Capítulo 04
Eu percorro meus olhos pela sala enorme e vazia. Seguro o cigarro entre os meus dedos e dou uma tragada. Meu pulmão parece se expandir um pouco, solto a fumaça.
— Nunca imaginei que você viria a um desse leilões. — Edward comenta. — Eu me lembro bem de você dizendo que isso aqui era uma... qual a palavra que você usou mesmo? Ah, baboseira.
Reviro os olhos e espremo o cigarro contra o cinzeiro, soltando a fumaça mais uma vez.
— Isso te interessa tanto porque? — Pergunto.
— Quero dizer, você sabe... — ele me lançou um olhar afiado. — Isso quer que você tem interesse em algo aqui, querido. — Ele sorri. — Agora, quem?
— Não sei... — dou de ombros. — eu não posso analisar o meu futuro negócio?
— Você sabe que isso não é do seu feitio, irmão; — Ele diz, tocando meu ombro. — Abra o jogo comigo, vamos. Quem sabe, eu não deixo você ganhar essa
— Se você pegar a minha garota, você sabe que eu mato você, não sabe? — Digo.
— Sua garota e morte na mesma frase? A coisa é mesmo séria. — Ele ri.
— Cala a p***a da sua boca. — Empurro seu ombro. — E tenho dito.
— Quem é? — Ele pergunta. — Porque não pegou ela de uma vez? Você pode...
— Não é assim que as coisas funcionam, a garota não é uma v***a. — Dou de ombros — E você sabe, ela está devendo ao nosso pai.
— O dinheiro vai sair do bolso dele, fantástico. — Ele ri. — Isso é muito inteligente da sua parte, irmão, usando o sistema contra o sistema.
— Qualquer coisa gasta hoje vai sair do meu dinheiro. — pisco, olhando para o palco vazio.
Os compradores começavam a chegar no leilão. Eu achava isso uma palhaçada, mas não podia negar o sentimento de posse que eu tinha criado por ela e não queria que nenhum desses outros merdas tocassem nela.
Eles não se importavam com ela. Não se importavam com o prazer que ela podia sentir. Eles só queriam que ela abrisse as pernas para eles poderem se enfiar. Eu sabia que ela era muito jovem e parecia até um pouco inocente para isso.
— Você não acha que vão matar pela sua presa? — Ele perguntou.
— Não são loucos. — Olho para ele de relance. — Eu sou capaz de degolar quem leva-la embora.
— Ah, eu sei disso... — ele ri. — Mas, eles não sabem.
Olho para ele, suspirando. Ignoro completamente a sensação de raiva que senti. Ele estava tentando me testar e eu estava caindo no seu joguinho sujo.
— Você tem como ficar em silêncio? — As luzes se apagam na mesma hora. — o show vai começar.
Ele resmunga alguma coisa e uma das garotas para ao seu lado lhe oferecendo whisky. Ele aceita e pisca para ela. Observo enquanto a sua bochecha fica vermelha e ela sai dali dando algumas risadinhas. Reviro os olhos.
O show começa. Eu odeio isso daqui e agora tenho mais certeza ainda do motivo. Todos esses homens, esse cheiro de cigarro e whisky. Isso chega a me dar ância.
Não me tiro do meio dessas pessoas, eu sei do meu problema com o alcool e cigarro, mas isso me parece um ântro incomum. Eu odeio tudo isso aqui, chega a ser sufocante.
De qualquer maneira, mantenho meus olhos focados no palco. Pisco chocado, olhando sempre naquela direção e só consigo sentir uma necessidade diferente tomar todo o meu corpo — e isso não me deixa mais tranquilo, muito pelo contrário, isso me sufoca um pouco e me dá dor de cabeça.
Limpo a minha garganta e puxo o ar. Sei que tudo pode dar errado aqui, mas não posso pensar em permitir que ela termine na cama de outro. Não mesmo. Ela é a minha luz. Tudo em mim clama por ela.
As horas passam arrastadas na minha frente, mas meus olhos percorrem cada moça que sobe aquele palco. Algumas, cobiçadas e caras — que só participam dos leilões — e outras, que preferem vender a própria virgindade. A grande maioria delas está ali por escolha própria, por querer alguma quantia de dinheiro e mesmo dando uma quantia gorda para o meu pai, ainda levam quantias exorbitantes.
— Agora, por último, a nossa joia... — A mulher anuncia, abrindo um enorme sorriso. — Melissa!