Terror narrando:
Acordo com o rádio apitando, um chiado que já tô mais que acostumado. Me sento na cama, passo as mãos no rosto, tentando tirar a névoa do sono. Nem sei quanto tempo eu apaguei, mas foi o bastante pra dar uma renovada. O corpo tá firme, a mente mais afiada, preparado pro que vier.
Olho em volta, o quarto ainda escuro, só a luz fraca do corredor iluminando a porta entreaberta. O silêncio do barraco, aquele tipo de paz que a gente sabe que não dura. Dou um suspiro, estico o braço, pego o rádio e espero a próxima instrução, já pronto pra entrar na batalha que for.
O rádio volta a apitar com aquele chiado grave, e pela voz já dá pra saber que é o Renan, sempre com o tom ligeiro, mas direto.
Rádio On:
Renan: Terror, cadê tu, irmão?
Terror: Tô aqui, pô, o que tá mandando? — seguro o rádio firme, mantendo a voz calma, mas já atento a cada palavra.
Renan: O irmão informou que tão preparando pra invadir. — dá um intervalo curto, como quem tá conferindo se a informação é quente.
Terror: Jaé, reúne os soldados no galpão — respondo sem pestanejar. Nessa altura, todo mundo já tem que tá posicionado.
O som do rádio apita uma última vez com um chiado, seguido do silêncio. Seguro o aparelho na mão, olhando pra frente, a mente já fazendo o plano.
Renan: Fé.
Terror: Fé.
Rádio Off:
Vou pro guarda-roupa, puxo uma muda de roupa e, sem perder tempo, entro no chuveiro pra uma ducha rápida. Sigo minha rota saindo do barraco, e os seguranças já me acompanham de perto, atentos. No caminho, ao passar pela padaria da mãe da Stefany, avisto a irmã do RD trocando ideia com a enfermeira.
Queria manter o foco e seguir em frente, mas como é que ignora um espetáculo de mulher desse? Instintivamente, diminuo a velocidade, passando devagar só pra apreciar a visão. Não tô morto, né? Olho mesmo, sem pudor. Sinto o olhar dela cruzar com o meu, e então ela da uma jogada de cabelo e virando o rosto, deixando escapar um sorrisinho de canto. Filha da puta...
Dou uma acelerada na moto, puxando de uma roda só, buzinando enquanto deixo o rastro da minha presença. Olho pra trás só pra ver a reação dela, e lá está ela sorrindo pra Any, enquanto n**a com a cabeça. Como se não concordasse com o que fiz agora.
Mas fiz pra chamar atenção dela e consegui. Gostosa pra c*****o! Tá maluco...
Chego no galpão, e só quem tá na entrada é o Narizinho. Ele me vê e já faz um sinal com a cabeça, e a gente troca aquele toque de sempre.
Terror: Geral aí?
Narizinho:Tá todo mundo te esperando, patrão.
Terror: Pode crer.
Entro na sala, todos os olhos em mim. Sem enrolação, já mando o papo reto.
Terror: Seguinte, quero cinco vapores levando as drogas e o armamento pro lugar de sempre. Nada de deixar os bota botarem as mãos no nosso arsenal, tá ligado?
Dou uma pausa, observando cada um deles, e às reações. Esses p*u no cu querem a minha cabeça, droga, armamento e dinheiro. Só que vão sair de mãos abanando.
Terror: Presta atenção! Quem tiver na p***a da linha de frente, se liga. Quando ouvir o barulho de fogos é pra focar no bagulho, quero os atiradores nas lajes, prontos pra dar cobertura. Não é pra dá mole, foca na p***a do movimento deles.
Terror: As drogas e o arsenal é prioridade! DN, você e o Bola ficam responsáveis por despachar tudo do mesmo jeito de sempre. Fiquem de olho, não deixem eles pegarem nada se não vai tá na conta de vocês.
DN:Pode deixar, patrão. A gente faz isso agora mesmo.
Renan:É isso aí, p***a! Vamos espantar esses otários da nossa favela!
Bola:E os moradores, chefe? O que a gente faz?
Terror:Bola, dá o toque de recolher pros moradores. Quero ninguém pôndo pra fora.
Terror: Quando começarem a invadir, vocês sabem o que fazer. Puxem as barricadas, usem as granadas. Aumentem o cerco pra encurtar esses filho da p**a.
Narizinho:Tamo junto, patrão. Vamos expulsar esses comédia na bala
Terror: Os que vão estar na estão na retaguarda, quero vocês posicionados nas esquinas. Não dá espaço pros caras se aproximarem. Atirou, é pra derrubar, sem errar a p***a do alvo.
Sorriso: Tá mec
Terror: É isso que eu gosto de ouvir! Tamo junto, p***a?
Todos: Tamo junto!
A voz deles ecoa pelo galpão, firme e carregada de determinação.
Terror: Então, vamo pra cima com tudo. É hoje que a gente bota esses vermes pra correr! Aqui é nosso território, tamo em casa p***a. Não vai ser fácil pra eles, entendeu?
Narizinho: Vai ser só bala, patrão. Esses comédia vão sair daqui fudido.
Terror: Então tá feito, geral ligado e no esquema.