdade. — Eu sou um traficante. Ele finalmente falou. A pouca esperança que eu tinha simplesmente morreu.
Saber é uma coisa é pensar que você sabe alguma coisa e outra coisa diferente.
O meu coração dói, parece que toda vez bombeia em vez de enviar sangue, envia dor. Eu não consigo me mover, lágrimas caem incontrolavelmente pelo meu rosto, não consigo reagir.
O meu mundo inteiro desabou sobre mim em segundos. Tudo o que pensei sobre a minha infância tem sido uma mentira. Como ele pôde fazer algo assim comigo?
Talvez ele devesse continuar mentindo para mim porque a verdade dói como o infe*rno.
— Lorena, baby, me escute. Ele alcança a minha mão, mas eu a afasto dele.
Eu não quero que ele me toque agora. Eu nem sei quem é esse homem na minha frente é.
— Você é ... Não consigo nem terminar a frase.
— Lorena, vamos conversar sobre isso. Responderei todas as suas perguntas, mas você precisa confiar em mim. Ele implora.
Eu posso ouvir a tristeza na sua voz, mas não consigo sentir pena dele. Agora ele quer conversar. Ele teve dezesseis anos para me dizer a verdade, mas ele não fez. Ele esperou que eu descobrisse sozinha. — Você quer falar sobre como você é um assassino?
Um monstro? A minha voz sai vacilante graças ao choro. Posso ver o quanto as minhas palavras o machucaram, mas eu não me importo, quero que ele sinta o mesmo que eu.
Eu quero ele se sentindo esmagado, magoado e devastado. Eu não quero ser a única pessoa neste quarto com o coração partido.
— Não! Helena. Ele se aproxima de mim. — Eu não sou nada disso. Eu sou seu pai. O mesmo pai que ama, cuida e adora você. O mesmo pai para quem você corria toda vez que estava com medo. O mesmo pai que te deu tudo o que você queria. O mesmo pai que daria a vida para protegê-la. Nada tem que mudar sou José Santana, o seu pai. O Rei é outra pessoa que você nunca conhecerá.
O que dia*bos ele está dizendo?
Ele daria a sua vida para me proteger, mas ele simplesmente não consegue fazer isso.
Então. Ele não me protegeu das suas mentiras. Ele não me protegeu da única pessoa que poderia me machucar.
Como ele acha que pode ser duas pessoas diferentes que eu não entendo.
Eu não tenho energia para continuar lutando com ele, isso não nos leva a lugar nenhum.
Não estou no estado de espírito certo para continuar discutindo com ele.
— Ok, pai. Acabo dizendo. Ele me puxa para um abraço, mas eu não devolvo. Estou entorpecido para sentir qualquer coisa.
As minhas mãos estão coladas ao meu lado, não consigo movê-las. Ele me dá um beijo na testa. — Te amo, Lorena.
As palavras me cortam profundamente antes que eles me fizessem sentir feliz e importante, mas agora eles doem mais do que qualquer outra coisa. — Eu também te amo pai. A minha voz soa morta assim como eu. O meu pai me dá um aperto e sai do meu quarto me deixando com a minha dor.
Assim que ele saiu do meu quarto, deixei de lado tudo o que estava me segurando.
Chorei pela vida que já tive. Eu chorei porque tudo mudou.
A vida como eu conhecia que havia desaparecido. Eu chorei por meu pai e por mim. Chorei pelo homem que perdeu a sua vida.
Chorei, pelo que foi o início da minha nova vida.