Arturo O dia nasceu pesado, cheio de nuvens cor chumbo pairando sobre Manhattan. Não esperei Emilly acordar: deixei um bilhete na mesa — “Volto antes do almoço. Preciso resolver o passado para abrir o futuro.” — e saí antes das sete. Se queria cortar o laço com Helena, precisava fazê‑lo longe da influência doce do perfume da Emilly ou do riso de Sarah. Atravessar o Harlem de moto é como entrar num labirinto de sirenes e padarias abrindo as portas. Estacionei perto do campus da Columbia Architecture, sob um carvalho que já perdia folhas. Helena tinha aula de Estudo Estrutural às oito, eu sabia — ela falava desse professor como quem descreve uma seita. Quando a vi sair do prédio com a bolsa transversal, parei diante dela. O susto estampou‑se no rosto dela. — Arturo? Nossa, você madrugou

