Emilly Depois daquele beijo tempestuoso na cozinha, eu e Arturo lembramos que havia uma princesinha adormecida no andar de cima — e que, se aquilo tinha qualquer chance de futuro, precisávamos continuar sendo, antes de tudo, os pais de Sarah. Subimos de mãos dadas, em silêncio, como dois adolescentes pegos fora de hora. Empurrei a porta com cuidado; o abajur em forma de lua projetava sombras macias nas paredes cor‑de‑rosa. Sarah ainda remexia as cobertas, meio desperta. — Mamãe? Papai? — sussurrou, esfregando os olhos. Arturo sorriu e se sentou na beirada da cama. — Ei, docinho, hora de voltar a sonhar. Ela se ergueu nos cotovelos, cabelo emaranhado. — Me conta história? Curtinha. Olhei o relógio — quase três da manhã —, mas quem é capaz de negar pedido desses? Sentei do lado oposto.

