Andrew
Olhei para o relógio pela quarta vez desde que chegamos à propriedade Torello. Ela estava atrasada. Eu odiava quando as pessoas se atrasavam. Quem diabos ela pensava que era?
Me fazendo ficar do lado de fora como um desocupado esperando por ela? A cada segundo que passava, mais furioso eu ficava. O que poderia ser mais importante do que ela chegar na hora para sua própria festa de noivado?
— Olha esses guardas nos encarando. — Inclinei a cabeça em direção ao sujeito contratado para proteger a propriedade Torello. — Até eles se acham melhores que nós. Será que se sentiriam assim se eu explodisse a cabeça de um deles?
— Você poderia relaxar por cinco minutos? — Giovanni enfiou o celular no bolso. — Isso aqui é para ser uma comemoração.
— Talvez fosse, se minha namorada conseguisse ver as horas.
— Ela está só dez minutos atrasada. — Ele riu. — É o que as mulheres fazem. Elas nos deixam esperando.
— Isso não pode acontecer com a minha mulher.
— Você tem muito que aprender. — Ele riu baixo. — Você não vai conseguir tratar sua esposa do jeito que trata seus colegas.
— Me observe.
— Você está nervoso. — Ele me entregou seu frasco de bebida.. — Beba isso.
— Preciso ficar atento.
— Um pouco não vai fazer m*l. — Meu irmão insistiu.
Tomei um gole longo da vodca suave, sentindo-a queimar minha garganta antes de se espalhar pelo corpo. — E se essas pessoas tentarem alguma coisa?
— Com uma casa cheia de associados? Isso seria estupidez da parte deles.
— Nunca se sabe. Pelo que sabemos, podem estar conspirando. — Apontei para o carro atrás de nós, ocupado pela minha equipe de segurança. — Certifiquem-se de que fiquem alertas.
— Os Torellos estão te acolhendo na família deles. Por que se dariam ao trabalho de matar você?
— Eles não fariam isso. — Tomei outro gole antes de devolver o frasco. — Mas não vou me acomodar até que a certidão de casamento esteja assinada. Isso une as duas famílias e fortalece nossa posição.
Um farfalhar nos arbustos chamou minha atenção. Do quintal, Sophia surgiu. Ela parou quando nossos olhares se encontraram.
Porra! Ela estava deslumbrante. Sempre foi bonita, mas naquela noite parecia outra coisa. Os cabelos negros e brilhantes caíam sobre os ombros, cacheados nas pontas. Suas pernas longas e torneadas pareciam não ter fim.
Quanto tempo eu teria que esperar para tê-las enroladas em mim?
Quando se aproximou, a única falha que encontrei foi que não usava o vestido que eu havia enviado. Por que diabos ela me desrespeitaria daquele jeito?
— Uau. — Giovanni sussurrou. — Ela é incrível.
— Ela está me desafiando. — Sibilei, tentando conter a raiva. — Vá até o quarto dela e pegue o vestido que mandei.
— Tem certeza? O que ela está usando é perfeito.
— Eu não teria pedido se não tivesse certeza.
— Tudo bem. — Ele saiu sem discutir.
Sophia parou a poucos passos de mim, mantendo distância. Isso não ia funcionar.
— Você está atrasada. — Aproximei-me dela, minha voz baixa e firme. — Vai ter que aprender rápido que meu tempo é muito importante… e eu não tolero desrespeito.
— Desculpe. — Ela arrastou os pés, olhando para o chão. — Eu estava me arrumando e perdi a noção do tempo.
— Não vou negar que está linda, Sophia. Mas por que não está usando o vestido que enviei?
Observei como o preto que ela escolheu se ajustava às suas curvas, realçando seus s***s empinados. Era elegante, sim, mas eu queria vê-la no que eu tinha escolhido.
— Obrigada pelo presente. — Pelo menos ela foi educada na rejeição.
— Gostei do que você me mandou, mas não é meu estilo. — Mexeu nervosamente as mãos. — Eu estava nervosa e não me senti confortável. Achei que poderia usar em outra ocasião… quando estivéssemos só nós dois.
Razoável, mas insuficiente. Eu havia pedido uma coisa simples, e ela recusou. Um começo r**m.
— Você me insultou duas vezes essa noite, Sophia. — Encostei em sua cintura e a puxei contra mim.
Seus olhos cinzentos se arregalaram, o medo evidente. Suas bochechas coradas em rosa me fizeram pensar em como ficariam quando eu a disciplinasse.
— Primeiro, você se atrasou. Depois, recusou meu presente. É assim que vamos começar nosso noivado?
— Desculpe. — Ela m*l conseguiu sussurrar. — Não foi minha intenção te ofender.
Baixei o olhar para seus lábios, tão próximos que quase pude provar sua doçura.
— Pode me chamar de Sophia. — Ela arriscou.
— O quê?
— Ninguém me chama de Sophia. Todos me chamam de Sophia ou Sophi.
— Quanto mais cedo você entender que eu não sou como todo mundo, Sophia, combina melhor co você.
Ela suspirou. — Então por que concordou com isso? Por que quer se casar comigo?
— Porque me beneficia. E eu sempre faço o que me beneficia.
— Então, para você, é só negócio?
Ela queria uma resposta mais humana, mas não seria eu quem a daria. Negócios, sim. Mas se pudesse encontrar prazer nisso, melhor ainda.
— E para você? — perguntei. — Por que concordou?
— Eu… não tive escolha. — Sua voz veio baixa, arrependida. — Mas não importa. Concordei e estamos aqui.
A tristeza em seus olhos me irritava.
— Acho que deveríamos entrar. — Ela tentou encerrar. — Eles estão nos esperando.
— Só depois que você se trocar.
Seu narizinho fofo enrugou. — Trocar o quê?
— Conseguiu? — Perguntei quando Giovanni voltou.
— Aqui. — Ele me entregou o vestido, lançando a ela um sorriso. — Você deve ser Sophia.
Ela assentiu, mas os olhos se encheram de lágrimas ao ver o vestido em minhas mãos. Rapidamente os enxugou.
— Esse é meu irmão, Giovanni. — Eu digo. — Nos vemos lá dentro.
Ele se afastou, e fiquei sozinho com ela. Abri a porta do SUV e a empurrei para dentro.
— Vista isso. Agora.
Ela atirou o vestido de volta em mim. — Eu já disse que não vou usar.
Minha paciência se esgotou. Inclinei-me sobre ela, prendendo-a contra o banco. — Talvez você não tenha entendido quando eu disse que não tolero desrespeito.
Ela lutou, me empurrando, mas não tinha força. — Sai de cima de mim!
— Continue lutando, Sophia… e vai descobrir o quanto eu gosto disso. — Minha voz soou baixa, sombria.
Rasguei o tecido do vestido que usava, expondo sua lingerie preta. Ela estremeceu, envergonhada, mas para mim era uma visão arrebatadora.
— Por favor. — Sua súplica foi um sussurro.
— Por favor, o quê? — Passei o dedo pelo decote, provocando-a. — Você causou isso. Eu só estou corrigindo.
— Você é um i****a.
— E ainda assim, sua família me vendeu você.
Desci dela e joguei o vestido em seu colo. — Use isso. Ou entre nua. Mas agora estamos atrasados.
Bufando, ela obedeceu. O vestido revelava mais do que escondia, e um sorriso de satisfação me escapou.
Quando saiu do carro, ajeitando os cabelos e tentando recuperar a dignidade, eu a alcancei e agarrei sua mão.
— Por que tem que ser tão teimosa? — Segurei firme, deslizando o anel de diamante em seu dedo. — Não existe noivado sem isso.
Ela encarou a joia com olhos marejados. Não sabia se estava impressionada ou apenas enojada. De qualquer forma, Sophia Torello não era como nenhuma mulher que eu já tivesse conhecido. Talvez fosse por isso que me intrigava tanto.
— É espetacular — ela sussurrou, os olhos fixos na joia. — Eu não esperava... quer dizer, eu não imaginava que você teria um anel.
— Era da minha mãe. Foi deixado para mim depois que ela... eu o herdei. — Forcei-me a afastar a lembrança, engolindo a pontada de dor. Não agora, não hoje.
— Não sou teimosa — disse ela quando entramos em casa, a voz quase defensiva. — Só estou nervosa.
— Nervosa? — Endireitei a postura enquanto atravessávamos o saguão amplo. — Você não é a pessoa que essas pessoas menosprezam. Ninguém acreditava que eu chegaria até aqui. Todos achavam que eu estaria morto antes dos vinte. Ainda não tenho o respeito deles, mas isso vai mudar.
— É mesmo tão importante assim? Por que alguém tão poderoso quanto você se importa tanto com o que eles pensam? Você não me parece um homem que precise da aprovação de ninguém.
— Você não sabe muito sobre o mundo em que cresceu, não é? — perguntei, lançando-lhe um olhar carregado de significados.
— Eu estava bem sem saber nada disso, mas agora estou sendo jogada no meio de tudo e não tenho certeza de nada. — Sua respiração saiu trêmula, como se o peso do futuro começasse a se assentar sobre os ombros.
— Então aperte os cintos, querida — respondi, com um meio sorriso sombrio —, porque seu mundo inteiro está prestes a mudar para sempre.
Ela desviou o olhar, apertando a barra do vestido entre os dedos.
— É disso que tenho medo.