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1993 Words
Andrew Deixar Sophia com aquela bruxa não me agradou. Havia algo em Tatiana Torello que me incomodava. Se ela e o marido não tivessem me interrompido, eu poderia estar no quarto de Sophia agora mesmo, pegando o que me pertencia. Não, eu precisava ser forte e aguentar até a noite do nosso casamento. Minha noiva tentava jogar duro, mas tinha medo de mim — e definitivamente não confiava em mim. Eu teria que mostrar a ela o que significava ser minha esposa. Gio estava encolhido em um canto perto da piscina, cercado por três mulheres. Acenei para que ele se aproximasse. Ele deixou sua nova comitiva e me seguiu até a casa, onde ficava o escritório de Marcel. Eu jamais aceitaria uma reunião tão crucial sem o apoio dele. Lionel, Mason e Sebastian já nos esperavam. Nenhum deles disse nada, mas todos me encararam. Por favor, aqueles advogados não eram páreo para mim. Sentei-me em uma cadeira próxima à porta, sem esperar que me oferecessem um lugar. — Maksim aprovou todos os termos, como tenho certeza de que lhe disse. — Marcel me entregou os contratos que descreviam nossos negócios legítimos. As coisas ilegais seriam tratadas com base no sistema de honra — nada disso poderia ser colocado por escrito. Li tudo com atenção antes de passar os papéis para Gio, para que ele também verificasse. Eu não duvidaria que aquela família tentasse nos enganar em algum detalhe. — Tudo parece em ordem. — Gio me devolveu os documentos. Assinei nas linhas apropriadas. — Quero que me enviem cópias amanhã de manhã. — Mason vai cuidar disso — disse Marcel. — Você as terá logo cedo. — Obrigado. — Recostei-me na cadeira. — Espero que esteja cuidando dos preparativos do casamento, não? — Minha esposa está organizando tudo, mas posso garantir que será perfeito. — Como Sophia está lidando com tudo isso? — perguntei. — Você acha que ela vai levar o casamento adiante? — Ela tem escolha? — Lionel retrucou. — Não vamos voltar atrás no acordo. — Eu não disse que fariam isso, mas sua prima parece um pouco assustada perto de mim. — As imagens dos olhos assustados dela enquanto eu arrancava aquele vestido preto me vieram à mente. — Você pode culpá-la? — o irmão mais novo me desafiou. — Sebastian — disse Lionel, com um tom de advertência. — Já conversamos sobre isso. Andrew se casar com Sophia faz mais sentido para ambas as famílias. — Mas não faz muito sentido para a Sophia, né? — Sebastian me lançou um olhar duro. — É melhor você não machucá-la. — Isso é uma ameaça? — Gio se aproximou. — Porque, se for, é meu trabalho cuidar disso. — Chega — interrompeu Marcel. — Andrew, você não precisa se preocupar com a Sophia. Ela vai se casar com você e não vai te dar trabalho. Duvido muito. — Depois que vocês se casarem, ela será responsabilidade sua — disse Marcel. — Não vamos mais contratá-la na empresa. É melhor que ela construa uma vida ao seu lado. — Dependendo dele — murmurou Sebastian. — Ela não vai precisar daquele trabalho miserável. — Lancei um olhar a Sebastian. — Eu cuido dela. — Ela não é o tipo de mulher que fica sentada o dia todo sem fazer nada. Ela tem esperanças e sonhos. Sophia quer ser... — Sebastian parou por um instante. — Sophia não é o tipo de dona de casa desesperada. — Ela vai ser o tipo que eu quiser — respondi friamente. Mason estava calado no canto, o único do clã que ainda não havia falado. Diziam que ele era o cérebro da operação — frio, calculista — e, aparentemente, com uma quedinha pela minha futura esposa. A julgar pelo modo como me olhou, ele não me aprovava. Marcel serviu um copo de uísque para cada um de nós, retirado de uma elaborada garrafa de cristal sobre a mesa, e distribuiu as doses. Imaginei que aquela fosse a parte em que selaríamos nossa aliança e brindaríamos ao meu noivado com um m****o querido deles. O problema era: se ela era tão importante, por que a entregariam a mim? Era óbvio que nenhum deles confiava em mim. — Há mais alguma coisa que você queira saber antes do casamento? — perguntou Marcel. — Tenho certeza de que, juntos, podemos responder a qualquer dúvida sobre a Sophia. — Posso perguntar a ela o que preciso saber. — Eu deveria ter parado por aí, mas os sorrisos presunçosos de “sou melhor que você” estampados em seus rostos me irritaram. — Só tem uma coisa. Dependendo da resposta, pode ser um fator decisivo. — O que seria? — Marcel arqueou uma sobrancelha. — Sua preciosa sobrinha é virgem? — Tá brincando comigo? — Mason deu um passo à frente. — Como consegue ser tão grosseiro? — Ele fala — murmurei, levantando-me. Gio se aproximou, em alerta. — Não acho que seja uma pergunta irracional. — É uma pergunta desrespeitosa — retrucou Mason. — Por que nos perguntaria isso? Está tentando humilhar a Sophia? — Mason — disse Marcel, erguendo a mão. — Se essa conversa for demais para você, pode sair. — Eu fico — respondeu Mason, entre dentes. — Alguém tem que cuidar dela. — Acredito que minha sobrinha seja pura — disse Marcel, firme. — Claro que não posso garantir, pois não fico com ela o tempo todo. Mas ela nunca teve um namorado sério. — A maioria dos caras tem medo da gente — acrescentou Lionel. — Essa é uma conversa que você deveria ter com ela. — É o que pretendo fazer. — Terminei minha bebida. — Se já terminamos, quero voltar para a minha amada. — Tem mais uma coisa — disse Marcel, antes que eu me levantasse. — Isso pode ser um acordo entre nós, mas a Sophia não é descartável. Espero que você a trate bem. O pedido me pegou de surpresa. Achei que a considerassem dispensável — principalmente depois da forma como a tia dela negociou o casamento. Tatiana basicamente me disse que Sophia seria minha para fazer o que quisesse. Disse que sabia que minha reputação não era das melhores e que a sobrinha se beneficiaria de um homem forte e dominante para colocá-la em seu devido lugar. Eu imaginava que Sophia fosse apenas uma garota mimada e descontrolada, mas agora não tinha tanta certeza. Tatiana Torello havia se colocado no meu radar. A maioria das pessoas tentava ficar longe do meu caminho, mas depois daquela conversa com o marido e os filhos, tive mais certeza do que nunca de que ela tinha uma agenda — e eu precisava descobrir por que isso incluía minha futura esposa. Gio e eu saímos do escritório, fechando a porta atrás de nós. — Correu tudo bem — disse Gio, pegando o frasco de uísque. — Está vazio. Vamos tomar uma bebida. — Vá indo. — Olhei ao redor da casa lotada. — Quero encontrar Sophia e dar boa noite. — Tem certeza de que é uma boa ideia? — Por que não seria? — Sua noiva não parecia muito à vontade com você. Talvez devesse considerar doses menores até o casamento. Não quer dar a ela um motivo para fugir. — Ela não vai fugir. A noite tinha sido esclarecedora. Sophia podia agir como se não quisesse ficar comigo, mas sua vida ali estava longe de ser perfeita. Aqueles parentes podiam tê-la acolhido quando criança, mas não me parecia que a aceitassem por completo. Eu poderia afastá-la deles, se fosse isso que ela quisesse. O problema era: por que eu me importava? — Estarei no bar — disse Gio. — Te encontro lá em vinte minutos. — Abri caminho por entre a multidão reunida para celebrar meu noivado. Poucos se importavam de verdade; o que queriam era saber como poderiam se beneficiar da união. Alguns ficariam decepcionados — eu não tinha utilidade para todos. Depois do casamento, com a rede Torello ao meu lado, eu revisaria a lista e decidiria quem valia a pena manter. Ao passar pela cozinha, algo me disse que Sophia não estava lá fora. Subi a escada dos fundos e fui até o quarto dela, no final de um corredor longo e isolado. Será que ela havia passado a vida inteira assim — afastada? O corredor estava m*l iluminado, mas encontrei a porta sem dificuldade. Estendi a mão para a maçaneta, mas hesitei. Devia bater? Claro que não. Por que faria isso? Girei a maçaneta e entrei. — Que diabos? — Sophia gritou da cama. — O que você está fazendo aqui? — Procurando você. — Fechei a porta atrás de mim. — O que está fazendo aqui em cima? — Nada. — Ela se levantou da cama e colocou a taça de vinho na mesinha de canto. — Já estou farta da festa. Ela ainda usava o vestido, mas estava descalça. As unhas dos pés, pintadas de prata, brilhavam sob a luz suave, e havia uma pequena tatuagem de coração na parte interna do tornozelo direito. — Como foi o encontro com meu tio? — Sem incidentes. — Dei um passo à frente, e ela recuou. — Não faça isso. — Fazer o quê? — Recuar quando eu chego perto de você. — Fechei o espaço entre nós. — Eu não gosto disso. — É instintivo. — Você estava chorando? — Passei o polegar sob seu olho, limpando o rímel borrado. — Não. — O que eu disse sobre mentir? — Você se importaria mesmo se eu chorasse? — Ela se sentou na beira da cama. — Você é como todo mundo aqui. Não se importa com o que eu quero ou preciso. — Você está errada. — Encostei-me na porta, porque não confiava em mim mesmo para sentar ao lado dela. Eu queria tocá-la — e tocar levaria a beijar, e beijar levaria a muito mais. — Eu não sou como ninguém aqui. — Tanto faz. Cerrei o punho, tentando conter a raiva. Se eu a atacasse agora, jamais conquistaria sua confiança. Mas também não permitiria que me desrespeitasse. — Cuidado com o tom. — Mantive a distância. — Não quero ter que te colocar no seu devido lugar esta noite. — Pode ir agora — ela disse. — Está me dispensando? — Ri, porque ninguém nunca havia falado comigo assim. — Já estou farta de você essa noite. — Sei que isso é demais para você. — Quebrei minha própria regra e fechei a distância entre nós. — Nós dois vamos ter que nos adaptar. Então sugiro que você colabore... ou vai se arrepender. — Não me ameace. — Te ameaçar? — Enfiei os dedos em seus cabelos e puxei sua cabeça para frente. — Não subestime o controle que estou exercendo agora. Apertei um pouco mais, fazendo-a gemer. — Eu não ameaço. — Me solta. — Ela lutou contra mim, mas puxei seus cabelos de novo, forçando-a a ficar parada. Ela não fazia ideia do que sua resistência despertava em mim. — O que eu realmente quero é te fazer ajoelhar, enfiar meu p*u nessa sua boca atrevida e gozar na sua garganta. Ela engasgou. — Não me provoque. — Soltei o cabelo dela e dei um passo para trás. — Não sou um homem que perdoa, mas vou deixar você resolver as coisas essa noite. Não quero começar esse casamento brigando com você. Depende de você como vamos prosseguir. Ela não respondeu — o que provavelmente foi a decisão mais sábia. Eu não sabia por quanto tempo conseguiria manter o controle quando se tratava dela. Esse casamento não poderia chegar rápido o suficiente. Duas semanas até que eu pudesse finalmente tomá-la como minha. Será que eu aguentaria tanto tempo? — Entrarei em contato. Bons sonhos, querida. — Saí do quarto e fechei a porta atrás de mim. Enquanto caminhava pelo corredor, ouvi o som de vidro quebrando contra a porta. Minha garota tem coragem.
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