Prólogo
Naquela noite, Robert Lewinski tinha apenas o trabalho de relaxar no sofá e inclinar a cabeça para trás. Ele adorava aquele lugar. Todos os cantos eram escuros como deviam ser, a música eletrônica fazia o chão vibrar e o ar condicionado era bem potente para competir com todo o calor que as suas atividades noturnas provocavam.
O moreno de pele pálida e olhos negros se sentia especial com o tratamento VIP que recebia naquela casa de entretenimento adulto. Sempre ocupava o mesmo camarote no segundo piso que lhe dava a visão privilegiada dos dançarinos e dançarinas no térreo. Isso sem falar em tudo que lhe era oferecido, como álcool e outras drogas. Mas o melhor de tudo era a sensação de liberdade, já que foi parar na Alemanha para evitar aqueles que considerava a sua família.
Ele soltou um pequeno e discreto gemido quando finalmente gozou na boca de Calvin. Em seguida se recompôs endireitando as calças enquanto o rapaz que o acompanhava se afastou para tomar fôlego e servir-lhe mais uma dose.
Calvin era bem jovem e tinha traços asiáticos. Lewinski nunca entendeu porque ele trabalhava num lugar daqueles, mas também nunca se importou o suficiente para perguntá-lo. Vestia apenas roupa íntima e tinha os cabelos castanhos com as pontas descoloridas bem bagunçados.
— Prontinho — o mais novo lhe aproximou uma bandeja com duas linhas de cocaína.
Robert tirou uma nota de 100 euros do bolso, a enrolou e a utilizou para consumir a droga. Levou as mãos à cabeça e retornou à sua posição inicial no sofá enquanto a química se apossava do seu corpo. Calvin o olhou um pouco preocupado, aquilo já estava virando rotina. Porém, as picadas de agulha entre os seus dedos lhe tiravam a moral para advertir Robert sobre o abuso de substâncias.
O mais novo se afastou mais uma vez apenas para deixar a bandeja na mesa quando um barulho de correria e gritos lhe chamaram a atenção.
Três policiais armados subiram até o camarote. Robert estava mais ocupado lidando com o aumento súbito da sua frequência cardíaca, o que o deixou zonzo demais para sacar sua arma.
Assustado, Calvin ergueu as mãos, mas foi ignorado por não ser o alvo. Um dos policiais se aproximou do moreno sentado no sofá e o mandou se levantar devagar.
Lewinski até tentou. Mas sua tontura o levou direto para o chão, onde permaneceu quando foi algemado e recebeu voz de prisão.