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Eu Heterossex., Meu Marido Homossex. e Nosso Amante Bissex.

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Blurb

Rebeca, Arthur e Floriani vivem um romance a três. Tudo estava indo bem até que Arthur recebe um pedido de sua mãe moribunda, viúva e rica, para voltar para sua cidade natal, extremamente pequena e tradicional. Arthur pede para que seus amores irem juntos. Ele oculta um pequeno detalhe: para receber de sua mãe todo seu dinheiro em testamento, ele deve se casar. Arthur acredita que sua mãe jamais aceitará sua orientação s****l, esconde o triângulo amoroso. Ele não pode se casar com Rebeca, porque ela já se casou com Floriani a seu pedido. Isso porque Arthur oculta sua bissexualidade. Advogado, taurino, cético, porém católico, carnívoro, vive pela aparência, mas esconde embaixo de seu jeito prático e sisudo alguém apaixonado é capaz de tudo para deixar seguros seus amores. Floriani é pisciano, sonhador, vegano, umbandista, chefe de cozinha e sonha em abrir seu próprio restaurante vegano. Rebeca é ariana porreta, política, ativista do Greenpeace, vegetariana, kardecista, professora e protetora de animais. Eles possuem um filho de 4 patas Precioso, um vira-lata recolhido da rua, que dorme com Floriani, seu preferido. Esse trio se envolve em muitas loucuras na cidade pequena cheia de julgamentos e binariedade. O relacionamento do trio será posto à prova e contará com a ajuda de seu novo amigo Julian, um psicólogo amigo de infância de Arthur, que aprenderá tudo sobre um universo totalmente novo e livre de preconceitos. Será que a explosiva Rebeca conseguirá esconder a verdade? Floriani conseguirá relevar tudo por Arthur como sempre faz? Arthur irá desistir desse amor para ter sua herança? Essas perguntas e muitas outras serão respondidas nesta história que pretende emocionar, questionar pensamentos, ampliar universos e doar amor. Tudo irá ruir na cidade pequena de Chativille quando os amigos íntimos desses três resolvem aparecer: mama Diva, uma travesti, com sua filha Ana Maria, uma transsexual, e Ariel um andrógino. Parte importante da história é que Rebeca passa o tempo todo ouvindo o narrador, que é seu anjo da guarda, e também uma Drag Queen.

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CAP 1- A MUDANÇA
Começamos a história de nossos heróis na cidade de Chatville (a não tão pequena e não tão pacata) em algum lugar desse mundo. Rebeca, a destemida, Floriani, o emotivo, e Arthur, o almofadinha, chegam na, tão sem graça, cidade de Chatville. Ao pararem o carro em frente da casa, Rebeca aproxima-se de Floriani, que está no banco do carona, olhando para a casa. Arthur, no banco de trás, faz o mesmo movimento, ao mesmo tempo, como que coreografado. Os três ficam olhando a casa de bonecas amarelo bebê, aturdidos com o cenário. Rebeca olha para cima como que falando com Deus (só que comigo) e diz: - Você sabe que estou te ouvindo, não é? No que respondo e somente ela me escuta: - Sou o narrador, você não pode me ouvir. Ao olhar novamente para baixo, Rebeca, percebe que os meninos a estão olhando. Floriani diz, colocando a mão no peito: - Toda vez que você faz isso eu fico arrepiado. Arthur retruca: - Olha o trejeito, Floriani. Floriani responde: - Que trejeito? - ele olha para Rebeca e questiona: - Tenho trejeito? - Pergunta novamente colocando a mão no peito. - Um pouco - responde Rebeca e complementa: - Mas é o teu charme. Amo! Arthur vira o olho, como de costume, azedo. O caminhão de mudança estaciona atrás do carro. Os três saem do carro ao mesmo tempo com o mesmo movimento. Mais uma vez parece um movimento coreografado. Rebeca olha para cima como se eu estivesse lá e diz: - Não fazemos movimentos coreografados! No que respondo: - Fazem sim. Eu que estou vendo vocês. Cale a boca e me deixe contar a história. Mais uma vez Rebeca olha para baixo e vê os dois a encarando, aturdidos. Ela diz brava: - O que é? Ainda não se acostumaram? Floriani diz: - Você está fazendo mais frequentemente. - Ele vira para Arthur, com a mão no peito, e questiona: - Está não está? Arthur responde: - Sim está. E olha o trejeito. - Floriani balança a cabeça negando o trejeito. Seu Evaristo, motorista do caminhão e dono da empresa de mudança, com jeito brega, calças caindo quase que mostrando o “cofrinho”, camisa exageradamente aberta e caneta em cima da orelha direita, se aproxima dos três, que estão como sempre grudados, e indaga: - Posso descarregar? Rebeca olha para cima na esperança de me ver, não diz nada e olha para Evaristo segurando o riso, por ter ouvido a minha descrição do moço em questão, e responde: - Manda ver. Os três, como sempre com movimentos coreografados, fazem o mesmo movimento com a cabeça olhando os vizinhos, que estão olhando e fingindo fazerem outra coisa, mas com o evidente olhar fofoqueiro. Após tudo descarregado, nossos heróis decidem entrar na casa. Floriani antes abre o lado detrás do motorista do carro e tira uma pequena caixa com o Precioso, um lindo cãozinho mistura de poodle com vira-lata. Despedindo-se, os três agradecem os rapazes da mudança, entram na casa e fecham a porta. Floriani tira Precioso da caixa e o pega no colo. Os três novamente sentam juntos com o movimento coreografado. Rebeca me olha novamente e diz: - Isso já está enchendo. Os dois mais uma vez olham para ela com cara de espanto. No que ela responde: - O que? No sofá estão da esquerda para direita: Rebeca, Floriani com Precioso no colo e Arthur. Ela com um macacão de jeans claro e uma blusa com desenho de cachorrinho branca e cor de rosa. Floriani com camisa branca, como sempre, e uma calça jeans bem folgada. Precioso com aquele pelo meio branco, meio bege, meio preto e meio cinza, nem crespo, nem liso, ou seja, lindo como sempre. Arthur como sempre social, uma calça marrom, blusa preta e sapatos pretos. Rebeca está sentada com as pernas abertas, Floriani com as pernas cruzadas, abraçado em Precioso, e Arthur com as pernas para baixo bem ereto. Após breve silêncio, o que é um milagre, Floriani diz: - Lar doce lar. O que Rebeca responde: - Já quero ir para casa. E Arthur retruca: - Você sabe que é somente por uns tempos. Rebeca responde - Odeio tudo que é provisório. Sempre dura para sempre. Floriani vira-se para Rebeca e responde: - Não seja bobinha. Você está segura. Não é mais como era na sua infância. Isso é sim provisório. - Ele larga precioso, que saí correndo para conhecer a casa, e diz colocando as mãos uma na perna de Rebeca e outra na de Arthur: - Vamos arrumar tudo? Sei que estamos em um livro e não em um filme, mas não resisto em pensar em uma música para nossos heróis arrumarem tudo, uma das preferidas de Rebeca, o que posso citar aqui para vocês a letra e indico que busquem na internet, e escutem, ao lerem esse capítulo, e imaginem nossos heróis arrumando a casa (sempre que citar uma música seria interessante fazerem isso): “Vento Ventania - Biquini Cavadão Vento, ventania, me leve para as bordas do céu Pois vou puxar as barbas de Deus Vento, ventania, me leve para onde nasce a chuva Pra lá de onde o vento faz a curva Me deixe cavalgar nos seus desatinos Nas revoadas, redemoinhos Vento, ventania, me leve sem destino Quero juntar-me a você e carregar os balões pro mar Quero enrolar as pipas nos fios Mandar meus beijos pelo ar Vento, ventania, Me leve pra qualquer lugar Me leve para qualquer canto do mundo Ásia, Europa, América Vento, ventania, me leve para as bordas do céu Pois vou puxar as barbas de Deus leve para os quatro cantos do mundo Me leve pra qualquer lugar Me deixe cavalgar nos seus desatinos Nas revoadas, redemoinhos Vento, ventania, me leve sem destino Quero mover as pás dos moinhos E abrandar o calor do sol Quero emaranhar o cabelo da menina Mandar meus beijos pelo ar Vento, ventania, Me leve pra qualquer lugar Me leve para qualquer canto do mundo Ásia, Europa, América Me deixe cavalgar nos seus desatinos Nas revoadas, redemoinhos Vento, ventania, me leve sem destino Quero juntar-me a você e carregar os balões pro mar Quero enrolar as pipas nos fios Mandar meus beijos pelo ar Vento, ventania, agora que estou solto na vida Me leve pra qualquer lugar Me leve mas não me faça voltar. (3X)” Rebeca obviamente, ouvindo minha narração, liga no celular a música. Ela e Floriani, sempre animados, pegam o que tem na frente, sem escolher, dançam com Precioso, brincam com as cortinas, fazem a festa. Arthur, com a cara sempre fechada, escolhe suas coisas, em primeiro lugar, arrumando seu quarto. Depois escolhe o que é mais fácil e leve. Eles começam às dez horas da manhã. Ao meio dia Arthur diz meio que imperando: - Vamos comer uma pizza? O que Floriani responde: - Por mim tudo bem. Quero vegana. Rebeca logo em seguida diz: - Eu quero pizza de seis queijos. Floriani, colocando Precioso na frente do seu rosto, brinca com a patinha e muda a voz como se ele fosse responder: - Eu quero pizza de frango. Rebeca acaricia Precioso falando com ele e mudando de voz: - Tem que ser com verdurinha junto. Não é meu amor? Arthur, pega o telefone e liga para a pizzaria, pergunta se tem pizza vegana. Ele não deixa de ficar surpreso com a existência da opção. Logicamente pede a dele com bacon. Pede uma pizza média de cada sabor. Ao desligar todos atiram-se no sofá, exauridos. Precioso vem correndo e pula no colo de Floriani. Quase uma hora depois, quando a campainha toca, vão juntos em coreografia, atendê-la. Rebeca olha para cima como quem vai me interromper novamente, balança a cabeça e fingi não querer dizer algo. Flor resmunga: - Nossa que demora por uma pizza. Arthur: - Cidade pequena. Após minha narrativa, eles abrem a porta, Rebeca sorri e olha para o rapaz da entrega da pizza. Estão assim dispostos: Arthur com o dinheiro, na frente pegando as pizzas e pagando. Floriani, Precioso e Rebeca atrás de Arthur. Floriani com Precioso no colo e Rebeca, como sempre, escorada em Floriani. Ao me ouvir, Rebeca vira-se para Floriani e pergunta: - Eu sempre me escoro em você? Floriani responde sinalizando com a cabeça e a mão como se não fosse nada: - Eu acho que sempre temos que nos tocar. Rebeca sorri e abraça Floriani dizendo: - É nosso fogo amor. - Os dois riem. O cara da pizza olha para eles, pega o dinheiro e diz: - Boa refeição. Arthur entrega as pizzas para Rebeca e, ao fechar a porta, vê que a vizinha da frente está olhando pela janela. Ele faz um sinal com a mão dando um oi. Ela responde com cara sem graça o mesmo sinal. Arthur fecha a porta. Floriani, pega as pizzas da mão da Rebeca e coloca na mesa da cozinha. Ele começa a arrumar tudo para todos. Abre a gaveta da pia e pega uma faca e corta todos os pedaços. Pega guardanapo e prato pequeno descartável e coloca um pedaço para cada um, conforme o sabor de cada, alcançando para todos, na mão. Sentados, Rebeca está no celular, Arthur está olhando a televisão, ligada no jornal. Floriani olha os dois com carinho e pega um prato pequeno colocando um pedaço para ele e um para Precioso. Pega o prato com uma das mãos e com a outra, Precioso, e antes de comer dá para seu filhote a comida, falando e mudando a voz: - Vamos comer não é papai? Eu estou com fominha. Rebeca pega seu pedaço com as mãos, coloca um pedaço na boca e fica abanando, com a mão, a boca aberta, por estar muito quente e diz: - Quente...quente. Arthur segura com o guardanapo reclamando de não ser com garfo e faca, sentado à mesa diz: - Esganada. Come devagar. Flor diz: - Amor, está tudo sujo, melhor comermos com guardanapos amanhã já estará tudo limpinho. Arthur pega a mão de Flor e dá um beijo, se desculpando. Rebeca olha para Arthur com a cara f**a. Floriano sentado do lado de Rebeca, com a ajuda do guardanapo, come um pedaço da pizza, soprando antes de colocar na boca. Rebeca ainda com a boca cheia diz: - O que a vizinha estava olhando para cá? Arthur responde, engolindo antes o pedaço da pizza, que estava na boca, e somente daí responde: - Queria xeretar. Rebeca responde: - No mínimo já está pensando besteira em ver dois homens e uma mulher morando juntos. – E solta uma gargalhada. Ao me ouvir narrando para de rir. Floriani diz: - Vai ver ela só queria cumprimentar. Arthur: - Aqui em Chatville? Beca: - Nossa, mas você tem que contar os babados daqui. De tanto falar m*l da cidade já odeio sem nem mesmo conhecer. Flor faz com a mão que concorda com Beca, dizendo: - Isso é verdade. Eu também, nem conheço e já odeio. Arthur: - Tudo a seu tempo. Aos poucos conto tudo. Floriani olha para a janela, ao lado do sofá, e vê do outro lado Alzira, a vizinha. Ele sorri e acena. Ela sorri de volta e também cumprimenta. Flor fala, escondendo a boca com as mãos: - Temos que colocar uma cortina bem grossa ali. Imagina se ela vê nossos beijos. - diz olhando para Arthur. Alzira, disfarçando estar espanando a janela, fica olhando e falando sozinha: - Estranho o moço, com cabelo de anjo, arrumar tudo e alcançar nas mãos dos outros. E o jeito que sentam no sofá, com o tal moreno galã, no meio. Aí tem. - diz colocando a mão direita na boca. Ela então pega o celular e liga para seu pastor: - Pastor, os novos moradores chegaram. Não sei não, parecem tão estranhos. o senhor sabe alguma coisa deles? O pastor: - Conversei com o padre e o outro pastor, parece que o moço moreno é o Arthur, filho da dona Constantine. Alzira: - Ah, então deve ser boa gente. Dona Constantine é uma dama da sociedade, idônea. O pastor: - Mas você dizia que são estranhos? Alzira: - Sim, quem faz tudo na casa, pelo visto, é um dos homens, o loiro com cabelo de anjo. A mulher parece meio macho, e o moreno alto, muito sério, fica sempre no meio dos dois. Pastor: - Fique de olho temos que zelar pelo bem da nossa cidade. Alzira virar a cabeça, para olhar de novo, para a janela dos três. Ao fazer isso vê que os três estão olhando de volta. Eles abanam. Ela acena de volta, dizendo ao pastor: - Eles estão me observando. Será que não corro risco de vida? Vai saber o que são esses forasteiros? Pastor: - Se acalme. Um deles morou na cidade de pequeno. Dona Constantine não ia trazer pessoas más para nossa cidade, nem mesmo pelo seu filho. Alzira: - Você tem razão. Ah, a moça, parece que fala olhando para cima. O pastor faz sinal da cruz e fala: - Misericórdia. Será possuída? Alziria: - Achei muito esquisito. O que devo fazer Pastor? O pastor: - Faça aquela sua famosa cuca de banana e leve para eles. Tente colher informações. Alzira: - E se a tal moça estiver mesmo possuída? Não corro risco de vida? Pastor fala entonando a voz e colocando uma das mãos para cima, enquanto a outra segura o celular: - Deus está contigo. Não temas! Alzira coloca uma das mãos para cima e responde: - Aleluia! Pastor: - Vá lá irmã, faça a cuca orando. Firme o pensamento em Deus e peça p******o. Que satanás não tenha força diante de Deus. Jesus Cristo te protegerá. Alzira: - Amém, pastor. Até mais. Depois ligo contanto tudo. Pastor: - Vou aguardar a narrativa. Não tire os olhos deles. O fiel sempre vigia e ora. Alzira desliga e começa a fazer a cuca, sempre vindo na janela espiar. Flor já agoniado diz: - Gente essa mulher fica olhando para cá de cinco em cinco minutos. Já estou ficando nervoso. Arthur levanta dizendo: - Onde estão as cortinas blackout? Floriani: - Deixa que pego para você. Arthur pega a escada e coloca perto da janela. Alzira vê tudo, sem disfarçar. Flor chega e entrega à cortina para Arthur, que coloca imediatamente, dizendo: - Felizmente a casa já tem o suporte, só mesmo colocar. - Ele ajeita e diz, fechando a cortina na cara de Alzira: - Prontinho! Livres. Rebeca fica olhando. Os dois sentam no sofá e olham também. Ela diz: - Será que não dá para ver nada não? Flor: - Talvez a sombra? Arthur: - Se fecharmos o blackout não dá para ver. Agora de dia, para termos luz, deixando a parte de cima, que é transparente, vamos ter que lembrar e nos cuidar. Flor pega os pratos e guardanapos e leva tudo para o lixo. Beca fala para Arthur: - Vá lá, conte alguma lembrança boa daqui da cidade? Flor vem da cozinha e diz: - Isso. Daí a gente não antipatiza tanto. Arthur faz cara de pensativo. Beca espera um pouco e diz: - Ah, tá que não tem nenhuma? Arthur: - Tem o padre da cidade que é uma pessoa muito justa. Flor: - Mas algo que aconteceu foi bom. Você não tem nenhuma história boa? Arthur: - Não lembro de nada. Peraí. Teve uma vez que toda a cidade se reuniu no natal para cantar na praça. Também enfeitaram tudo. Foi muito lindo, ficamos todos juntos até meia noite. Beca: - Mas só uma vez? Flor: - Não fazem mais isso? Arthur: - O prefeito da cidade, que teve a iniciativa, faleceu no ano seguinte. Foi muito triste e a cidade não fez mais nada. O prefeito adorava o natal. Fizemos várias mesas com comidas natalinas e compartilhamos. A maioria das pessoas da cidade estavam ali. Lembro que eles contrataram um Papai Noel de fora para as crianças não conhecerem. Flor estava olhando com carinha fofa, parecia estar imaginando tudo. Rebeca já parecia agoniada para saber o final da história. Rebeca: - Só isso? Tem mais alguma lembrança boa? Arthur: - Outra vez, as escolas começaram um campeonato de futebol. Toda a cidade parou para assistir e participar. Claro que teve muita briga entre os times competidores e seus familiares e escola. Flor: - Pelo visto sempre tem algo bom e algo r**m. Rebeca: - Ah, mas em qualquer lugar do mundo é assim. Não é porque aqui é uma cidade pequena. Flor faz gesto concordando e diz: - Isso é verdade. Arthur: - Tínhamos também o baile de formatura, que antes de ir embora vi que aboliram. Era muito legal para os que iam sair da escola. Parecia aqueles filmes norte-americanos. Ideia do padre. Flor: - E porque tiraram. Arthur: - História triste. Beca: - Conta! Arthur: - Um casal de formandos saiu do baile bêbados e acabaram sofrendo um acidente e morrendo. Flor coloca a mão no peito dizendo: - Que trágico. Beca: - Bem filme norte americano. Arthur: - Sei que os pais eram pessoas influentes e exigiram a proibição do baile. Lembro que o padre se culpou por muito tempo. Beca: - Mas porquê? Foi ele que bebeu e dirigiu? Arthur: - O padre é assim. Vocês ainda vão conhecê-lo. Se sente responsável por todos. Flor: - Bem coisa de padre né? Beca: - Vai lá, conta mais. Arthur fica pensativo mais um pouco. Teve uma outra vez que o filho de três anos, de uma professora, sumiu. toda a cidade se reuniu para ajudar a procurar. Lembro que levaram comes e bebes na casa dela para ajudar nas buscas. Ficamos cinco horas procurando. Flor: - Meu Deus! E o que aconteceu? Arthur: - O pai, que era divorciado da esposa, havia levado o menino no parque de diversões da cidade vizinha. Ele nem pensou em avisar. Quando voltou estava todo mundo em polvorosa. O coitado nunca ouviu tanto. Rebeca: - Também se fosse comigo eu matava. Arthur: - Eu nunca ia sumir com um filho nosso sem te avisar. Flor: - Nem eu. Beca: - Se vocês têm amor a vida é bom mesmo. Os dois riem juntos. Flor levanta dizendo: - Vou pegar um chocolate para continuarmos a conversa. Querem café? Arthur e Beca falam juntos: - Sim. Flor faz então um café preto, sem açúcar, para Arthur. Outro café com leite com muito açúcar para Beca. E um café com leite de amendoim para ele. Ele entrega uma xícara para cada um, com os respectivos cafés e uma caixa de bombom para os dois, que traz embaixo do braço. Depois volta e busca a sua xícara e vem com bombons caseiros veganos para comer. Beca pega três bombons e entrega a caixa para Arthur. Ele, vendo que ela pegou os mais gostosos, diz: - Gulosa. Ela atira um beijo e diz: - As damas primeiro. Arthur: - Vai tudo para o quadril. Beca: - Que você ama fofinho. Ele sorri. Flor senta e Precioso fica olhando para ele se lambendo. Ele então pega um biscoito canino, que trouxe junto e entrega para o filhote. Beca olha para Flor e diz: - Dá um vai. Flor joga um dizendo: - Gulosa. Arthur ri e grita: - Eu disse. Beca: - Por doce e, ainda mais chocolate, sou mesmo. - Ela coloca todo o bombom na boca e, faz com a mão, para Arthur alcançar a caixa de bombom. Flor: - Credo! engole esse da tua boca, mulher. Arthur: - A caixa pode escapar. Os dois riem e Beca faz cara de contrariada. Beca então pergunta para Arthur: - Sua mãe sempre foi desse jeito. Flor faz careta de aviso, para ela cuidar no que vai dizer, sem Arthur perceber. Arthur: - Desse jeito como? Beca: - Ué. - Ela para e fica pensando no que dizer. Flor então responde com cautela: - Meio distante de carinhos. Arthur sabe o que querem dizer e enfatiza: - Fria? Flor e Beca olham para ele sem saber se concordam ou não. Arthur: - Sempre. Flor: - E seu pai como era? Arthur: - Papai era o contrário dela. Carinhoso, doce, meigo. Não lembro dele ter tido um dia de paz ao lado dela. Ela sempre o tratando como um inútil. E ele escutava calado. Fazia tudo por ela. Trabalhou duro para nos deixar confortáveis. Nunca tirou férias, mas sempre vinha à noite ler histórias para mim. Acho que fugia dela. No meu quarto ela sempre evitava entrar. E, sempre que ele podia, ia ficar comigo. Beca: - E como eles acabaram juntos? Arthur: - Outros tempos. Casamento arranjado pelos pais, dinheiro. Beca: - Credo! Arthur: - Mamãe era apaixonada pelo Doutor Arthur, o médico daqui. Na época ainda estudava. Os pais foram contra e ela se casou com papai. Talvez por isso ela nunca foi feliz. Engravidou logo e acho que foi piorando. Lembro que quando mais novo ela ainda sorria. Beca e Flor se olham pesarosos. Flor então tenta mudar de assunto: - E na escola você aprontava muito? Arthur: - Eu sempre era quieto, tinha poucos amigos. Não gostava muito de interação. Na adolescência já era popular. Beca: - Devia ser o favorito de todos. Arthur sorri encabulado: - Tive meus momentos, mas namorei pouco. Flor: - conta vai. Arthur: - Tive dois ficantes só. E tinha um garoto gordinho, que eu sempre defendia dos malvados. Ele passou a me seguir e fui deixando. Flor: - Ai que amor. Você protegia os indefesos. Arthur: - Na verdade ele era o único que apanhava. Como era baixo, sempre parecia menos do que a idade que tinha. Sei lá eu fui com a cara dele, mas não lembro o nome. Beca: - E se você encontrar, reconhece? Arthur: - Se continuar baixinho e gordinho talvez. Flor: - Credo, Arthur. Arthur gargalha. Flor levanta e pega todas as xícaras e já lava. Ele começa a ajeitar o restante das coisas. Beca levanta e diz: - Bora lá ajudar florzinho? Flor: - Gente parece que estou sempre com fome ultimamente. Beca: - Bem que notei que você está com uns pneuzinhos. Flor se olha dizendo: - Onde? Arthur passa por ele e dá um beijo no pescoço dizendo: - Você tá ótimo. Beca grita: - Ei? Eu vou ficar com os chocolates entalados no quadril e o Flor tá ótimo? Estou ficando com ciúmes. Arthur vem por trás e abraça Rebeca dizendo: - Estava brincando você está linda, amor. Rebeca coloca seus braços em cima dos de Arthur dizendo: - É bom mesmo. Flor olha para as paredes e diz: - não sei, estou achando tudo tão pálido e sem graça. Beca: - E se colocássemos uma cor? Arthur: - Não mexam em nada. Deixem as paredes brancas como encontramos. Não esqueçam que é alugado e vamos ficar pouco. - diz saindo e indo para o banheiro. Flor e Beca se olham e fazem cara de desgosto. Beca: - O provisório de um ano Flor: - Não fala assim. Beca cochicha: - E se a velha morrer só daqui um ano. Flor: - Beca, não fale assim. Se Arthur escutar? - fala olhando o banheiro. Beca: - Ele tá lá dentro e não escuta. E cochichei Flor: - Aquele cochicho que todo mundo escuta. Beca ri e Flor ri também. Flor: - E se colocássemos algum tecido colorido. Beca: - Você diz como papel de parede, só que com tecido? Flor: - Não, menina, tipo prender como cortina, em cima, mas não colar. Fica muito bonito e podemos colocar cor. Beca olha com cara de descrente: - Será? Flor explica sua ideia. Beca: - Então vamos sair e comprar. Flor cochicha: - Deixa Arthur sair para trabalhar que vamos. Beca concorda e diz cochichando: - Boa. Arthur vem do banheiro perguntando: - O que vocês estão aprontando. Beca: - Nós? Nada não. Flor: - Estamos pensando na decoração. Arthur: - Não aprontem. Flor: - Credo! Arthur: - Conheço vocês, vão me esperar sair, para fazerem algo que não quero. Flor e Beca, fazem não, com a cabeça. Arthur: - Mais uma confirmação. Quando vocês fazem isso com a cabeça juntos. Estou falando, não fiquem mexendo em nada. Beca: - Não faremos. Não vamos mexer na estrutura da casa. Flor faz uma cruz com os dedos e beija dizendo: - Juro, juradinho. Arthur sai para o quarto dizendo: - Olha lá, ein? Os dois seguem cochichando. Beca: - Você tinha que jurar? Flor: - Mas não vamos. Beca: - E o suporte do tecido vamos colocar como sem mexer na estrutura da casa? Flor: - Verdade né? Beca: - Agora vamos ter que pensar em outra coisa. Os dois olham para a grande parede branca. Eles viram a cabeça para o lado, encostando o ouvido esquerdo, quase no ombro. Depois fazem o mesmo com o direito. Tudo em um movimento coreografado. Beca olha para mim dizendo: - Já disse que não fazemos isso. Flor: - Isso o que, menina? Beca: - Movimento coreografado. Flor faz ah com a boca. Eu respondo: - Ok, então. Os dois olham de novo para a parede branca e fazem a mesma coisa. Beca me olha, mas não diz nada. Ela fala para Flor: - Tapeçaria? Aqui deve ter loja de artesanato. Flor olha: - Talvez um macramê e parede? Os dois olham de novo para a parede, fazendo o mesmo movimento. Eles se entreolham e dizem juntos: - É…. Arthur vem do quarto com uma caixa cheia de livros de receita: - Isso é teu, Florzinho. Flor vai correndo, empolgado: - Meus livros. Beca: - Vamos colocar onde isso? Arthur: - No quarto de Flor. Flor: - Na cozinha. Beca: - Livro não é na sala? Os três olham por tudo. Flor pega a caixa e diz: - Vou levar para meu quarto por enquanto. Arthur sorri, satisfeito. Beca diz: - Puxa saco. Sempre faz a vontade do Arthur. Arthur joga um beijo no ar para Flor, que finge pegar e quase derruba a caixa. Vira para Beca e diz: - E você faz tudo para me contrariar. Beca responde: - Nem muito a Deus, nem muito ao demônio. Flor vem do quarto e os três sentam juntos no sofá. Beca: - A vizinha pelo visto não em. Arthur complementa: - Com certeza ela virá aqui. Flor: - como você tem tanta certeza? Arthur: - Deve estar cozinhado algo. É assim que fazem. Daí oferecem como boas-vindas. Flor: - Tomara que seja algo da culinária local. Beca continua a piada: - Já pensou, todos trazerem um prato diferente. A gente vai ter que congelar tudo. Pelo lado bom, florzinho não vai precisar cozinhar por um mês. Os três riem juntos. Flor vai até a janela e espia. Arthur e Beca olham rindo. Ele diz: - Nada da vizinha. Será que foi abduzida? Beca ri e continua a piadinha: - Ele devolve rapidinho. Arthur: - Quem está sendo malvada agora? Beca gargalha. Flor olha outros vizinhos observando a casa. Ele diz: - Gente, estamos sendo observados. Arthur: - Fecha isso aí, florzinho. É assim mesmo. Somos a novidade da cidade pequena. Quando sairmos, vamos parecer celebridades. Beca gargalha de novo. Flor: - Gente, sério? Vou ter que me produzir todo. Beca: - Ai, meu Deus, mais ainda? Flor: - Para que sou bem simples e básico. Arthur: - Mas demora como ninguém para se arrumar. Beca e Flor se entreolham e falam juntos, gritando: - Logo quem está falando. Arthur dá uma risada tímida e diz: - Tenho o cabelo rebelde. Flor e Beca gargalham juntos. Beca: - Pela demora sempre do príncipe não é só o cabelo. Arthur: - Não sei como Beca é tão rápida para se arrumar. Flor: - Não é? Geralmente a mulher é a que mais demora. Beca: - Não tenho frescura não. Isso é preconceito de vocês, ein? Simplesmente coloco tudo, amasso o cabelo e deu. Odeio maquiagem e acessórios. e até meus sapatos gosto de fáceis de colocar. Sou uma mulher rápida e prática. Flor: - Eu também sou prático. Mas coloco tudo com calma, você é um furacão se vestindo, Beca. Ela gargalha novamente. Flor: - Já Arthur, tem mais acessórios que nós dois juntos. Beca: - Só a coleção de relógios. Flor: - Vai gostar de relógio assim né? Beca: - Me sinto amarrada com relógio. Flor: - Pelo menos sabemos o que dar de presente para ele. Os três riem juntos. Beca: E a quantidade de sapatos dele? Flor: - Quase veio um caminhão cheio. Arthur ri, dizendo: - Vocês são bobos, ein? Posso ter sapatos, mas Flor tem livros e lenços e Beca cds e revistas. Flor: - Tem os meus lenços e os de Precioso. Livro são livros né gente? Beca: - De receita Flor? Arthur brinca, continuando a brincadeira: - É literatura Beca. Os dois riem juntos. Flor: - O bozo e a boza. Beca: - Agora, minhas revistas, vou fazer uma faxina. Tem muito mesmo. Os cds já não né? Mas você tem vinis, Arthur. Arthur: -Peça de colecionador, que valem um bom dinheiro. Flor: - Ele tem razão, Beca. Agora, os cds, você nem escuta. Sempre escutamos música no celular. Beca: - Tá, vocês querem que eu venda tudo? Flor: - Pare de ser boba, vai. Todo mundo tem algo que gosta e não se desfaz. O importante é ser feliz e não consumidor, nem acumulador. Arthur: - Agora que você poderia olhar esses livros de receita e se desfazer de alguns… Flor: - Só se você olhar teus sapatos. Ele e Arthur estendem as mãos e se cumprimentam, firmando compromisso. Beca: - Estou de testemunha, ein? Arthur: - E vamos cobrar sobre as revistas. Beca faz sinal de sentido. Nisso batem à porta. Eles se entreolham. Arthur cochicha: - Deve ser a vizinha. Flor e Beca fazem sim com a cabeça, simultaneamente. Arthur continua cochichando e diz: - Vou abrir. - Saindo em direção a porta.

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