Capítulo 06
Ethan
Toda vez que eu olhava para o banco ao meu lado, me sentia deslumbrado pela beleza da mulher ao meu lado. Meu coração batia com força em meu peito e a minha cabeça parecia pensar em um milhão de coisas ao mesmo tempo.
Me ajusto no banco, enquanto ela permanece encolhida no banco do passageiro.
— Como você parou nessa situação? — Pergunto, tentando puxar qualquer assunto.
— Hum? — Ela parece sair de um transe. — Eu não... me desculpe, senhor, eu não estava prestando atenção.
Susan me dá nojo. Ela a treinou como uma madita robô para massagear o ego de todos aqueles velhos nojentos e barrigudos. Era impressionante como o dinheiro regia o mundo.
— Não me chame de senhor! — Digo, grosseiro.
Sei que ela não tem qualquer culpa sobre isso, mas ainda me sinto incomodado com a possibilidade de ela me enxergar assim.
— Desculpe, s... — ela para e olha para mim. — Como gostaria de ser chamado?
— Ethan, apenas Ethan. — Não olho para ela, mas posso perceber que ela assente. — E então, como foi parar nessa situação?
— Bom, eu não sei exatamente a ordem cronológica das coisas, a minha cabeça está uma bagunça sobre isso. — Ela dá um meio sorriso. — Eu sai do meu emprego horrível, que me pagava um salário horrível e estava a caminho da casa do meu namorado para comermos a comida chinesa que eu tinha comprado com o dinheiro das minhas gorjetas do dia. — E então ela fez uma pausa, mexendo os dedos. — E então, quando eu cheguei lá, no quarto em que ele dormia, ele estava apanhando e aqueles caras nojentos... — ela parece parar e me encara, medrosa. — Desculpe.
— Não se preocupe com isso, sei quem trabalha para o meu pai. — Minha voz sai baixa e grave.
— Bom... — ela limpa a garganta. — E então, eles estavam lá, socando ele e jurando morte. Eu fiquei desesperada, eu gostava mesmo de Dylan e acabei fazendo a besteira de assumir essa dívida toda.
— E o que fez você mudar de idéia? — Pergunto. — Digo, sobre gostar dele e ser uma besteira?
— Primeiro, porque eu não tinha como desistir e voltar atrás. Eu não tinha como largar tudo no colo dele e sumir, eu tinha assinado um contrato e tudo mais... — ela explica.
Eu gostaria muito que ela soubesse que aquele contrato não vale nada. Aquilo deve ferir uns quinze direitos humanos.
— E então, seu pai, acho... ele me liberou para eu ver Dylan na semana passada. — Ela fez uma pausa, sua voz ficando embargada e seus olhos molhados. — Ele já estava com outra, me enxotou e gritou comigo como se eu não fosse nada.
— E a garota? — Indago. Não acredito que alguém fique com ele depois disso.
— Ela riu e me disse que eu era burra. — Ela fez uma pausa. — Longe dele, é claro. E mandou eu aprender a não fazer nada por homens.
Eu só conseguia sentir raiva desse Dylan. Melissa parecia um maldito anjo. Suas bochechas vermelhas pelo choro a faziam ainda mais angelical.
Pensar que alguém faria m*l a ela... isso me deixava maluco. Eu não conseguia acreditar que qualquer pessoa podia fazer m*l a ela.
— Eu sinto muito. — Digo, sinceramente.
Acho que é a primeira pessoa que eu sinto alguma empatia real. Quero dizer, eu sempre finjo naqueles eventos beneficientes chatos ou sei lá, quando vejo aquelas garotas — ainda mais sabendo que a grande maioria ali não estaria mais ali, se não quisesse.
— Não sinta. — Ela parece um pouco mais firme. — Eu ainda consegui uma parcela boa de dinheiro, obrigada. Eu prometo que vou dar o meu melhor, sen... Ethan!
Pisco, chocado. Ela não parece confortável em falar isso, ela parece muito mais confortável em me agradar. Isso me enoja e me deixa embasbacado.
— Eu não quero que você seja perfeita, Melissa.
Ela pisca para mim, parece que sem entender exatamente o que eu estou dizendo. Eu comprei ela pelo sexo, o que mais eu poderia querer, afinal?
— Eu vou dar o meu melhor, Ethan. — Ela olha para trás.
Atravesso os portões da minha casa e paro o carro na entrada. Olho para ela e suspiro, esfregando o rosto.
— Melissa, o que acha que vamos fazer aqui? — Pergunto.