YASMIN (Quando o olhar grita, mas você vira as costas mesmo assim) Eu fiquei parada. Um segundo. Dois. Três. O tempo suficiente pra aquele olhar me atravessar de novo. Mas não era amor. Nem destino. Era ferida reconhecendo ferida. Ele tava afundando. E por um instante, eu quis ser a mão. Mas não. Não dessa vez. Porque se eu esticasse a minha… ia junto com ele. ** Virei as costas. Me forcei a andar. Cada passo era um soco no que sobrou da minha empatia. Mas eu já tinha sangrado demais pra voltar a salvar desconhecido. ** Passei pelo corredor, ignorei o som da sirene, os gritos, os chamados no rádio. Minha perna tremia. Minha mão formigava. Mas eu segui. Porque ficar… ficar seria admitir que aquele olhar me tocou. E eu não podia mais ser tocada. Não por homem nenhum.

